Orgulho!

Orgulho!

sábado, 26 de dezembro de 2015

Médico sírio e família, acolhidos pelo Primeiro Ministro canadense Justin Trudeau

Final 'feliz' para esta família síria
Justin Trudeau comprometeu-se a acomodar 25 mil refugiados sírios no Canadá até fevereiro. Além de bonitão, é filho de Pierre Trudeau e possui cabeça moderna. 
Os tios e primos de Aylan Curdi obtiveram visto de entrada no Canadá.
É isto aí, Justin! 

Índios, mulheres, homossexuais compõem seu governo!
Parece que há luz no fim do túnel!

sábado, 12 de dezembro de 2015

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A SÉTIMA ARTE EM RUSSO


Excelente filme, forte e premiado. Confira!
Uma fuga da massificação, da mastigação e dos enjoativos efeitos especiais.
Uma história de reencontro!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Após a simulação, membros do EI ouvem SERMÃO de um religioso muçulmano!



Clique no link abaixo. 
Não é uma execução real, até porque eu não postaria uma abominação assim.
É uma encenação!
Os homens ajoelhados são do Estado Islâmico e estão prisioneiros.
O vídeo tem objetivo divulgar que o islamismo não é a deturpação que o Estado Islâmico faz dele. Quem exerce o papel principal é o religioso islâmico que dá aquele sermão nos rapazes. Gostaria de entender o que ele diz.
Após, os jovens retornarão à prisão
O vídeo provém da publicação inglesa Daily Mail e gostei dele, por tal razão decidi publicá-lo.

http://www.dailymail.co.uk/news/article-3350691/Muslims-not-criminals-Syrian-rebel-force-ISIS-fighters-knees-let-live-dramatic-mock-execution-video.html#v-7612928802654539708



sábado, 5 de dezembro de 2015

Fim de semana com mais Led Zeppelin


Black Dog

The Animals


Banda inglesa do início dos anos 1960. 
A música é incrível!

De uma época que não volta mais ...

A música 'Born to be wild' do grupo Steppenwolf, 
traz fortes lembranças de 'Easy Rider', 
um filme de época: Vietnã, hippies, drogas e muito rock'n'roll.

UM CLÁSSICO DOLOROSO

Por empréstimo de um colega professor, Paulo, revi o clássico 'A Batalha de Argel'.
Sobretudo, é importante frisar: segue atual, duro e esclarecedor.

Gillo Pontecorvo [1919-2006], cineasta italiano, é autor de duas obras marcantes: 'A Batalha de Argel' e 'Queimada'. Ambas permaneceram censuradas no Brasil durante os anos militares (1964-1985).
Por sua vez 'A Batalha de Argel', também ficou por um bom tempo fora do circuito francês por motivos óbvios.
Baseado no livro de Saadi Yacefi, Lembranças da Argélia, tem trilha sonora de Ennio Morricone. Recebeu em 1966 o prêmio Leão de Veneza.
A colonização francesa teve longa duração: 130 anos. Contra ela organizou-se a FLN - Frente Nacional de Libertação da Argélia.

Cenas de heroísmo, dignidade, loucura, atentados contra civis, torturas por vezes às vistas da família, técnicas sádicas posteriormente exportadas para os EUA, América do Sul e Brasil.
Na medida que a situação vai ficando fora de controle, desembarca em Argel a Brigada dos Leopardos (1957) que lutaria com unhas e dentes para manter a França africana.
Na França 'as coisas não são bem assim", vozes dissonantes endossam o clamor dos argelinos como a de Paul Sartre.
Curiosamente o voto da ONU pela não-intervenção de forças de paz na Argélia incendiou a luta que se prolongava e ia transformando-se numa chacina. Discutiu-se na ONU, a questão argelina e o voto foi a FAVOR dos franceses.

SALDOS MACABROS:

* Membros da FLN mortos: 141 mil
* Membros da FLN mortos em expurgos: 12 mil
* Civis: 1 milhão (segundo o governo argelino)
* Soldados franceses mortos: 17 mil
* Colonos franceses mortos ou desaparecidos: 3 mil e 300
* Vítimas de atentados na França: 4 mil e 300
* Argelinos pró-França depois da guerra: 150 mil

CRONOLOGIA: Independência da Argélia completa 50 anos (Estadão, 16 de março de 2012).

FRANÇA, teu passado te condena!

No filme, este grupo está tocaiado e será explodido pelos franceses.
À direita, o ator Brahim Haggiag

A Batalha de Argel
Brahim Haggiag [1934-1996]
Ator
A Batalha de Argel
Desembarque dos para-quedistas em Argel

A Batalha de Argel
As mulheres carregam debaixo das roupas armas,
que serão repassadas aos membros da FLN

As fotos abaixo são reais:

Matanças!






terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Da ópera Flauta Mágica, de Mozart, desponta a interpretação primorosa desta "Rainha da noite"


Ópera, aprendemos a gostar delas! 

Olha só a capa! BBC, of course!
Wolfgang Amadeus Mozart foi um dos especialistas.
Sua ópera encantada possui elementos de contos de fadas
e seres sobrenaturais. 

DIRE STRAITS - INESQUECÍVEIS!

Um rock bom daqueles antigão!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Marcus Tulius Cicerus empresta seu lugar para Khaled Mohamad al-Asaad


Khaled Mohamad al-Asaad
(1934, Tadmor [Palmira], Síria, 2015, Tadmor [Palmira], Síria.)

A partir de hoje, 30 de novembro de 2015, o blog trocou de nome.

Voltarão para Roma as sábias palavras de Marcus Tulius Cicerus, "Historia testis temporum, lux veritatis" e virá do Berço da Humanidade, da Síria, da cidade de Palmira, um novo título, o do arqueólogo que aprendi a conhecer, respeitar e chorar pelo seu assassinato para o qual não tenho palavras.


Oitenta e um anos de sabedoria. A existência dele associada ao seu trabalho
em prol da arqueologia foram um presentes aos homens!

O arqueólogo tinha 81 anos quando foi executado em praça pública, na frente de uma multidão de bestas, seu corpo profanado, pendurado num poste com sua cabeça aos pés. Seus braços estavam amarrados para cima e seu corpo encharcado de sangue. 

Foi interrogado durante um mês. Chris Doyle, diretor do Conselho de Entendimento Arábico-Britânico, afirmou que uma fonte síria o informara que o arqueólogo havia sido interrogado pelo EI sobre a localização dos tesouros de Palmira e executado quando se recusou a cooperar.


O arqueólogo junto aos reis da Espanha

Carregava um cartaz redigido pelos seus carrascos,  com palavras horripilantes que me fizeram lembrar as vítimas do nazismo que por uma vertente de razões, eram enforcadas, penduradas em praça pública com cartazes pendurados junto ao peito "esclarecendo" ao público o motivo daquela barbárie.

"Representante da Síria em conferências infiéis, gestor da coleção de ídolos de Palmira, leal ao Presidente da Síria, Bashar al-Asaad ..."


Dois dos seus filhos junto à homenagem ao pai

O arqueólogo Khaled tinha 81 anos e ajudou a preservar os tesouros arqueológicos durante meio século. Ele próprio era um tesouro para a arqueologia. Durante 50 anos ajudou a descobrir e a preservar muitas das peças do gigantesco e inestimável "puzzle" que é a cidade de Palmira, patrimônio da UNESCO que caiu nas mãos do autoproclamado Estado Islâmico em maio de 2015.

Howard Carter de Palmira



Para Amr al-Azm, antigo diretor dos laboratórios de ciência e conservação da Síria, era "impossível escrever sobre a história de Palmira", ou sobre qualquer coisa relacionada com Palmira, sem mencionar o trabalho de Khaled al-Assad.

"É como falar sobre Egiptologia sem referir Howard Carter"  , disse Amr al-Azm ao jornal britânico  The Guardian, referindo-se ao arqueólogo inglês que descobriu o túmulo de Tutankhamon, em 1922.

A Veneza de Areia

Assim conhecida, a antiga cidade síria de Palmira está localizada na beira de um oásis de palmeiras e jardins. Era um centro rico de caravanas entre os séculos I e III, às vezes independente e em outros momentos sob controle de Roma.

Inacabado, o teatro romano remonta ao século II d.C., quando Palmira era um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo. Em meados do século XX, foi restaurado e utilizado como um local para o festival anual de Palmira...




Um oásis cultural
Tetráfilos

Ainda hoje, a paisagem está repleta de colunas greco-romanas antigas, arcos, templos e anfiteatros. Parte deste patrimônio já foi destruído, como o Templo de Bel (séc. I d.C.)


Templo de Bel - DESTRUÍDO!

Obras publicadas por Khaled Mohamad al-Asaad

Asaad, Khaled (1980). Nouvelles découvertes archéologiques en Syrie. Damascus. Direction général des antiguités  et des musées.

Asaad, Khaled; Bounni, Adnan (1984), Palmyra, Geschischte, Denkmäler, Museum. Damascus.

Asaad, Khaled (1995). "Restoration Work at Palmyra". ARAM Periodical.

Gawlikowski, Michael; Asaad, Khaled (1995). Palmyra and the Aramaeans. ARAM periodical 7. Oxford: The ARAM Society for Syro-Mesopotamian Studies.

domingo, 29 de novembro de 2015

What's goin' on?

Twenty-five years
[...]
I said, hey! What's goin' on?
[...]

Vinte e cinco anos
[...]

Eu disse: hey! O que está acontecendo?
[...]

What's Up?
4 Non Blondes

En passant, matando uma saudade do Oasis

[...]
"Times are hard,
when things have got no meaning
[...]

"Tempos são difíceis
quando coisas não tem significado algum"

Stand by me, Oasis.

Olhe as estrelas, veja como elas brilham para você e por tudo o que você faz [...], Yellow, Coldplay

Look at stars
Look how they shine for you
And all the things that you do
[...]

sábado, 28 de novembro de 2015

Cano de Johann Palchebel


Maravilhosa interpretação de James Gallaway, como parte da trilha sonora da  série "Cosmos" de Carl Sagan.

O Berço da Humanidade vai desparecer!

Museu de Aleppo, Síria
A Síria, juntamente com o Iraque, compuseram o BERÇO DA HUMANIDADE

O VILAREJO QUE CONSEGUIU DERROTAR A PESTE NEGRA

Albrech Dürer - Os quatro cavaleiros do apocalipse
Fome-Guerra_Peste-Morte
Em apenas oito dias de agosto de 1667, Elizabeth Hancock perdeu seus seis filhos e seu marido. Cobrindo a boca com um lenço para evitar o cheiro da decomposição, ela arrastou os corpos para um campo próximo e enterrou-os.
Os parentes de Hancock foram vítimas da peste negra, a praga mortal que atingiu a Europa deforma intermitente entre os séculos XIII e XVII, matando cerca de 150 milhões de pessoas.
A epidemia ocorrida de 1664 a 1666 foi particularmente grave e o último grande surto da doença na Inglaterra. Apenas em Londres morreram cerca de 100 mil pessoas, ou um quarto da população da cidade.


Lápides de Eyam são testemunhas do sacrifício
de um pequeno povoado na Inglaterra
Em meio à devastação, o vilarejo de Eyan, lar da família Hancock, virou palco de um dos episódios de autossacrifício mais heroicos da história da Grã-Bretanha - e foi um dos principais motivos pelos quais a disseminação da doença foi interrompida.
Eyan fica a cerca de 56 quilômetros de Manchester e tem, atualmente, cerca de 900 habitantes. É um típico vilarejo do interior da Inglaterra: tem pubs, cafés aconchegantes e uma igrejinha idílica.


Local onde Elizabeth Hancock enterrou sete membros de sua família
Há 450 anos, porém, só se via a destruição causada
pela peste negra: ruas vazias, portas marcadas com cruzes brancas e sons de agonia de pacientes moribundos atrás dessas portas fechadas.
A peste chegou a Eyan no verão (inverno no hemisfério sul) de 1665, quando um comerciante de Londres enviou a Hadfield, George Wickers que acabou agonizando até a morte. Em breve, toda a sua família contrairia a doença e morreria. Até aquele momento, a doença estava restrita ao sul da Inglaterra.
Apavorados com perspectiva de a praga se espalhar pelo norte, destruindo cidades e comunidades, os moradores perceberam que só tinham uma opção: a quarentena.


Pedras como esta delimitavam limites que não podiam ser
ultrapassados por moradores

Isolamento

Sob a orientação do padre anglicano William Mompesson, eles decidiram se isolar, criando um perímetro delimitado por uma barreira de pedras que eles prometeram não ultrapassar - até aqueles  que não apresentavam sintomas.
"Isso significava que eles não podiam evitar o contato com a doença", explica Catherine Rawson, secretária do Eyan Museum, que conta o caso em detalhes.
Também significava que era preciso fazer planos cuidadosos para assegurar que os moradores ficassem dentro dos limites e que outras pessoas fossem mantidas do lado de fora, mas que aqueles que estavam em quarentena ainda pudessem receber alimentos e outros mantimentos que precisavam.
Os moradores estabeleceram um sistema de barreiras feitas com pedras com pequenos buracos, onde deixavam moedas empapadas de vinagre, que acreditavam ter ação desinfetante. Comerciantes de vilarejos vizinhos pegavam o dinheiro e deixavam carne, grãos e enfeites em troca.
Atualmente é possível visitar a barreira de pedras. Localizadas a menos de um quilômetro do vilarejo, essas pedras chapadas e ásperas viraram uma atração turística. Para honrar as vítimas da doença, até hoje as pessoas deixam moedas nos buracos, que ficaram menos marcados com o tempo - e com crianças colocando os dedos dentro deles. 
Ainda não há consenso sobre a forma como a notícia da quarentena foi recebida pelos moradores. Alguns tentaram deixar o local, mas aparentemente a maioria aceitou seu dia de forma estoica e pediu a Deus para continuar viva.



Doze esqueletos do século XIV foram descobertos a dois metros e meio de profundidade
em Charterhouse Square, centro de Londres. No século XVI, a peste matou 50% da população inglesa.

'A peste, a peste'

Mesmo se tivessem deixado o local, ele certamente não seriam bem recebidos em outros lugares. Uma mulher saiu de Eyam para ir ao mercado do vilarejo de Tidesweel, a 8km de distância. Quando as pessoas perceberam de onde ela vinha, atiraram comida e lama, aos gritos de "a peste, a peste!".
À medida que as pessoas foram morrendo, o vilarejo começou a entrar em colapso. Estradas começaram a desmoronar e o mato dominou os jardins. 
Ninguém fez a colheita das plantações e os moradores passaram a depender de alimentos trazidos de outros locais.
Eles estavam vivendo com a morte, literalmente, na esquina, sem saber que seria a próxima vítima de uma doença que ninguém entendia. A peste de 1665 provavelmente lembrou o ebola em 2015, mas com ainda menos conhecimento médico.
Foram tomadas algumas providências para tentar impedir a disseminação da doença. Na primeira metade de 1666, 200 pessoas morreram.
Após a morte do homem responsável pelas lápides, os moradores passaram a gravar suas própria. 
Alguns como Elizabeth Hancock, enterraram eles mesmos os seus mortos, carregando os corpos das vítimas por meio de cordas amarradas aos pés delas para evitar contato com o morto.
Missas eram feitas ao ara livre para evitar a propagação da doença, mas em agosto de 1666 os efeitos foram devastadores: 267 pessoas, de UMA POPULAÇÃO DE 344, haviam morrido.
Acreditava-se que aqueles que não pegaram a doença tinham uma característica especial - hoje, especula-se que fosse um cromossomo - que impedia a contaminação. Outros acreditavam que rituais supersticiosos (como fumar tabaco) ou preces fervorosas paralisavam a doença.
A mulher de William Mompesson, Katherine, percebeu que o ar estava adocicado uma noite antes de apresentar sintomas - só por isso ele soube que ela sido infectada. Ironicamente, o odor agradável surgia quando as glândulas olfativas detectavam que os órgãos internos do paciente estavam apodrecendo.
"Isso e a crença dos moradores de que doenças eram transmitidas pelo ar os levaram a usar máscaras com ervas dentro", diz Aldridge. "Alguns chegavam a sentar em tubulações de esgoto: pensavam que a praga não poderia atingi-los em um local que cheirava tão mal".
Após 14 meses, a doença se auto-consumiu, desaparecendo quase tão subitamente quanto apareceu. A vida voltou ao "normal" e o comércio se restabeleceu de forma relativamente rápida porque a mineração de chumbo, a maior fonte de riqueza de Eyam, era muito valiosa para ser ignorada.
Hoje o vilarejo se transformou em uma cidade-dormitório para quem trabalha em Sheffield e Manchester, mas ainda há fazendas centenárias no caminho.
Para que visita a cidade, uma das coisas mais impressionantes são as placas verdes que foram postas nas casas de campo atingidas pela peste. Muitas listam inúmeros membros que cada família perdeu.
As placas são uma lembrança constante para os habitantes do norte da Inglaterra de que eles e seus ancestrais podem dever suas vidas a esse corajoso povoado.


Catacumbas de Paris com esqueletos de milhares de mortos pela peste


Reportagem BBC Britain
Eleanor Ross
20 de novembro de 2015
Texto original em inglês (clique nesta frase).

terça-feira, 24 de novembro de 2015

AMÉRICA: INDEPENDÊNCIAS - TRABALHO PARA OS MEUS ALUNOS

INDEPENDÊNCIAS
Voltaire Schilling
Historiador

A festa e a parada

Não importa o tamanho da comunidade, sejam nas megalópolis como Nova Iorque ou Los Angeles, sejam nos minúsculos condados da Nova Inglaterra ou os rincões perdidos do Arizona, quando se trata do 4 de julho -  a data nacional dos Estados Unidos da América - todos norte-americanos entram em ebulição. Nesse dia festivo, o povo inteiro sai às ruas para celebrar. São desfiles de bandas, com as indefectíveis(1) balizas, carros alegóricos exibindo os orgulhos locais, rojões por todos os lados e, no fim do desfile, os veteranos sobreviventes, os madurões ou velhinhos, que participaram das guerras da América. À noite, a festa cívica termina invariavelmente com um baile e uma barulhenta explosão de estrelas e fogos de artifício. Que DIFERENÇA do que por aqui se passa, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Na América do Norte a independência resultou de uma revolução popular, aqui um acerto, ou um conflagração exclusivamente militar onde o povo nativo não teve quase que nenhuma participação. A representação figurada dessa independência sem povo reflete-se na parada do 7 de setembro entre nós, ou no 9 de julho argentina: as forças armadas desfilam e a multidão ao lado, passiva(2), separada delas pelo cordão de isolamento, aplaude.


Os tipos de independência

A independência das Américas não foi, como se sabe, conseguida num só ímpeto, num repente. Ao contrário, resultou de um processo relativamente moroso (3), da crise do Sistema Colonial, iniciado com a Revolução Americana de 1776-1783, radicalizando-se com a Revolução Haitiana de 1791-1804 e, finalmente, concretizando-se entre 1810-1825, com a liberação das ex-colônias ibéricas, espalhadas da fronteira com os Estados Unidos até a Terra do Fogo. Durou, pois na sua totalidade, quase meio século. Como não  poderia deixar de ser, cada um desses episódios, o norte-americano, o haitiano e o hispânico-brasileiro, apresentou particularidades muito próprias.


A Revolução Americana

A Revolução Americana, por exemplo, se foi incapaz de abolir com a escravidão, inovou no terreno das formas políticas. Ela erigiu(4) pela primeira vez no mundo ocidental uma República Federativa Presidencialista, aprovada na Constituição de 1787, na cidade da Filadélfia, baseada na autonomia dos três poderes. Um sistema onde a representação popular se fazia presente em praticamente todas as esferas do governo e dos poderes, sendo que a maioria dos magistrados eram eleitos pelo voto direto dos cidadãos (apenas os homens livres). O federalismo(5), por sua vez, garantia que os pequenos estados, além de preservarem suas constituições, tivessem uma autonomia respeitada e os direitos de representação senatorial quase equivalente aos dos estados bem maiores.


A Revolução Haitiana

Haitiano, proveniente do Acre, desembarcando em Porto Alegre, RS
Quinze anos depois de ter-se iniciado a revolução Americana, um ex-cativo haitiano chamado Toussaint L'Overture, o jacobino negro, liderou a partir de 1791 a mais radical revolução de escravos da história moderna: a revolução haitiana, que, entre idas e vindas, se estendeu até 1804. Ela foi a mais radical de todas porque praticamente eliminou fisicamente toda a pequena classe de senhores de terras brancos, de origem francesa, que eram os principais responsáveis pela produção de açúcar daquela ilha caribenha. Como não poderia deixar de ser, a escravidão foi abolida e a independência alcançada, graças à vitória que Jacques Dessalines obteve em Vertiers contra o general francês Rochambeau, mas o Haiti foi incapaz de criar mecanismos institucionais democráticos.
A partir de 1804, aquela meia-ilha de São Domingos, foi governada por terríveis tiranias. A revolução dos escravos, por sua vez, além de encher de medo, colocou em estado de alerta o resto da América escravista. A solução de independência negociada que terminou sendo adotada no Brasil, o maior império escravista do mundo naquela época, de certo modo foi decorrente do pavor que a rebelião haitiana provocara.


A revolta dos crioulos(6)

Simon Bolivar, o Libertador

Com a ocupação das terras da Espanha pelos exércitos de Napoleão Bonaparte, a partir de 1808, e a insurgência(7) e dos padres contra o invasor que se generalizou por toda a Península Ibérica(8), os lados que mantinham os vice-reinados espanhóis da América com a metrópole começaram a ser desfeitos. As oligarquias crioulas hispânicas (latifundiários, grandes comerciantes, membros da burocracia civil e militar), inspirando-se no exemplo dos norte-americanos de 1776, e explorando uma certa hesitação da poderosa igreja católica colonial, viram na desordem que acometia o Reino, a oportunidade de também lutarem pela independência.
Em cada canto do colossal império hispano-americano surgiu, a partir de 1810, um "Libertador":

Bolivar (na atual Venezuela);
San Martin (na Argentina);
Artigas (no Uruguai);
Sucre (na Bolívia);
O'Higgins (no Chile);
Santander (na Colômbia);
Francia (no Paraguai);
Itúrbide (no México), etc.

Em nenhum deles, talvez com exceção do caso Uruguai, registrou-se uma participação popular significativa.
Desde as terras mexicanas, passando pela Cordilheira dos Andes, chegando até a Patagônia, os antigos vice-reinos espanhóis (da Nova Espanha, da Nova Granada, do Peru e do Prata), fragmentaram-se, depois de 15 anos de guerras, em inúmeras repúblicas. Essa conquista da autonomia ao peso de socorrer-se das armas, fez com que inevitavelmente as instituições civis se fragilizassem perante a soberba dos militares. Portanto, as constituições republicanas, outorgadas(9) ou proclamadas pelo continente liberado, inspiradas na norte-americana, na maioria das vezes reduziu-se a letra morta(10). O regimento interno do exército e a vontade de um general quase sempre se sobrepunha à normalidade constitucional, quase sempre tumultuada pelos "pronunciamientos" dos comandantes militares.



José Bonifácio, o Patriarca da Independência

Num primeiro momento, as forças pró-independência no Brasil tentaram a via insurrecional(11), com o fracassado levante autonomista de 1817 no Nordeste (que voltou à cena da política nacional com o movimento republicano-separatista da Confederação do Equador de 1824). O temor porém que ocorresse um super-Haiti ou uma longa e dolorosa guerra fraticida como estava ocorrendo nos outros países vizinhos, fez com que as oligarquias brasileiras refletissem em busca de uma ou outra solução, uma terceira via entre a terrível matança de brancos que a revolução dos escravos haitianos provocara e a guerra contra a metrópole  espanhola. Daí independência brasileira procurar navegar em águas mais calmas da solução negociada e conciliatória. A saída encontrada, com o empenho especial de José Bonifácio , foi convencer o Príncipe Regente português D. Pedro de Alcântara a aceitar romper com as Cortes metropolitanas, ao mesmo tempo em que por aqui - seguindo o exemplo do General Itúrbide do México (que proclamou-se imperador como Augustin I) -, entronavam-no como Imperador do Brasil, tornando-se D. Pedro I. Para evitar uma calamitosa rebelião das senzalas e por força do espírito iluminista a que aderira, José Bonifácio estudou a possibilidade de uma proibição progressiva do tráfico de escravos que demandava uns cinco ou seis anos, bem como apresentou à Constituinte de 1823, um projeto que visava a abolição. Não conseguiu nenhum dos intentos(12).


A conciliação

Com a adoção vitoriosa dessa política de conciliação (entre os interesses de uma independência inevitável e uma dinastia que aqui garantiria os interesses de continuidade dos portugueses) liderada pelos irmãos Andrada:

* mantinha-se ainda um lado afetivo e dinástico com o Reino de Portugal, dando continuidade à soberania civil e à integridade territorial do ex-Império Colonial Português).

* contornava-se a praga caudilhista(13) que assolava o resto da América espanhola e, evitando a sucessão de tiranos militares, ou a intermitente guerra intra-caudilhista que infelicitava os países latino-americanos.

 * impedia-se que uma guerra civil de longa duração contra a metrópole "contaminasse" as senzalas levando-as à rebelião sangrenta e vingativa.


A exceção baiana

A resistência maior a esse acordo, além de outros focos de intransigência(14), como ocorreu em Belém do Pará, deu-se por parte do General Madeira de Mello, o comandante português da Bahia, talvez a província mais rica do Brasil naquela época, que rebelou-se contra a solução negociada, negando-se a reconhecer a autoridade de D. Pedro I, bem como sua ordem para que regressasse a Portugal. Por isso, até hoje, os baianos celebram a data da independência num dia especial, o 2 de julho de 1823, quando as tropas portuguesas cercadas pelo General Lima e Silva e pelo Almirante Cochrane, reembarcaram em Salvador de volta para a metrópole.






domingo, 22 de novembro de 2015

Massacre terrorista e geração Bataclan - fragmento

[...]

          A "guerra" e a política de repressão não bastam. É preciso também compreender como esses terroristas chegaram a ser o que são ou foram. Ninguém nasce terrorista. Torna-se. Quais são as causas? Compreender é a condição da ação política. Examinar as causas históricas é fundamental. Desde os anos 1950 que os Estados Unidos e o Ocidente contribuem para desestabilizar o Oriente Médio (Irã, Iraque, Afeganistão, Síria, Líbano, Iêmen),


O que deve pensar um iraquiano ou mesmo um árabe ao ver uma foto assim?
Por que o soldado dos EUA está sorrindo junto a um rapaz seminu, morto ou vivo, não sei?

favorecendo guerras, terror e derrubadas de governos, alianças religiosas e políticos como bodes expiatórios. O resultado é a desordem política, militar e cultural que favoreceu vagas de terrorismo e da extrema-direita. 
          O islamismo radical aproveitou-se da miséria da juventude ligada à imigração na Europa e da falta de perspectivas para ela. As desigualdades econômicas e sociais e certo apartheid criaram as condições favoráveis ao recrutamento desses meninos. E, outras palavras, a desigualdade econômica



econômica e social desempenham um papel político tão importante nisso tudo quanto os fatores religiosos considerados nesse fascínio pelo ódio ao outro, pela guerra e pela pureza. Os fatores religiosos não explicam tudo. A globalização das informações permite que tudo seja visto. A mídia, principalmente as redes sociais, são acumuladores de boatos, de ressentimentos e de fechamento comunitários.
[...]
MASSACRE TERRORISTA E GERAÇÃO BATACLAN
Dominique Wolton, sociólogo e pesquisador francês.
Correio do Povo, 21 de novembro de 2015.



Para as gerações mais novas e as mais esquecidas: 
o Velho Mundo já teve seus grupos 
terroristas da pesada:


Baader-Meinhof  (1970), Alemanha. Na foto Andreas Baader e Ulrike Meinhof, líderes.
Sequestros, assaltos e assassinatos fizeram parte do cardápio.
O IRA (Exército Republicano Irlandês) foi a causa do ataque no Hyde Park, Londres no qual morreram
quatro soldados ingleses cavalarianos e mais sete cavalos.
O ataque aconteceu durante uma parada comemorativa.
Enterro de um dos cavalarianos
Corpo do chanceler Aldo Moro, assassinado pelas Brigadas Vermelhas (1978) na Itália