Terminou com a festa escolar a série de homenagens prestadas pela população de Cachoeira ao nosso grande Poeta.
A festa, como todos sabem, realizou-se no Coliseu às duas horas da tarde com extraordinária conferência, constando de cânticos patrióticos e canções, cânticos escolares sendo todos enormemente aplaudidos.
Por fim foi Olavo Bilac conduzido por gentis senhoritas ao proscenio, onde a inteligente professora do Colégio Elementar, senhorita Natércia Cunha fez-lhe uma eloqüente e patriótica saudação, terminando por dizer-lhe em perfeita declamação, o seguinte soneto da lavra da nossa distinta conterrânea, exma. Sra. D. Cândida Fortes Brandão a notável educadora e diretora do Colégio Elementar desta cidade:
OUVINDO BILAC
Que estranhas vibrações acordam-te na voz
E que sagrado fogo inflama-te a palavra.
Ao verberar a treva, a inanição que lavra
Na hodierna geração, de tão nobres avós
Bardo, prendeste à lira as cordas do civismo
E, tocando a rebate uma nação inteira
Eletrizada empós levas dessa Bandeira
Que agitas, em penhor da honra e do heroísmo!
E, quando um estrangeiro – um neto de Cambrone,
Um dia, ao visitar desta raça o renovo
De tua estátua em frente interrogara o povo,
Descobrindo-se altivo o atleta cicerone
Dirá com emoção: - Bilac, forasteiro! ...
Foi glória e salvação do nome brasileiro!
Cândida Fortes Brandão
Cachoeira do Sul, 17 de outubro de 1916.
Quando terminou a festa escolar, já eram mais ou menos horas da partida do trem que devia levar à Santa Maria o nosso glorioso visitante.
À frente do Coliseu, formou-se então, uma extensa ala de senhoritas por onde passou Bilac, delirantemente aclamado, sob uma chuva de pétalas de rosas, sendo daí acompanhado pela multidão que o cercava, à gare da Estação de Ferro. À frente do enorme cortejo ia o idolatrado poeta de braço dado com duas galantes meninas, comovido e radiante.
O alto da estação ficou inundado de povo que transbordava da gare e do edifício, sempre tributando as maiores manifestações de carinho.
A hora da partida, Bilac foi colossalmente abraçado e aclamado, parecendo que partia da cidade um diletíssimo filho.
O trem, então, começou a abalar muito vagarosamente, porque a linha estava apinhada de povo; e com esse vagar andou até sumir-se na volta da estrada, de onde o Poeta, da plataforma do último carro agitava o lenço de despedida correspondendo aos centenares de lenços agitados pelas mãos da multidão de senhoras, senhoritas, crianças e homens que precipitando-se na linha acompanhar o trem até quase a saída do recinto da estrada, em meio às mais efusivas exclamações.
No dia seguinte Olavo Bilac dirigiu um telegrama múltiplo a um avultado número de pessoas desta cidade, nestes termos:
“Saudades toda população Cachoeira.
Agradecimentos.
O grupo das camponesas que tão agradavelmente impressionou o poeta, dirigiu-lhe o seguinte telegrama:
Olavo Bilac
Guarda carinhosamente o coração que nos arrebataste.
As camponesas
Tiveram a seguinte resposta:
Às camponesas, todo o coração agradecido de Olavo Bilac.
Damos a seguir o programa da festa escolar, no “Coliseu Cachoeirense”, oferecida a Olavo Bilac, pelo Colégio Elementar “Antônio Vicente da Fontoura”.
Colégio Elementar, posteriormente Complementar. Funcionava onde era o Teatro Municipal. Hoje é o Colégio Estadual Antônio Vicente.
Cortesia Museu Municipal
I. Hino à Bandeira, letra de Olavo Bilac e música de F. Braga, cantado pelas alunas: Ermozilla Scott, Cecília Fortes, Rosa Wolff, Alzira Costa, Rufina Borges, Ziloca Araujo, Angelina Salzano, Maria Leão, Iwoneta Araújo, Celina Araújo, Conceição Soares, Maria Baros, Hermelinda Pohlmann, Orcalina e Heronita Brum, Luiza Wolff, Gonçalina Vianna, Maria Bittencourt, Mail Fortes, Dora Oliveira, Alzira Ferreira, Olívia Sampaio, Adalcira Leal, Zenny e Bellinha Pinheiro, Diva Xavier.
II. Saudação, de C.F.B*., pela senhorita Angelina Salzano.
III. Me compra yoyô, cançoneta pela jovem Ziloca Araújo.
IV. Versos a Bilac, de C.F.B**., pela menina Zenny Pinheiro.
V. “Frêmito de amor”, valsa cantada pelas jovens: Horaida e Zenny Pinheiro, Iwonetta e Celina Araújo, Maria Leão, Consuelo Lopes, Rufina Borges, Maria B. de Araújo, Clotilde Martinez, Carmem Krieger, Maria Ferreira e Mail Fortes.
VI. “Coliseu”, monólogo de Waldemar Santos, pela menina Horaida Pinheiro.
VII. “Canção à lua” pelas jovens acima indicadas.
VIII. Coro dos Meses, pelas mesmas.
IX. Uma surpresa, pela pequenita Carmem Barbosa.
X. “A Pátria”, poesia de Olavo Bilac, pela aluna Gonçalina Viana.
XI. Ouvindo Bilac, soneto de Cândida Fortes Brandão, pela aluna mestra, senhorita Natércia Cunha.
Abrilhantaram o festival a orquestra do Coliseu e a banda musical Estrella Cachoeirense.
Curiosidade: Diploma do Colégio Elementar.
Continua ...
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