Orgulho!

Orgulho!

terça-feira, 21 de junho de 2011

LENTA, CONTÍNUA E PERSEVERANTE SUBTRAÇÃO PATRIMONIAL


Prédio derrubado em abril de 2009 para abrigar o Registro de Imóveis.
A foto foi tirada uma hora antes de entrarem em ação
as máquinas humanas e metálicas
Imagem 1

Rua Saldanha Marinho com Sílvio Scopel
Demolição para a construção do Hamburgo Hotel: 1987

Imagem 2

Imagem 3

Rua Liberato Salzano com General Osório
Residência pertencente Severo Campos
Demolição: 2003
Imagem 4

Imagem 5

Mutatis mutandis?

Imagem 1 e 3: acervo Museu Municipal
Crédito das imagens 2, 4 e 5: Claiton Nazar

Crédito da imagem 3: Renato Thomsen

terça-feira, 14 de junho de 2011

UNIÃO DE MOÇOS CATÓLICOS

Imagem: Banco de Imagens do Museu Municipal Patrono Edyr Lima


O prédio de União de Moços Católicos (fundada em 12 de outubro de 1924) pertencente à Diocese de Cachoeira do Sul, foi construído por volta de 1850 e é um dos remanescentes do estilo neoclássico da cidade, com fachada apresentando características marcantes. Serviu de residência para a família de José Custódio Coelho Leal, figura de destaque na vida pública cachoeirense. A partir de 1899, foi sucessivamente sede do Clube Cachoeirense, do Clube Renascença, do Centro Literário Marcelo Gama, do Banco da Província, da União de Moços Católicos.
Em 1985 foi tombado pelo COMPAHC, Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultura de Cachoeira do Sul, e por isso, não pode sofrer alterações de estilo.

Ione Sanmartin Carlos, atual diretora do Arquivo Histórico Carlos Salzano Vieira da Cunha, de Cachoeira do Sul

Jornal do Povo, 22 de setembro de 1995

Imagem: Museu Municipal Patrono Edyr Lima

AINDA SOBRE O AVENTUREIRO-ALEMÃO-CICLISTA-VEGETARIANO

Exemplo de atleta-jornalista.
O ciclista Siegfried Schütze


Um caso excepcional para os estudos culturais
voltados às relações entre a Alemanha e o Brasil, é o de Siegfried Schütze,
ciclista que, gozando de popularidade por ter sido o vencedor do circuito Rund um Berlin, de 1926, realizou uma longa viagem de bicicleta pela América do Sul, visitando vários países.


"Imbuído dessas vivências e impressões dei prosseguimento à minha viagem. Machu-Pichu foi o ponto mais ao norte da minha viagem pela América do Sul. Até aqui, até as ruínas pré-históricas, queria ter chegado com a minha bicicleta e a máquina fotográfica, depois, então, sair dessas Cordilheiras em direção do litoral. Cinco anos e três meses aguentara no estrangeiro e estava agora fatigado dos grandes esforços que deixava para trás. Também tinha vontade de descansar e tinha saudades da minha longínqua terra natal. De Machu-Pichu teria sido impossível ir de bicicleta mais para o norte. O único caminho consistuem os rios da Cordilheira, caudalosos e grandes, e uma viagem de canoa descendo pelas florestas tropicais ao inferno verde do território inexplorado do Amazonas. Não queria vender o meu bom corcel de aço. Além do mais, já conhecia muito bem as pragas da floresta e os riscos trazidos pelos mosquitos e cobras. Decidido, dirigi a minha fiel bicicleta de Cuzco a Mollendo, o porto peruano no Pacífico. Daqui, por Chile e Buenos Aires, retornava-se à Europa pelas grandes águas do Atlântico."
Fonte: Portal Brasil-Europa



Prezada Sra. Renate E. Schmidt de Aguiar,

Muito obrigada pelo seu e-mail. Realizamos, há algum tempo, uma exposição no
nosso Centro aqui na Alemanha de fotojornalismo dos anos 30 referente ao
Brasil, e que incluiu também trabalhos de S. Schuetze. Infelizmente, por
receios relativamente a direitos de copyright, sentimo-nos obrigados a
retirar todo o material fotográfico original dos textos que publicamos na
nossa revista eletrônica. Essa mudança de matérias já prontas causou-nos
muito trabalho, atraso e representou um empobrecimento da edição. A questão
de direitos relativos a essa época, porém, é obscura, sobretudo devido à
Guerra, necessitando levantamento de firmas que sucederam àquelas não mais
existentes e de possíveis herdeiros dos autores, em parte desaparecidos.

Por essa razão, também não podemos colocar à disposição materiais que
dispomos. As fotografias relativas ao Rio Grande do Sul apresentadas na
exposição foram de Novo Hamburgo e de Porto Alegre. Algumas outras não
possuiam indicações de lugares.

Dos textos que conhecemos de Schuetze não há referências explícitas sobre as
regiões que percorreu. Fala apenas, de forma genérica, da aparência doentia
dos colonos alemães no Sul, o que explica como resultado de uma falsa
alimentação, baseada por demais no consumo de carne. Não encontrou, porém,
receptividade para o seu modo de vida vegetariano. É possível que tais
referências, que indicam um convívio mais próximo com círculos alemães da
imigração, digam respeito a Cachoeira do Sul. Certeza, porém, não temos.

Atenciosamente,


Liane Müller
Secretária
Academia Brasil-Europa

14 de junho de 2011
Gummersbach
Estado federado Renânia do Norte-Vestfália

domingo, 12 de junho de 2011

JORNAL "O COMMERCIO"



Fotografia: redação do jornal "O Comércio"
Da esquerda para a direita: juiz Augusto Brandão, Willy Möller,
Virgílio Carvalho de Abreu e Henrique Möller
[cortesia Ricardo Abreu]

Obs: a mesa defronte à Willly Möller está hoje sob a guarda do Museu Municipal Patrono Edyr Lima


Previnimos aos nossos prezados favorecedores que estamos procedendo a cobrança das assignaturas correspondentes ao anno de 1930; e pedimos aos que se acham em atrazo o obsequio de virem ou mandarem saldar seus debitos com brevidade.
Os assignantes residentes em Porto Alegre poderão pagar aos srs. Barcellos, Bertaso & Cia, à rua dos Andradas 1416; os que residem em São Sepé, poderão fazer o pagamento ao nosso agente, sr. Miguel Fachin; e aos de outras localidades, pedimos a fineza de remeterem a importancia pelo correio, em vale postal ou carta com valor declarado.

O Commercio, 9 de julho de 1930 [acervo pessoal]

sábado, 11 de junho de 2011

RUND UM CACHOEIRA DO SUL (Ao redor de Cachoeira do Sul)

VIAGEM DE BICYCLETA

Visitou-nos o sr. Siegried Schütze, de nacionalidade allemã, vegetariano naturista que faz uma viagem em redor do mundo com o fim de escrever um livro, tirar photographias de paisagens para uma reprodução cinematographica e concorrer ao premio estabelecido pela União Cyclista Allemã.
O referido cyclista, segundo informa, partiu em 14 de abril de 1927 e já percorreu: Allemanha, Hollanda, Belgica, Luxemburgo, França, Espanha, Portugal, Marrocos, Algeria, Uruguay, Argentina, Paraguay e Brasil, num total de 27.000 kilometros.


Fonte: Jornal O Commercio, quarta feira, 9 de julho de 1930 [acervo pessoal]

OBS: um evento desta natureza hoje em Cachoeira, renderia no mínimo uma página inteira do jornal O Correio e/ou Jornal do Povo, filmagem e tietagem.
No jornal O Comércio, saiu uma notinha de primeira página bem tímida, de 17 pequenas linhas. [RESA]



Exemplo de atleta-jornalista
O ciclista Siegfried Schütze
Crédito da imagem: Revista Brasil Europa

Um caso excepcional para os estudos culturais voltados às relações entre a Alemanha e o Brasil é o de Siegfried Schütze, ciclista que, gozando de popularidade por ter sido o vencedor do circuito Rund um Berlin, de 1926, realizou uma longa viagem de bicicleta pela América do Sul, visitando vários países.

Schütze escreveu as suas observações durante a viagem, vendendo-as pelo caminho. Também atuou como conferencista, dando palestras a respeito das regiões visitadas.

Em 1935, publicou, na revista Durch alle Welt, um longo relato de sua viagem, fornecendo impressões e imagens de interesse para os estudos histórico-culturais da América Latina nas suas relações com a Alemanha. Publicado em várias partes, em diferentes números da revista, os textos se salientam pela profusão e qualidade das fotografias, tiradas pelo próprio autor.

A rota de Schütze teve início em Montevideo. Do Uruguai, passou à Argentina, alcançando o Brasil na Foz do Iguaçú. Forçado a utilizar-se do navio e do trem, dirigiu-se a São Paulo. Passou ao Rio de Janeiro, retornando ao Sul, viajando pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A seguir, visitou Buenos Aires, o interior da Argentina, atravessou os Andes em direção ao Chile, visitou as regiões de colonização alemã desse país, subiu aos altiplanos da Bolíveia e do Peru, terminando a sua viagem simbólicamente no Machu Pichu.

Um dos seus relatos:

'Mas que pessoa estranha!' admiravam os gaúchos no Uruguai. 'Êle não come carne, não toma mate e é, apesar disso, grande e forte.' Numa estancia, fui recebido de noite ao fogo do acampamento de forma muito cordial. Enquanto renunciei ao churrasco, por motivo de saúde, aos outros apetecia muito comer os pedaços quentes de carne, que pingavam gordura. Depois, a cuia de mate, com a colher, passeava pelo círculo.'
Toda a noite desabou um temporal e quando, de manhã, quis prosseguir com a minha viagem, estavam à minha espera dificuldades inimagináveis. A bicicleta nem podia ser empurrada na terra lamacenta. Frequentemente imerso até os joelhos na lama, trazendo a bicicleta nas costas, além de 20 quilos de trouxa, arrastei-me sofrendo pelos caminhos. Chegando a um rio, não tinha outra solução do que a de tirar a roupa e, com a bicicleta por cima da cabeça, entrar na água até o peito. Pontes são uma raridade no Uruguai.


Os relatos de Siegfried Schütze não oferecem descrições mais pormenorizadas de sua rota pelos estados do Sul, das cidades que visitou e de suas impressões. O material fotográfico que inclui na sua reportagem, porém, permite reconstruções. Se a publicação de seu relato não inclui singularmente nenhuma fotografia do Rio de Janeiro, oferece várias imagens de Santa Catarina. Sobretudo Blumenau é representado na revista com fotos que demonstram as suas belezas naturais e os seu jardins. Como fotografias de Joinville o demonstram, o viajante registrou não só imagens idílicas mas também testemunhos da energia empreendedora dos colonos, demonstrada aqui no moinho de trigo local. Esteve também em Florianópolis, sendo que uma das fotos que inseriu no seu texto precisou ser complementada, na revista, por meio de desenho, uma vez que os cimos da estrutura da ponte Hercílio Luz haviam sido cortados.

Visitou também colônias ainda em fase de implantação, deixando fotografias de interesse para a documentação histórica local e regional do Rio Grande do Sul. Schuetze esteve aqui também aqui sobretudo regiões de colonização alemã, entre outras cidades, na Colonia Hanse Humboldt e Nova Hamburgo.

A caminho da capital do Rio Grande do Sul, o ciclista esteve na região de Gramado e Canela, como o demonstram as impressionantes fotos que deixou de suas belezas naturais. De Porto Alegre, transmitiu a seus leitores alemães uma excelente vista do centro da cidade, marcada de forma harmoniosa pela disposição arquitetônica de seus edifícios e do jardim.

Uma particular atenção merecem as imagens que S. Schütze deixou da vida popular. Uma delas mostra carregadores e vendedores de frutas e verduras num mercado, designada como "mulatos", possivelmente numa das cidades do seu trajeto pelo litoral de São Paulo e do Paraná, outra registra o trabalho de uma família de colonos alemães produzindo doce de amendoim.

Fonte: Revista Brasil-Europa

quinta-feira, 9 de junho de 2011

COLISEU I e II


COLISEU CACHOEIRENSE
Imagem: cortesia Ana Lúcia Torres

Durante as noites da semana finda, funccionou este apreciado centro de diversões, da empreza Comasseto & Carvalho, exhibindo as fitas cujos títulos seguem:

No dia 1º, dedicado ao bello sexo, a comedia dramatica "Dinheiro dá coragem"; quarta-feira, o filme de aventuras "O cantor do Jazz"; sexta-feira, "Crise"; sabbado, "A carta secreta".

A tarde de domingo, perante assistencia numerosa, a empreza focou as fitas "Maridos ás carreiras", comica e "Fremitos de amor" ou "Os piratas soltos", drama de aventuras.

A' noite de 7, com boa casa, foi corrida pelo apparellho a fita dramatica "Ressurreição" extrahida da obra do conde Leon Tolstoi.

Segunda-feira, dia dedicado ao bello sexo, a empreza exhibiu a fita dramatica em 9 actos, "O cadaver vivo".


Fonte: jornal O Commercio de 9 de julho de 1930 (acervo pessoal)

COLISEU CACHOEIRENSE: Em 1913 foi aquirido por Manoel da Costa Jr. O Cinema Familiar que era propriedade dos Irmãos Pohlmann desde 1911, cuja fundação por Pedro Fortunato Batista Alegri e Vitório Livi, com o nome de Cinema Parque, data de 1910. Na data de aquisição por Manoel da Costa Jr., passa a se denominar Coliseu Cachoeirense. Em 1921, ao ser adquirido por Henrique Comasseto, que constrói o atual prédio do Cinema Vitória, recebe a denominação de Cine Teatro Coliseu.


Imagem: CINE TEATRO COLISEU:
inauguração oficial em 17 de fevereiro de 1938 com fachada em art déco

Na inauguração aparecem Reinaldo Roesch, Henrique Comasseto,
Mário Ilha Pillar e Dr. Ary Soares

Cortesia da foto: Museu Municipal Patrono Edyr Lima

PERTILLE

Viação Ferrea

Para dar uma rapida idéa do grande progresso desta localidade, transcrevemos o movimento da estação local, gentilmente fornecido pelo zeloso agente, sr. Felippe Moraes, e que é o seguinte:



Imagem:Estação Pertille (sem data definida)
Estações Ferroviárias do Brasil
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht

Vendas de passagens, no mez de Junho - 324, sendo somente no dia 30 - 49 passageiros.
A renda da estação, no mesmo período, foi de rs. 2:249$700.

Fumo em folha - O sr. José Maria Carvalho entrou em negociações com a Comp. Brasileira de Fumo em Folha de Santa Cruz - pretendendo este ano plantar fumo em larga escala, instalando fornos para seccagem. Reina grande influencia entre os agricultores.

Empresa de madeiras - O sr. Leonardo Araújo comprou os mattos do sr. José Maria Carvalho (sómente as madeiras), pretendendo tirar cerca de 30 mil metros de lenha, dormentes e outras madeiras.



Imagem: "Aventureiros Avulsos", fevereiro de 2010
Ponte de Pertille

Cancha da Parada - Cogita-se da inauguração, em breve, nesta localidade, de uma cancha modelo, para corridas, como já existe em Lavras, Bagé e outras localidades.
A cancha será dotada de cópa, etc., só sendo permittido ingresso ás pessoas munidas do respectivo cartão, que custará 1$000 rs., sendo toda pessoa obrigada a entregar as armas ao porteiro, a fim de assegurar-se completa ordem no recinto, o que será fácil, já pela índole pacífica do nosso povo, bem como pela campanha de desarmamento iniciada energicamente pelas autoridades.

A cancha será inaugurada com uma corrida de sensação, estando á frente desse empreendimento, além de outros, o sr. Percílio Bandeira.


Pertille, 7 - 7- 1930
O correspondente


Jornal O Commercio de 9 de julho de 1930
[Acervo pessoal]

terça-feira, 7 de junho de 2011

A CASA E O IMPERADOR


Desta janela com verga em arco pleno, apresentando bandeira com vidro colorido, na década de 1920 espicula (m) uma (duas) senhoras/senhoritas para a rua Saldanha Marinho e para o fotógrafo.
Passaram-se oitenta e poucos anos daquele dia famoso, 7 de janeiro de 1846, segundo Mirian Ritzel, quando o piso deste palacete apoiou as passadas do Imperador do Brasil e estendeu a ele uma cama para pernoitar.

Esta casa não foi escolhida por acaso.
O que viu nosso imperador, felizmente, ainda em todo o seu esplendor visto que a casa foi construída em 1842?
Cheirava a madeira e tinta, portanto.


De início, a presença da platibanda nas fachadas principais e motivos geométricos decorados com frisos:



As janelas, que aparecem com verga em arcopleno e bandeira com vidros coloridos, sendo todos enquadrados por pequenas pilastras:



Na fachada lateral as aberturas em forma de óculos, sendo que cinco foram substituídas por portas com verga reta (pecinhas para comércio):



Abaixo da platibanda a cornija ornamentada com uma fileira de dentículos.
A seguir uma faixa de azulejos portugueses, salientando o encontro da fachada principal com a lateral de uma meia coluna canelada, ...




que não sai diretamente do piso, mas sim de uma base, possuindo um capitel em forma de volutas:



As platibandas, encimadas por objetos de cerâmica alouçada portuguesa, como as figuras que representavam as virtudes, as estações do ano, vasos e pinhas.



Descrições fragmentadas retiradas do trabalho da professora Jussara Maria Motta Schumacher
Imagens em preto e branco: postal de acervo pessoal datado de 1922
Imagens coloridas: realizadas na morada de Ricardo de Abreu

sábado, 4 de junho de 2011

HISTÓRICO DA CASA DAS BEM-BEM


Cortesia Claiton Nazar
Segundo depoimento de Claiton:

"Foto que fiz da casa das Bem-Bem, à noite, no começo da década de 80, quando morava em um apartamento de fundos do Edifício Taufik Germanos (o "Narigão"). Eu participei com elas de um concurso do JP, na época (tirei 1º lugar inclusive - modéstia à parte)".

Não Claiton, não é modéstia, foi muito demais merecido. Não consigo desassociar os relâmpagos batendo perto da edificação, parece presságio ... (RESA)

HISTÓRICO DA CASA

Em meados de 1842, surge na então denominada Vila Nova de São João de Cachoeira, mais precisamente na chamada rua da Aldeia ou dos Cachorros, um novo estilo de arquitetura: uma casa de porão alto, com fortes características neoclássicas, e destacando-se entre o pequeno povoamento pelo seu requinte e grandiosidade.
De propriedade do Sr. Afonso Pereira, pertencente a uma abastada família. Estudou medicina na Europa e no seu regresso fazia viagens constantes ao Rio de Janeiro. Frequentador da sociedade de elite da época, também fez parte da comitiva que acolheu D. Pedro II em 1846, vindo este, hospedar-se em sua casa.

Alguns anos após, por motivo de mudança, a casa é vendida ao Sr. José Antônio Machado de Araújo, comerciante, casado com Dona Benta Portinho de Araújo, filha de um admirável político da época.


Durante muitos anos o porão foi ocupado pelos escravos, e mesmo depois da libertação dos mesmos, alguns ainda permaneciam na residência.

Contam, que o Sr. José, segundo proprietário do imóvel, abastado comerciante, vivia intensa vida social. Através de contatos frequentes entre vizinhos e parentes, era comum, daar reunião e festas, jantares e música, sendo que o convívio social poderia ser considerado quase igual aos grandes centros urbanos.


Após seu falecimento, e da sua esposa, em 1908, o imóvel passa para a filha Lucinda de Araújo Xavier, e esta em 1962 deixa em herança para Deloi Xavier, residente atualmente no Rio de Janeiro; Benta Emília Xavier, Lucinda Xavier Larger e Geovana Xavier e Silva, todas residentes em Cachoeira do Sul.

IMAGEM DA DÉCADA DE 1920


Cortesia Elizabeth Thomsen

Com o passar do tempo a família passa por dificuldades financeiras e alugam o porão para o comércio e alguns elementos que faziam parte da decoração da obra arquitetônica são doados ou vendidos.
Professora Jussara Maria Motta Schumacher


IMAGEM DA DÉCADA DE 1980


Imagem: João Carlos Mór

A decadência evidente percebia-se pela parte do porão dividido em várias pequenas peças para fins de aluguel: um bric e bar ocuparam o lugar da antiga senzala.
Era um prenúncio de decadência. Nada mais era feito na edificação, ficando esta à mercê dos humores do tempo e do clima. A depreciação seguia seu ritmo acelerado.
Então como é práxis em Cachoeira do Sul, deixou-se depreciar até o limbo. Um pequeno encontrão e as paredes viriam abaixo.
Com a Casa da Aldeia, Cine-teatro Coliseu, Paço Municipal e outras edificações históricas tem (des)funcionado assim. (RESA)


Diz ainda a professora Jussara na conclusão do seu trabalho:

"A obra analisada, com o passar dos anos não sofreu restaurações que ajudassem na sua conservação, e atualmente, restam poucas possibilidades que a mesma venha a ser remodelada, visto não interessar aos proprietários, e a Prefeitura Municipal não possuir, atualmente, condições financeiras para adquirir uma obra de grande porte.

Seria interessante, que as pessoas que possuem um patrimônio nestes moldes fossem alertados para o importante significado que representa dentro de um passado histórico, e que fossem criados serviços de proteção ao patrimônio de cultura de âmbito regional".


Após a demolição do palacete histórico (subtraindo Cachoeira do Sul de mais um ponto de convergência de turistas), várias "coisas" foram improvisadas por ali, inclusive uma choperia.

IMAGEM DE 2011


Edificação localizada no antigo espaço da Casa Bem-Bem: um prédio insípido, inodoro, incolor, sem forma e graça.
Cachoeira mais uma vez perdeu o BONDE DA HISTÓRIA!

TÚNEL DO TEMPO - Ruas da Cidade

RUA JOSÉ AFFONSO PEREIRA

- Lei Municipal nº 1836, de 23/9/1980 – Bairro Marques Ribeiro –

O médico José Affonso Pereira era membro de uma abastada família e um dos homens mais cultos da então Vila Nova de São João da Cachoeira. Estudou medicina na Europa e fazia constantes viagens à Corte, então o Rio de Janeiro, onde frequentava a alta sociedade.

No ano de 1846 sua casa, localizada na atual Rua Saldanha Marinho, foi escolhida para hospedar o imperador Pedro II e a esposa Tereza Cristina, quando da visita que o casal real fez à Vila de Cachoeira. Por decisão dos vereadores, a casa de porão alto, com características neoclássicas, construída por volta de 1842, era a que reunia condições mínimas de conforto para receber dignamente os ilustres visitantes.
A casa do Dr. Pereira foi depois vendida para a família do General José Gomes Portinho e demolida na década de 1980.

Mirian Ritzel
Historiadora
Diretora do Núcleo Municipal

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A CIDADE NÃO CUIDA DOS SEUS MONUMENTOS

MONUMENTO À CIDADANIA, TRABALHO E CULTURA



Antonio Albino Maciel está em Cachoeira para a construção de monumento em praça pública.

A titular da 24ª Delegacia de Educação, atualmente 24ª CRE, Vera Beatriz Machado de Freitas, juntamente com Antônio Albino Maciel, artista plástico cachoeirense, esteve quarta-feira em contato com o prefeito municipal Júlio Cezar Caspani, a fim de tratar da construção do monumento à "Cidadania, Trabalho e Cultura de Cachoeira do Sul".
Vera Beatriz foi quem indicou Antônio Albino para a realização do projeto do monumento. Sua ideia contou com o apoiodo Prefeito Caspani, que tratou, após ver fotos e analisar o projeto, dos passos iniciais para a execução do mesmo.
"Eu me sinto muito feliz por ter o privilégio de, como prefeito proporcionar à comunidade um trabalho de um artista conterrâneo consagrado e que, através de sua arte, expressou aquele sentimento de gratidão por todos que, de uma forma ou outra trabalharam pela grandeza de nossa terra", diz o prefeito Júlio Caspani.

Antônio Albino Maciel com a mão na massa:



Para Vera Beatriz, o trabalho de Antônio, representa muito, pois ele foi nosso aluno.
E acrescenta: "Antonio conseguiu sucesso fora de nossa pátria, mas agora volta para dizer tanto, através deste monumento. Sinto-me orgulhosa porque ele está crescendo cada vez mais e porque vai expressar numa obra tudo o que tem dentro de si.

Caricatura


Ficamos felizes em ver o entusiasmo do nosso prefeito acolhendo e acreditando na obra a ser realizada
", conclui a delegada.



DESCRIÇÃO DO MONUMENTO

O monumento será construído na Praça Dr. Honorato de Souza Santos e será denominado de "Monumento à Cidadania, Trabalho e Cultura de Cachoeira do Sul".

À primeira vista o monumento representa um grupo de pessoas, demonstrando que homens unidos num trabalho coeso, escrevem a história do progresso cachoeirense.

Analisando detidamente, podemos dividir o monumento em três partes:

1ª) o primeiro homem (o mais alto), detém uma pomba em suas mãos, símbolo de paz, vida, harmonia e horizontes abertos. É o homem que abre caminho para gerações futuras;

2ª) o segundo homem é um agricultor de calça arregaçada e que tem um feixe de arroz na mão, simbolizando a cultura econômica e o trabalho de Cachoeira do Sul;

3ª) O terceiro homem, de livro na mão, simboliza a cultura intelectual de Cachoeira do Sul: os homens das letras, os políticos, os intelectuais que projetaram e que projetam a cidade no cenário nacional e internacional.

Jornal do Povo. 6 de agosto de 1978. Ano 50. Nº 17. 2º caderno, pág.5

SITUAÇÃO ATUAL DO MONUMENTO




* A placa de identificação foi arrancada, restando somente a pedra que a apoiava;
* o monumento está escurecido, tomado por limo e musgo;
* num dos lados há uma imensa cratera;
* uma imensa rachadura partiu o monumento ao meio, de lado a lado da fresta o rompimento é de mais ou menos 1 cm.


Antônio Maciel hoje reside em Porto Alegre e é irmão da nossa querida escritora Célia Maciel. Antônio também mostrou seu talento na Cow Parade:


Créditos:
* o texto foi enviado pela professora de artes e conselheira do COMPAHC, Nelda Scheidt;
* a escritora Célia Maria Maciel enviou as imagens do artista;

* as imagens do monumento foram realizadas nesta manhã fria de 1º de junho de 2011 pela Renate.

Antonio Albino Maciel está em Cachoeira para a construção de monumento em praça pública.

A titular da 24ª Delegacia de Educação, atualmente 24ª CRE, Vera Beatriz Machado de Freitas, juntamente com Antônio Albino Maciel, artista plástico cachoeirense, esteve quarta-feira em contato com o prefeito municipal Júlio Cezar Caspani, a fim de tratar da construção do monumento à "Cidadania, Trabalho e Cultura de Cachoeira do Sul".
Vera Beatriz foi quem indicou Antônio Albino para a realização do projeto do monumento. Sua ideia contou com o apoiodo Prefeito Caspani, que tratou, após ver fotos e analisar o projeto, dos passos iniciais para a execução do mesmo.
"Eu me sinto muito feliz por ter o privilégio de, como prefeito proporcionar à comunidade um trabalho de um artista conterrâneo consagrado e que, através de sua arte, expressou aquele sentimento de gratidão por todos que, de uma forma ou outra trabalharam pela grandeza de nossa terra", diz o prefeito Júlio Caspani.
Para Vera Beatriz, o trabalho de Antônio, representa muito, pois ele foi nosso aluno.
E acrescenta: "Antonio conseguiu sucesso fora de nossa pátria, mas agora volta para dizer tanto, através deste monumento. Sinto-me orgulhosa porque ele está crescendo cada vez mais e porque vai expressar numa obra tudo o que tem dentro de si.
Ficamos felizes em ver o entusiasmo do nosso prefeito acolhendo e acreditando na obra a ser realizada
", conclui a delegada.



DESCRIÇÃO DO MONUMENTO

O monumento será construído na Praça Dr. Honorato de Souza Santos e será denominado de "Monumento à Cidadania, Trabalho e Cultura de Cachoeira do Sul".

À primeira vista o monumento representa um grupo de pessoas, demonstrando que homens unidos num trabalho coeso, escrevem a história do progresso cachoeirense.

Analisandoo detidamente, podemos dividir o monumento em três partes:
1) o primeiro homem( o mais alto), detém uma pomba em suas mãos, símbolo de paz, vida, harmonia e horizontes abertos. É o homem que abre caminho para gerações futuras;

2) O segundo homem é um agricultor de calça arregaçada e que tem um feixe de arroz na mão, simbolizando a cultura econômica e o trabalho de Cachoeira do Sul;

3) O terceiro homem, de livro na mão, simboliza a cultura intelectual de Cachoeira do Sul: os homens das letras, os políticos, os intelectuais que projetaram e que projetam a cidade no cenário nacional e internacional.

Jornal do Povo. 6 de agosto de 1978. Ano 50. Nº 17. 2º caderno, pág.5

SITUAÇÃO ATUAL DO MONUMENTO

ESTUDO ARQUITETÔNICO DE UMA CASA DE PORÃO ALTO - ANÁLISE DA OBRA ARQUITETÔNICA

SOBRE ESTA PARTE DO TRABALHO

As fotografias que ilustram o trabalho da professora Jussara são cópias xerocadas. Está sendo investigado a possibilidade de resgatar este acervo pois possivelmente são as únicas que existem do interior/exterior feitas de forma detalhada do prédio que virou poeira na década de 1980. [RESA]

Nesta parte do trabalho (realizado em 1982), a professora Jussara destaca que em 1940 a edificação ainda encontrava-se intacta.
Posteriormente ela acabou desmembrada, a casa geminada pelo lado da rua Saldanha Marinho foi demolida e os adereços (pinhas, vasos e esculturas de cerâmica alouçadas) que repousavam na platibanda desapareceram.
Jussara escreve:
"Atualmente o prédio encontra-se desprovido de muitas ornamentações*, mas mesmo assim mantém as principais características da casa de porão alto, pertencente ao estilo neoclássico".



* Na foto com os tapumes, parte da morada já não existia mais. Esta aguarda o golpe de misericórdia produzido pelas marretas que brevemente entrarão em ação destruidora.

ANÁLISE DA OBRA ARQUITETÔNICA

A obra arquitetônica analisada identifica-se claramente com o estilo NEOCLÁSSICO, apesar da falta de acessórios que faziam parte da arquitetura*.

* Por ocasião do trabalho da professora Jussara, as esculturas, os vasos e as pinhas já tinham sido retiradas.





1 - No ato da construção, conforme ver-se-á a seguir, as platibandas eram encimadas por objetos de louça do porto, como as figuras que representavam as virtudes, as estações do ano, vasos e Pinhas.
De início, a presença da platibanda nas fachadas principais e motivos geométricos decorados com frisos.

2 - A faixa de azulejos portugueses ficavam abaixo da cornija que por sua vez, ficava embaixo da platibanda.



Imagem: fonte localizada na casa de Salita Abreu decorada com azulejos provenientes da Casa Bem-Bem. O leão por onde esquichava a água foi roubado. Segundo seu filho, Ricardo, D. Salita ao recuperar as duas esculturas verificou que as demais estavam quebradas. Um pequeno conjunto de azulejos está no acervo do Museu Municipal:


Está escrito nele: "Azulejos portugueses da fachada da casa em que D. Pedro II e sua esposa foram hospedados em Cachoeira, no ano de 1846".

3 - Na imagem da década de 1980, uma parte da casa já tinha sido demolida. Geminadas, cada parte abrigava famílias de herdeiros diferentes.

4 - A porta da entrada principal que dá acesso ao interior é almofada com verga reta. Na parte superior da mesma, para manter a simetria e dar maior luminosidade foi colocada uma falsa janela, que como as demais é com verga em arco pleno, apresentando bandeira com vidros coloridos.
A entrada é constituída de um patamar de 1,30 m de comprimento sobre o qual se abrem as folhas da porta de entrada.
Para solucionar o problema do desnível entre o piso e a habitação e o plano do passeio, foi construída uma escada em madeira com catorze degraus, guarnecida por um corrimão de ferro terminando em pequenas pilastras.
Após a escada abrem-se três portas, todas almofadas e enquadradas por pilastras, com verga em arco plano e vidros coloridos. Todas dão entradas para salas.

5 - Abaixo da platibanda surge a cornija ornamentada com uma fileira de dentículos. A seguir uma faixa de azulejo português, salientando o encontro da fachada principal com a lateral aparece ema meia coluna canelada, que não sai diretamente do piso, mas sim de uma base, possuindo um capitel em forma de volutas.

6 - As janelas aparecem com verga em arco pleno e bandeira com vidros coloridos, sendo todas enquadradas por pequenas pilastras.
Na fachada lateral ainda permanece uma abertura em forma de óculos, sendo que cinco foram substituídas por portas com verga reta.

7 - Meia coluna canelada com capitel em forma de volutas.

8 - A construção é de esquina, sendo que a fachada principalmente e uma lateral foram erigidas sobre o alinhamento da rua.

9 - Rua Saldanha Marinho

10 - Rua General Portinho



JOAQUIM SALDANHA MARINHO
Joaquim Saldanha Marinho, político e jornalista brasileiro (Olinda, PE, 1816 - Rio de Janeiro, RJ, 1895). Teve grande atuação na campanha republicana e na Questão Religiosa (1872), que opôs setores da Igreja Católica a elementos da administração imperial ligados à Maçonaria.

Foi presidente das províncias de Minas Gerais (1865-1867) e de São Paulo (1867-1868). Nessa época promoveu em Campinas uma reunião de fazendeiros e financistas, da qual resultou a fundação da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, primeira do gênero organizada sem o concurso de capitais estrangeiros.

Em 1868, rompeu com o governo imperial. O manifesto republicano de 1870 foi redigido em sua casa. Era figura importante na Maçonaria.

Fonte: Enciclopédia Viva


JOSÉ GOMES PORTINHO
Nasceu em Cachoeira do Sul em 1º de setembro de 1814 e morreu na mesma cidade, em 8 de agosto de 1886. Iniciou sua vida atuando no comércio. Partidário de Bento Gonçalves, José Gomes Porto, o Portinho, ingressou na luta durante a Revolução Farroupilha. Por sua bravura, logo passou de soldado a sargento.

Em 1838 foi promovido a tenente-coronel e aos 28 anos Portinho já era general. Ele comandou as guardas nacionais de Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul e Santa Maria.

Foi deputado provincial e pecuarista em Cruz Alta, atividade que lhe rendeu um título de nobreza, o de barão. Em 1858 o general foi agraciado com o título de Brigadeiro Honorário do Imperial Exército Brasileiro.

Professora Jussara Maria Motta Schumacher

Fonte: Banco de Dados do Museu Municipal Patrono Edyr Lima