Orgulho!

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sábado, 4 de junho de 2011

HISTÓRICO DA CASA DAS BEM-BEM


Cortesia Claiton Nazar
Segundo depoimento de Claiton:

"Foto que fiz da casa das Bem-Bem, à noite, no começo da década de 80, quando morava em um apartamento de fundos do Edifício Taufik Germanos (o "Narigão"). Eu participei com elas de um concurso do JP, na época (tirei 1º lugar inclusive - modéstia à parte)".

Não Claiton, não é modéstia, foi muito demais merecido. Não consigo desassociar os relâmpagos batendo perto da edificação, parece presságio ... (RESA)

HISTÓRICO DA CASA

Em meados de 1842, surge na então denominada Vila Nova de São João de Cachoeira, mais precisamente na chamada rua da Aldeia ou dos Cachorros, um novo estilo de arquitetura: uma casa de porão alto, com fortes características neoclássicas, e destacando-se entre o pequeno povoamento pelo seu requinte e grandiosidade.
De propriedade do Sr. Afonso Pereira, pertencente a uma abastada família. Estudou medicina na Europa e no seu regresso fazia viagens constantes ao Rio de Janeiro. Frequentador da sociedade de elite da época, também fez parte da comitiva que acolheu D. Pedro II em 1846, vindo este, hospedar-se em sua casa.

Alguns anos após, por motivo de mudança, a casa é vendida ao Sr. José Antônio Machado de Araújo, comerciante, casado com Dona Benta Portinho de Araújo, filha de um admirável político da época.


Durante muitos anos o porão foi ocupado pelos escravos, e mesmo depois da libertação dos mesmos, alguns ainda permaneciam na residência.

Contam, que o Sr. José, segundo proprietário do imóvel, abastado comerciante, vivia intensa vida social. Através de contatos frequentes entre vizinhos e parentes, era comum, daar reunião e festas, jantares e música, sendo que o convívio social poderia ser considerado quase igual aos grandes centros urbanos.


Após seu falecimento, e da sua esposa, em 1908, o imóvel passa para a filha Lucinda de Araújo Xavier, e esta em 1962 deixa em herança para Deloi Xavier, residente atualmente no Rio de Janeiro; Benta Emília Xavier, Lucinda Xavier Larger e Geovana Xavier e Silva, todas residentes em Cachoeira do Sul.

IMAGEM DA DÉCADA DE 1920


Cortesia Elizabeth Thomsen

Com o passar do tempo a família passa por dificuldades financeiras e alugam o porão para o comércio e alguns elementos que faziam parte da decoração da obra arquitetônica são doados ou vendidos.
Professora Jussara Maria Motta Schumacher


IMAGEM DA DÉCADA DE 1980


Imagem: João Carlos Mór

A decadência evidente percebia-se pela parte do porão dividido em várias pequenas peças para fins de aluguel: um bric e bar ocuparam o lugar da antiga senzala.
Era um prenúncio de decadência. Nada mais era feito na edificação, ficando esta à mercê dos humores do tempo e do clima. A depreciação seguia seu ritmo acelerado.
Então como é práxis em Cachoeira do Sul, deixou-se depreciar até o limbo. Um pequeno encontrão e as paredes viriam abaixo.
Com a Casa da Aldeia, Cine-teatro Coliseu, Paço Municipal e outras edificações históricas tem (des)funcionado assim. (RESA)


Diz ainda a professora Jussara na conclusão do seu trabalho:

"A obra analisada, com o passar dos anos não sofreu restaurações que ajudassem na sua conservação, e atualmente, restam poucas possibilidades que a mesma venha a ser remodelada, visto não interessar aos proprietários, e a Prefeitura Municipal não possuir, atualmente, condições financeiras para adquirir uma obra de grande porte.

Seria interessante, que as pessoas que possuem um patrimônio nestes moldes fossem alertados para o importante significado que representa dentro de um passado histórico, e que fossem criados serviços de proteção ao patrimônio de cultura de âmbito regional".


Após a demolição do palacete histórico (subtraindo Cachoeira do Sul de mais um ponto de convergência de turistas), várias "coisas" foram improvisadas por ali, inclusive uma choperia.

IMAGEM DE 2011


Edificação localizada no antigo espaço da Casa Bem-Bem: um prédio insípido, inodoro, incolor, sem forma e graça.
Cachoeira mais uma vez perdeu o BONDE DA HISTÓRIA!

TÚNEL DO TEMPO - Ruas da Cidade

RUA JOSÉ AFFONSO PEREIRA

- Lei Municipal nº 1836, de 23/9/1980 – Bairro Marques Ribeiro –

O médico José Affonso Pereira era membro de uma abastada família e um dos homens mais cultos da então Vila Nova de São João da Cachoeira. Estudou medicina na Europa e fazia constantes viagens à Corte, então o Rio de Janeiro, onde frequentava a alta sociedade.

No ano de 1846 sua casa, localizada na atual Rua Saldanha Marinho, foi escolhida para hospedar o imperador Pedro II e a esposa Tereza Cristina, quando da visita que o casal real fez à Vila de Cachoeira. Por decisão dos vereadores, a casa de porão alto, com características neoclássicas, construída por volta de 1842, era a que reunia condições mínimas de conforto para receber dignamente os ilustres visitantes.
A casa do Dr. Pereira foi depois vendida para a família do General José Gomes Portinho e demolida na década de 1980.

Mirian Ritzel
Historiadora
Diretora do Núcleo Municipal

2 comentários:

  1. Renate
    Parabéns por este resgate histórico junto a comunidade. Isso nos ajuda a entender nosso presente e projetar o futuro ainda mehor para nossos filhos.
    Abraços
    Adalberto Day cientista social epesquisador da história em Blumenau

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  2. Obrigada pelo incentivo, Adalberto!
    Todo sucesso no teu trabalho em Blumenau, cidade onde nasceu minha mãe e duas das minhas tias.
    Prosit!
    Renate

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