Orgulho!

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sábado, 11 de junho de 2011

RUND UM CACHOEIRA DO SUL (Ao redor de Cachoeira do Sul)

VIAGEM DE BICYCLETA

Visitou-nos o sr. Siegried Schütze, de nacionalidade allemã, vegetariano naturista que faz uma viagem em redor do mundo com o fim de escrever um livro, tirar photographias de paisagens para uma reprodução cinematographica e concorrer ao premio estabelecido pela União Cyclista Allemã.
O referido cyclista, segundo informa, partiu em 14 de abril de 1927 e já percorreu: Allemanha, Hollanda, Belgica, Luxemburgo, França, Espanha, Portugal, Marrocos, Algeria, Uruguay, Argentina, Paraguay e Brasil, num total de 27.000 kilometros.


Fonte: Jornal O Commercio, quarta feira, 9 de julho de 1930 [acervo pessoal]

OBS: um evento desta natureza hoje em Cachoeira, renderia no mínimo uma página inteira do jornal O Correio e/ou Jornal do Povo, filmagem e tietagem.
No jornal O Comércio, saiu uma notinha de primeira página bem tímida, de 17 pequenas linhas. [RESA]



Exemplo de atleta-jornalista
O ciclista Siegfried Schütze
Crédito da imagem: Revista Brasil Europa

Um caso excepcional para os estudos culturais voltados às relações entre a Alemanha e o Brasil é o de Siegfried Schütze, ciclista que, gozando de popularidade por ter sido o vencedor do circuito Rund um Berlin, de 1926, realizou uma longa viagem de bicicleta pela América do Sul, visitando vários países.

Schütze escreveu as suas observações durante a viagem, vendendo-as pelo caminho. Também atuou como conferencista, dando palestras a respeito das regiões visitadas.

Em 1935, publicou, na revista Durch alle Welt, um longo relato de sua viagem, fornecendo impressões e imagens de interesse para os estudos histórico-culturais da América Latina nas suas relações com a Alemanha. Publicado em várias partes, em diferentes números da revista, os textos se salientam pela profusão e qualidade das fotografias, tiradas pelo próprio autor.

A rota de Schütze teve início em Montevideo. Do Uruguai, passou à Argentina, alcançando o Brasil na Foz do Iguaçú. Forçado a utilizar-se do navio e do trem, dirigiu-se a São Paulo. Passou ao Rio de Janeiro, retornando ao Sul, viajando pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A seguir, visitou Buenos Aires, o interior da Argentina, atravessou os Andes em direção ao Chile, visitou as regiões de colonização alemã desse país, subiu aos altiplanos da Bolíveia e do Peru, terminando a sua viagem simbólicamente no Machu Pichu.

Um dos seus relatos:

'Mas que pessoa estranha!' admiravam os gaúchos no Uruguai. 'Êle não come carne, não toma mate e é, apesar disso, grande e forte.' Numa estancia, fui recebido de noite ao fogo do acampamento de forma muito cordial. Enquanto renunciei ao churrasco, por motivo de saúde, aos outros apetecia muito comer os pedaços quentes de carne, que pingavam gordura. Depois, a cuia de mate, com a colher, passeava pelo círculo.'
Toda a noite desabou um temporal e quando, de manhã, quis prosseguir com a minha viagem, estavam à minha espera dificuldades inimagináveis. A bicicleta nem podia ser empurrada na terra lamacenta. Frequentemente imerso até os joelhos na lama, trazendo a bicicleta nas costas, além de 20 quilos de trouxa, arrastei-me sofrendo pelos caminhos. Chegando a um rio, não tinha outra solução do que a de tirar a roupa e, com a bicicleta por cima da cabeça, entrar na água até o peito. Pontes são uma raridade no Uruguai.


Os relatos de Siegfried Schütze não oferecem descrições mais pormenorizadas de sua rota pelos estados do Sul, das cidades que visitou e de suas impressões. O material fotográfico que inclui na sua reportagem, porém, permite reconstruções. Se a publicação de seu relato não inclui singularmente nenhuma fotografia do Rio de Janeiro, oferece várias imagens de Santa Catarina. Sobretudo Blumenau é representado na revista com fotos que demonstram as suas belezas naturais e os seu jardins. Como fotografias de Joinville o demonstram, o viajante registrou não só imagens idílicas mas também testemunhos da energia empreendedora dos colonos, demonstrada aqui no moinho de trigo local. Esteve também em Florianópolis, sendo que uma das fotos que inseriu no seu texto precisou ser complementada, na revista, por meio de desenho, uma vez que os cimos da estrutura da ponte Hercílio Luz haviam sido cortados.

Visitou também colônias ainda em fase de implantação, deixando fotografias de interesse para a documentação histórica local e regional do Rio Grande do Sul. Schuetze esteve aqui também aqui sobretudo regiões de colonização alemã, entre outras cidades, na Colonia Hanse Humboldt e Nova Hamburgo.

A caminho da capital do Rio Grande do Sul, o ciclista esteve na região de Gramado e Canela, como o demonstram as impressionantes fotos que deixou de suas belezas naturais. De Porto Alegre, transmitiu a seus leitores alemães uma excelente vista do centro da cidade, marcada de forma harmoniosa pela disposição arquitetônica de seus edifícios e do jardim.

Uma particular atenção merecem as imagens que S. Schütze deixou da vida popular. Uma delas mostra carregadores e vendedores de frutas e verduras num mercado, designada como "mulatos", possivelmente numa das cidades do seu trajeto pelo litoral de São Paulo e do Paraná, outra registra o trabalho de uma família de colonos alemães produzindo doce de amendoim.

Fonte: Revista Brasil-Europa

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