Orgulho!

Orgulho!

domingo, 25 de outubro de 2015

Aqueles filmes escondidos ...

Não têm gatas em tapetes vermelhos, não custaram fortunas, não são blockbusters, passam despercebidos e são ... EXCELENTES!

De Diego Quemada-Diez
Tema: imigração

De Joon-no Bong
Tema: a Terra está congelada, os sobreviventes estão confinados num trem que corre
pelos trilhos ininterruptamente, mas atenção - há uma 'pirâmide social' dentro dele ...
Do palestino Hany Abu-Assad
Tema: o conflito palestino-israelense 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

In the father's den [Um refúgio no passado] - FILME

"Um dia, em uma cidade no fim do mundo ...
 a maré se esvaiu e jamais retornou
O mar sumiu sem aviso
Primeiro, as pessoas só estranharam.
Elas continuaram fofocando e brigando pelas coisas de sempre.
Mas logo um silêncio começou a permear a cidade
Um deserto inacreditável estava se formando perante todos."
[...] 




Há um filme neozelandês, muito pouco conhecido e quase despercebido chamado 'Um refúgio no passado'.
Nesses dias meditabundos, acabei revendo esta obra-prima, densa, onde se destacam a história [trágica], os atores, a trilha sonora, os diálogos, a paisagem, a poesia, o intimismo.



É um filme forte mas que deixa atrás de si um espectador que fica pensando, pensando, pensando ...



Esperança

Sua mente é um cemitério,
seu coração é uma ilha
Ela e eu não somos boas amigas,,
mas eu a conheço a vida toda.
Ela senta-se em minha barriga,
vazia e distante ...
mas suas palavras de encorajamento 
não me ajudam.
Eu sei de seus truques,
suas falsas promessas.
"Vá embora", eu lhe digo.
"estou ocupada, tenho o que fazer".
Mas esta conhecida
nunca sabe quando partir.
Não é uma questão,
de por que ela me quer bem.
É mais uma questão
de por que eu a deixo ficar.

Poema lido pela personagem Celia, interpretada por Emily Barclay.
Nos créditos do filme aparece Fiona Tuomy, como autora do poema 'Poem for a lonely friend'.


Matthew MacFadyen e Emily Barclay em diálogos e paisagens que nos emudecem
[...]
As semanas passaram
e ainda não havia sinal do mar.
[...]
a terra sossegada,
outrora fértil ...
tornara-se dura e inacessível.
[...]
Mas ninguém, nem mesmo por um instante
para de se perguntar
por que o oceano sumira.
[...]
E as pessoas sozinhas, não tiveram escolha ...
a não ser encararem
umas às outras e sua perda.
Elas criaram um lar
em um novo ambiente ...
mas era um que mudara para sempre.
Elas aprenderam a viver
no espaço que o mar deixara ...
apesar de ele permanecer em seus sonhos.



A obra foi premiada no British Independence Film Awards e no Festival Internacional de Toronto.
Papéis marcantes são também interpretados por Miranda Otto, Colin Moy e Jodie Rimmer. 

Justiça seja feita, o diretor, os atores só merecem elogios.
O autor da trilha sonora impressionante é Simon Boswell.
O diretor, Brad McGann, infelizmente nos deixou cedo, aos 43 anos, vitimado por câncer.
Confira esta obra da sétima arte!



Trilha sonora de primeira!


                                        
                                                         Take everything de Mazzy Star



Kiri te Kanawa, Chants d'auvergne series 1 Baileiro, The English Chamber Orchestra
Segundo informação obtida, a música Baileiro é cantada no dialeto Occitan, 
ainda falado no sul da França.


 Full of stars, Turin Brakes


Horses, Patti Smith (cantora punk)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

RUDI STEPHAN, O JUNGDEUTSCH QUE A PRIMEIRA GRANDE GUERRA LEVOU!

RUDI STEPHAN, o promissor músico alemão do movimento - Jungdeutsch, proto-modernista, influeciados pelo romantismo de Richard Strauss e o impressionismo de Debussy.


À medida que vou descobrindo 'coisas', acabo tendo alegrias e tristezas. Ao pesquisar sobre a Filarmônica de Berlim, o seu (futuro) regente (a partir de 1918), o russo Kyrill Petrenko, citou um nome que segundo ele, era muito pouco conhecido por ter morrido precocemente - Rudi Stephan.
Morrido?
Ele foi 'matado' na estúpida Primeira Guerra Mundial, aos 28 anos!
Rudi nasceu na Wormser Luisenstrasse, Worms, Renânia Palatinado,Alemanha em 29 de julho de 1887.
Estudou música, incentivado pelos pais,  em Munique e como incontáveis jovens, Rudi apresentou-se ao serviço militar da Primeira Guerra Mundial.
Quatro semanas mais tarde, ele caiu em Tarnopol, Galícia, em 29 de setembro de 1915.
Desde a tenra idade, o jovem compôs os primeiros "Stücke für ..", como ele intitulou simplesmente todas as suas obras. 
Stephan criou canções , obras instrumentais e também uma ópera. 
Depois de sua morte prematura e estúpida (no cômpito duma guerra ele foi só um número, uma estatística), seu pai Charles levou as composições originais inéditas para a biblioteca da cidade de Worms para custódia.
E então anos mais tarde adveio uma guerra ainda mais terrível. Em 1945 seus manuscritos foram destruídos por um bombardeio da Grande Aliança, restando somente algumas obras.
Em 2015, Worms marcou o 100º aniversário do seu homônimo e o Rudi-Stephan Gymnasium lançou uma série de concertos em cooperação com a cidade de Worms e sua sociedade de músicos.

Rudi Stephan, o jovem e promissor músico da nova geração alemã, morto na I Guerra Mundial com uma bala na cabeça.



ALAN MATHISON TURING, PAI DA CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Enciclopédia Larousse Cultural

Matemático inglês, elaborou em 1936, o conceito de máquina abstrata, dita máquina de Turing, base da teoria dos autômatos e da calculabilidade: representada por uma sucessão de instruções que agem sequencialmente sobre valores de entrada e fornecem valores de saída, serve para formalizar o conceito de algoritmo.
Só? Só. Vergonhoso!

Turing aos 15 anos, na Westcott House Sherbone School
Turing nasceu em Maida Vale,  Londres, em 26 de junho de 1912.

Matemático, Lógico, Criptoanalista e cientista da computação, Turing era um gênio. Ao criar a Máquina de Turing, reformou os conceitos sobre algoritmos. Estudou em Cambrige, como bolsista da Kings College. Colou grau em Matemática com distinção.

À esquerda Turning, com colegas.

No auge da guerra da Grã-Bretanha contra a Alemanha, Hitler infernizou comboios de cargas, de passageiros, navios de guerra, submarinos e tudo que se movesse no Atlântico cuja saída ou destino pudessem ser as ilhas britânicas E/OU países aliados. As comunicações nazis faziam-se através de uma máquina que enviava mensagens CRIPTOGRAFADAS chamada ENIGMA.

O general Heinz Guderian com suas tropas e uma ENIGMA funcionando a pleno vapor







































Turing e mais uma equipe de especialistas conseguiram QUEBRAR o código da máquina alemã, interceptando a partir de então as mensagens e com isto evitando a avalanche de perdas humanas e materiais que tiravam o sono de Churchill, dos ingleses e dos aliados.
Turing foi direcionado para o quartel da GC& CS em Bletchley Park. A partir de uma máquina decodificadora polonesa, Turing projetou a BOMBA ELETROMECÂNICA, "BOMBE", um equipamento eletromecânico que ajudaria a decriptar as mensagens do ENIGMA e que foi montada em 1940. Novas BOMBAS foram construídas após Turing e sua equipe pedirem apoio a Winston Churchill e mais de duzentas operavam ao fim da Guerra em 1945. Turing também introduziu sua equipe em Bletchley Park, ao matemático Tommy Flowers, que em 1943 projetou o Colossus, um computador primitivo que ajudou a decodificar outra máquina criptográfica alemã, o LORENZ.


Bomb Machine
Turing era homossexual, numa sociedade doentemente hipócrita e intolerante. O homossexualismo era proibido!
A sua homossexualidade produziu um processo criminal em 1952. Para não ser preso aceitou 'um tratamento que previa CASTRAÇÃO QUÍMICA' com hormônio feminino. Seu corpo começou a apresentar mudanças, como crescimento de seios.
Humilhado em público, foi impedido de acompanhar estudos sobre computadores.
Morreu em 7 de junho de 1954, às vésperas de completar 42 anos, em circunstâncias não bem esclarecidas, supostamente suicidou-se.


Benedict Cumberbatch dá um SHOW de interpretação!

O Perdão (?) chegou QUASE SESSENTA ANOS DEPOIS, quando o Primeiro Ministro Gordon Brown assinou o documento.

God save the Queen!

TAGS INGLESES: Guerra do Ópio (contrabando de ópio para dentro da China), Guerra dos Boxers (rebelião massacrada com decapitação dos líderes), destruição do Palácio de Verão Imperial Chinês, Guerra dos Böers, submissão humilhante da Índia ao Império britânico, Irlanda quase morta de fome (crise da batata) inclusive pela aplicação ortodoxa das lições de Adam Smith, Guerra das Malvinas, apoio incondicional à política imperialista dos EUA, etc, etc, etc, etc.






quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Johann Heinrich Vogeler, um talentoso artista quase desconhecido!

Há alguns dias deparei-me com a obra de JOHANN HEINRICH VOGELER.



Vogeler, aos 23 anos.
Nascido em Bremen em 12 de dezembro de 1872, faleceu num lugar de impronunciável nome: perto de Korneyevka, Qaragandi, Cazaquistão.
Surpreendida pela beleza das sua obra, fiquei aguçada sobre o fato dele ter morrido num lugar tão distante.

O longínquo Casaquistão, tão longe do Brasil e tão perto da China!

Pintor, artista gráfico, arquiteto, desenhista, professor, escritor e ... socialista!
Ele era o membro mais jovem de um antigo grupo de pintores em Worpswede onde ingressou em 1884. depois de terminar seus estudos na Academia de Düsseldorf.

"É uma terra estranha. Quando se está de pé sobre a pequena elevação de areia de Worpswede, pode-se vê-la em todo o seu entorno, em sua extensão ... Ela se espalha no plano, quase sem sulcos, e os caminhos e leitos de água conduzem para longe, no horizonte. Ali começa um céu de indescritível mutabilidade e grandeza. Ele se reflete em cada folha. Tudo parece se ocupar dele; ele é onipresente."

Com essas palavras, o poeta Rainer Maria Rilke descreveu em maio de 1902 a pitoresca paisagem de pântanos em torno de Worpswede. Worpswede situava-se então isolada do mundo exterior, no meio do assim chamado "Teufelsmoor" ('o pântano do diabo"). Os moradores levavam uma existência dura e pobre, sobrevivendo da turfa extraída dos pântanos e vendida em Bremen. "Todos têm o mesmo rosto: o rosto duro e tenso do trabalho", diz o autor, "o coração fica espremido nesses corpos e não consegue se expandir ... E agora, diante dos jovens vindos para se encontrarem a si mesmos, estavam expostos os muitos enigmas dessa terra. As bétulas, as casas rústicas, as charnecas, as pessoas, as noites e os dias, dos quais não há dois iguais e nos quais também não duas horas que se possam confundir. E agora eles começavam a amar esses enigmas."
[Expressionismo Alemão, Cadernos de História, Memorial do Rio Grande do Sul, W. Herzogenrath e K. Erling].


Artistas de Worpswede, 1895. Vogeler é  primeiro, à esquerda.
Worpswede - o nome da pequena localidade nas proximidades de Bremen está indissociavelmente relacionado à colônia de artistas lá estabelecida. Worpspede é sinônimo de imagens carregadas de sentimento da paisagem nórdica. Mas é igualmente sinônimo do movimento de ruptura de jovens artistas, com seu distanciamento dos tradicionais temas acadêmicos. Guiados pela visão da natureza como mestra, Fritz Mackensen, Otto Modersohn, Heinrich Vogeler, Fritz Overbeck e Hans am Ende deixaram seus ateliers na cidade e mudaram-se para o campo. Eles empreenderam a tentativa de viver, trabalhar e publicar em conjunto, o que resultou na criação da sociedde de artistas e em exposições coletivas.
[Expressionismo Alemão, Cadernos de História, Memorial do Rio Grande do Sul, W. Herzogenrath e K. Erling].
Aspecto da Worpswede atual. Atenção: não é pintura, é de verdade!!!! Maravilha!!!
Aos 25 anos (1897), participou de uma exposição internacional de arte em Dresden. 
Na virada do século, Vogeler tinha se transformado num dos mais importantes representantes da arte alemã Jugenstil. Em particular, seu trabalho como artista gráfico e designer lhe rendeu fama nacional e internacional.
Aos 29 anos aconteceu o casamento com Martha Schröder. Com ela, Vogeler teve duas filhas, Marie-Luise e Bettina.
Como voluntário, em 1914 alistou-se no exército vindo a atuar como pintor militar. Em 23 de janeiro de 1918 escreve uma carta ao Kayser intitulada 'Conto de amor a Deus', carta de protesto e apelo pela paz. Seu serviço militar termina. Vogeler agora pacifista convicto e socialista passa a ser vigiado. 
Antifascista, Vogeler vai para Moscou em 1931. Empenha-se na arte e na literatura para a construção do verdadeiro socialismo. É contrário à ditadura nazista.
Seu trabalho teve um caráter expressionista que refletia suas convicções políticas.
A partir de 1923, Vogeler realiza várias visitas regulares a Moscou.
Em 1923 nasce Jan Jürgen, filho do seu relacionamento com Sonja, uma comunista filha do político espartaquista polonês Julian Balthazar Marchelewsky.
Em 1924 muda-se para Berlim antes de migrar para a URSS em 1931. Em 1924 divorcia-se de Martha Schröder.
Em 1941, com o início da Operação Barbarossa todos os alemães em terras russas tornam-se inimigos. Assim aconteceu com os descendentes dos imigrantes alemães que durante o reinado da czarina iluminista Catarina II foram parar na região do Volga. Por ordem de Stálin foram todos deportados para a Sibéria e poucos escaparam vivos para contar a história.
Logo após a invasão alemã, Vogeler foi deportado para o Casaquistão. Debilitado pela viagem, pelas privações, pelo trabalho forçado morre em 14 de junho de 1942, pobre, mal nutrido, quase anônimo, num hospital.
Esta perda terrível soma-se às tragédias sem fim da segunda grande guerra. Como foi possível o autor de obras tão lindas morrer neste vácuo de estupidez. Lembrei-me de Van Gogh que vendeu somente uma obra em vida, do corpo de Mozart ter sido jogado num buraco coletivo. 
Nosso mundo é mesmo estranho.


Dreams

Saudade

Spring Time

A anunciação

Barkenhoff in der Sohne

Frühling

Liebe

Lovers

Noite de luar no deserto do Uzbequistão

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

SEGUE IMPIEDOSA E METÓDICA, A DESTRUIÇÃO DE PALMIRA, LOCAL TOMBADO PELA UNESCO COMO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

O Departamento de Antiguidades e Museus informou nesta segunda [5 de outubro de 2015], que o Estado Islâmico explodiu o famoso Arco do Triunfo, de 2000 anos, localizado em Palmira, local tombado pelo Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Vista aérea de Palmira
Em meados de agosto milicianos executaram Khaled al Assad, que exerceu por cinquenta anos o cargo de chefe de arqueologia de Palmira. Foi acusado, entre outros absurdos, de ter escondido tesouros culturais dos extremistas.
Fonte e imagens: DW

Avenida ligada a estradas por onde circulavam temperos,  perfumes, pedras preciosas e outros tesouros
Anfiteatro
A Associação de Arqueologia da Síria diz que mais de 900 monumentos e sítios foram saqueados, danificados ou destruídos.

Situação do Templo de Baal-Shamin: DESTRUÍDO

Situação do Arco do Triunfo: DESTRUÍDO
Situação do Templo de Bel: DESTRUÍDO

domingo, 4 de outubro de 2015

Brahms Rhapsody (Maura Moreira), com regência de Robert Wagner




Maura Moreira (contralto) - Coro e Orquestra Sinfônica de Innsbruck, sob a regência de Robert Wagner.
Rapsódia para contralto, coro masculino e orquestra, Opus 53 de Brahms.
Texto: fragmento da "Viagem Invernal ao Harz" (Harzreise im Winter) de Goethe.

Em 1959, Maura Moreira, um dos grandes nomes da arte lírica brasileira, passou o seu primeiro período da residência na República Federal da Alemanha, contratada pela Ópera de Ulm. Foi nesse país que passou posteriormente a desenvolver grande parte de sua carreira, sobretudo depois que se tornou membro do corpo da Ópera de Colônia, em 1961. É nesse país que hoje passa os seus últimos anos, vítima de doença que lhe roubou a memória.

Maura Moreira é desconhecida pela maioria dos brasileiros.


O AFEGANISTÃO SEGUE SANGRANDO ...

O sofrimento do Afeganistão parece não ter fim

"Nos primeiros anos da minha juventude eu já tinha uma grande admiração pelo Afeganistão. Conhecia dele a estonteante paisagem geográfica exposta em velhas revistas da National Geographic.
Algumas vezes pensei que este seria um país que um dia eu teria interesse em conhecer assim como a Pérsia, cujas cidades famosas, Pasárgada, Persépolis e Susa sempre me atraíram, perdidas naquela paisagem inóspita iraniana.
Decorridos os anos, um dos sonhos parece que acabou. O belo Afeganistão está destruído. Milhares de afegãos fogem desesperados de seu país em guerra, um sofrimento que parece não ter fim.
Permanece o sonho do Irã, a antiga Pérsia. Um país teocrático com regras espartanas, mas que me parece ser seguro para um turista. Talvez estranharia a exigência do uso do véu, mas quem vai se importar com um véu ao se deparar com este país fascinante?"
[RES]

Fotos quase inacreditáveis dum Afeganistão "normal". 
Não que considere o uso de roupas ocidentais "normal" e as típicas do país, "anormal".
Normal naquele sentido, um país em busca do seu lugar ao Sol.

Estudantes de Medicina da Universidade de Cabul

Estudantes da Universidade Politécnica de Cabul

Do lado de fora do prédio da Rádio Cabul, 1961

Encontro informal de estudantes em Cabul, 1981

No dia 24 de dezembro de 1979, blindados do exército da URSS invadiram o Afeganistão sob o pretexto de garantir o cumprimento do Tratado de Amizade e Cooperação, assinado em 1978.

Enquanto se aproximava a meia-noite de 23 para 24, os soviéticos organizaram também uma formidável ponte-aérea com destino à capital Cabul, que seria desencadeada horas depois, envolvendo aproximadamente 280 aviões de transporte de tropa e cerca de três divisões com cerca de 8500 homens cada. Em poucos dias, os soviéticos já controlavam toda a cidade, tendo deslocado uma unidade especial para tomar de assalto o palácio governamental de Tajberg. Membros do exército afegão leais ao presidente Hafizullah Amin opuseram uma feroz, porém breve, resistência.

Ahmad Shah Massoud, o Leão de Panjshir. Formado em Engenharia pela Universidade de Cabul,
foi Ministro da Defesa do Afeganistão. Lutou contra a invasão russa e posteriormente contra os talibãs, como um dos líderes da Aliança do Norte. Foi assassinado por um "falso fotógrafo", aos 48 anos, dois dias antes do ataque às Torres Gêmeas.

O "Vietnã" russo
O interesse pelo Afeganistão remonta aos tempos da Rússia tzarista, devido ao interesse geo-estratégico, especialmente na saída para o Mar da Arábia. Em 1972, assistentes soviéticos foram enviados para treinar as forças armadas locais. Em 1978, os governos assinaram um acordo que permitiu o envio de 400 consultores soviéticos. Em dezembro do mesmo ano, a URSS e o Afeganistão assinaram o tratado de cooperação, que permitia a entrada de tropas soviéticas caso o governo afegão solicitasse.
Como o regime de esquerda do Partido Democrático Popular do Afeganistão havia se tornado dependente dos equipamentos militares e da assessoria soviética, e sentindo-se ameaçado por forças de oposição interna e de países vizinhos, autorizou formalmente o ingresso do exército soviético.
O fértil Vale do Bamiyan

Os soviéticos invadiram o Afeganistão para derrocar o presidente Hafizullah Amin, que não tinha conseguido enfrentar os mujahedin, inimigos da URSS ateia. Amim foi substituído por Babrak Karmal. A URSS justificou a invasão com a necessidade de preservar o regime esquerdista afegão de seus inimigos internos e externos e manter a "paz na Ásia Central".
Jogo de críquete. Herança inglesa?

Em 27 de dezembro, Karmal, líder exilado da facção Parcham do Partido Democrático Marxista do Povo, foi empossado como novo chefe de governo do Afeganistão. Simultaneamente, forças terrestres soviéticas vindas do norte avançavam sobre o território afegão.


A pavorosa burka
Os soviéticos, entretanto, viram-se diante de uma forte resistência quando avançaram para o interior. Os combatentes da resistência chamados de mujahedin viam os soviéticos ateus controlando o Afeganistão como uma profanação ao Islã, bem como sua cultura tradicional. Proclamando a jihad (guerra santa) contra os invasores, eles ganhavam o apoio do mundo muçulmano.


Os mujahedin empregaram táticas de guerrilha contra os soviéticos. Atacavam de surpresa em emboscadas para desaparecer em seguida entre as montanhas e grutas de uma geografia excepcionalmente complicada, causando grande destruição, importante quantidade de baixas e uma pressão psicológica elevada, sem que os guerrilheiros sofressem perdas ao evitar as batalhas campais. Os combatentes afegãos valiam-se de armamento capturado dos soviéticos e, principalmente, do MATERIAL BÉLICO QUE OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA lhes forneciam.

O curso da guerra mudou definitivamente quando Washington passou a abastecer os mujahedin, a partir de 1987, com mísseis antiaéreos STINGERS, facilmente transportados e disparados dos ombros dos combatentes. Esse armamento permitiu-lhes abater regularmente helicópteros e aviões que voavam a baixa altitude.


Míssel antiaéreo Sting

Em 15 de fevereiro de 1989 o último soldado russo cruzou a fronteira de volta ao seu país por decisão de Mikhail Gorbachev. Já em 1988, desmoralizadas, as forças soviéticas haviam começado a deixar o campo de batalha.




A URSS perdeu 15 mil soldados mortos, sem contar os milhares de feridos. O impacto a longo prazo foi profundo. Primeiro, os soviéticos jamais se recuperaram das perdas em termos de imagem pública internacional e dos dispêndios financeiros, fatores que contribuíram significativamente para o fim da URSS em 1991.

Por outro lado, criou um terreno fértil para a ascensão de Osama Bin Laden, o corvo que havia sido alimentado pelos Estados Unidos da América e que anos mais tarde lhes furaria os olhos.


No Vale do Bamiyan, o fantasmagórico buraco onde outrora havia um dos famosos Budas
dos idos da Rota da Seda. Explodido pelos talibãs porque incitava a idolatria.
Minarete de Djan ou Jam, no Distrito de Sharak, Província de Ghor

Elaborado trabalho em tijolos, levando inscrição em azul, na parte superior.
Arquitetura e decoração excepcionais.
Localizado nas profundezas de um vale fluvial, ele se eleva com grande elegância e dramaticidade
por entre as montanhas, no coração de Ghur.

Com 65m de altura, é  datado do século XII

A INVASÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Em 2001 o Afeganistão foi invadido pelos Estados Unidos da América, logo após o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de setembro daquele ano. Osama bin Laden, líder da rede Al-Qaeda, assumiu a autoria dos atentados e se refugiava no país. Mas, antes disso, o Afeganistão já estava dominado pelo Talibã, grupo militante radical. Expulso do poder, o talibã lutou constantemente ao longo dos anos contra as tropas americanas. Estudos apontam que, desde 2001, mais de 150 mil pessoas morreram no Afeganistão.
Os refugiados afegãos estão presentes em mais de 80 países, mas um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) aponta que somente dois deles concentram 96% dessa população: Irã e Paquistão. 

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA BOMBARDEIAM HOSPITAL DA ONG 'MÉDICOS SEM FRONTEIRAS'

Em mais um infeliz episódio dessa guerra sem fim, foi bombardeado um hospital mantido por médicos voluntários.
O resto é silêncio!