Orgulho!

Orgulho!

sábado, 26 de março de 2011

TRÊS CASAS CACHOEIRENSES

GRANDE ALBUM DE CACHOEIRA
BELLEZAS ARCHITECTONICAS
Residencias Particulares


CASA NÚMERO UM


Obs: na imagem aparecem duas pessoas na sacada: um senhor e uma menina. A menina não vive mais no Brasil.

Esta e as demais imagens antigas:
Grande Álbum de Cachoeira
História,
Comércio,
Agricultura,
Pecuária,
Indústrias,
Artes,
Letras
Centenário da Independência do Brasil
Organizador: Benjamin C. Camozatto
Cachoeira 1922
(Clichês, impressão e encadernação executados nas oficinas gráficas da Escola de Engenharia de Porto Alegre, 1922)


Cortesia: Arquivo Histórico Carlos Salzano Vieira da Cunha



Imagem: morada atual da professora Dilma Gomes Eilert
Local: Av. Presidente Vargas, esquina rua Comendador Fontoura

Foto: Renate Aguiar (02.04.2011)

Esta linda moradia possui história, aliás como todas. Aliás como as nossas, também.
Foi construída por Walter Quambusch.
Segundo o advogado Armando Fialho Fagundes, carinhosamente chamado pela Mirian Ritzel de "Enciclopedia Armando", conheci o Quambusch, genro do José Muller, fundador da Sociedade Rio Branco e cunhado do Ernesto Muller.


Imagem: Sociedade Rio Branco, 100 anos de "Concórdia"
Página 29


Foi morar nos EUA com uma filha que já estava lá e lá morreu, completa Fagundes.


De fato, Walter Quambusch casou-se com uma das filhas de Joseph Müller, Luise. Tiveram uma única filha, Ingeborg também conhecida como Inge ou Nina.

Minha mãe, Anna, com a morte repentina do seu pai, Karl Heinrich Gerhard Ruseler, professor e pastor em Paraíso do Sul e Cerro Branco partiu para Cachoeira em busca de emprego. Tinha lá seus 17-18 anos. Trabalhou quase dois anos com a família Quambusch. Durante todos os anos vividos, D. Anna relembrava o quanto aprendeu com esta família.

Imagem: Anna Ruseler "bei Quambusch, 1935", conforme consta atrás da foto
As colunas que aparecem na foto permanecem iguais. No fundo, uma pedaço da Villa Minssen.

Acervo pessoal

Herdou livros, vivência e lembranças positivas.

Imagem: livro antigo editado em Stuttgart e presenteado por D. Luise Quambusch a Anna Ruseler
Acervo pessoal



Imagem: dedicatória a Ingeborg datada de 1927. Há um outro livro com dedicatória, datado de 1932 presenteado a Inge por sua avó.

Segundo D. Anna, Luise, Walter e Ingeborg (um nome da mitologia nórdica) foram à Alemanha numa "hora errada". A II Guerra estava prestes a estourar.

Walter era alemão. A Segunda Guerra Mundial impediu que da Alemanha retornassem ao Brasil. Por lá, Inge conheceu um soldado (ou oficial americano)chamado Charles P. Thompson. Casaram e foram morar em Santa Fé, Novo México, EUA.

O casal, Luise e Walter, retornou ao Brasil. Luise Müller Quambusch, nascida em 20.12.1890, faleceu em 25 de dezembro de 1958. Henry Carl Walter Quambusch avançava os 70 anos e foi morar com Inge (também conhecida pelo apelido de "Nina" nos Estados Unidos, vindo a falecer em 22 de julho de 1969.

No Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul apenas Luise foi enterrada. Na lápide do monumento consta uma placa "in memoriam" a Walter.

O que ainda não sei mas vou descobrir é se a professora Dilma comprou a linda morada diretamente da família Quambusch.
Passou-se muito tempo. Poucas pessoas em Cachoeira tèm recordações desta família.
E quanto às fotos, será que existem algumas espalhadas dessa família pelas gavetas das pessoas antigas da cidade?
Bom pergunta!

Segundo depoimento do Eduardo Minssen:

"Conheci muito pouco dos Quambusch.
Pena que não tenha perguntado mais para as tias*.
Lembro quando o terreno** foi vendido (meados dos anos 60) e o Dr. Willy Fürstenau construiu a casa onde hoje mora a tia Ilka.
Ali era um mato de goiabeiras.
Na minha infância já morava ali o Arno Junqueira, gerente da Corsan".


** Cecília, Otília, Ana e Sara.
** A Villa Minssen está situada do lado da ex-morada dos Quambusch, pela Comendador Fontoura. Na segunda foto, a recente, percebe-se ao fundo a cumeeira da reforma efetuada pelo novo proprietário da Villa, Eduardo.


Imagem: Renate Aguiar, 2010
Um show à parte:
A Villa Minssen é uma das mais belas moradas da minha cidade

Voltando à morada Quambusch, comparando a foto antiga com a recente, percebem-se mudanças. A casa foi ampliada para os dois lados (rua Presidente Vargas e rua Comendador Fontoura).
Segundo a proprietária atual, ela foi adquirida em 1970. Dilma morava em frente a ela pelo lado da rua Comendador Fontoura e soube que a morada encontrava-se à venda.
Entrou em contato através de uma carta (o endereço havia sido fornecido pelas irmãs Minssen) com a filha de Walter e Luise, Inge que morava já havia tempo em Santa Fé nos Estados Unidos. A intermediação da compra foi feita pelo procurador do casal Eilert (Aldo e Dilma), Achylles Figueiredo.
Dilma contou que na garagem original havia um poço d'água e a casa, por ocasião da compra estava bastante danificada pelos cupins.

Imagem: planta da reforma da morada Quambusch
Cortesia: Dilma Gomes Eilert

A reforma foi realizada pela Construtora Cachoeirense respeitando ipsis literis o padrão da morada original. Também houve uma ampliação pelo lado da av. Presidente Vargas resultando hoje numa casa muito mais espaçosa do que a do casal Walter e Luise.
Mas convenhamos que, mesmo sendo a casa original relativamente pequena ela tinha estilo e classe.


Quanto à foto antiga, estou suspeitando que nela aparecem Walter com sua filha Inge.


Se Ingeborg Quambusch fosse hoje viva, estaria rondando os 90 anos. Alguém sabe notícia da sua descendência?


CASA NÚMERO DOIS



Este lugar hoje é muito frequentado.




Imagem: Lancheria Santa Maria
Local: rua Júlio de Castilhos


Esta linda morada pertencia ao sr. Ernst Müller.


Imagem: Ernst Müller
Fonte: livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996. Gráfica Jacuí, 1996


Era cunhado de Walter Quambusch (Quambusch era genro de Joseph Müller. A esposa de Walter, Luise, era nascida Müller, filha de Joseph. Conclui-se que Joseph e Ernst eram irmãos)

No livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996, consta na página 27:

"Ernst Müller (1873-1950) era austríaco, natural da Boêmia. Filho de Floriano Müller e Bárbara Demuth, veio para o Brasil com três anos de idades. Seus pais e mais seis irmãos fixaram-se na Colônia de Santo Ângelo. De seu casamento com Luize Zimmer, nasceram as filhas Wanda e Beda.



Fonte: livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996. Gráfica Jacuí, 1996

Aos 21 anos, participava, como sócio, da firma José Müller & Irmão.
Foi presidente da Sociedade Rio Branco por vinte e dois anos, Sociedade esta que ajudou a fundar.
Exerceu outras atividades como Conselheiro Municipal, sócio-fundador da Liga Operária Cachoeirense, diretor da "Organização do Hospital Brasileiro" (1920), que superintendia o HCB, onde foi provedor durante 10 anos, promotor de campanhas de alfabetização e ainda colaborador da construção, em 1893, da Deutsch-Evangelishe Schule que vem a ser hoje o Colégio Sinodal Barão do Rio Branco.
Recebeu homenagens em vida e póstumas.
A Sociedade Rio Branco prestou homenagem especial dedicando-lhe uma praça, cuja placa consta abaixo:



Fonte: livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996. Gráfica Jacuí, 1996

Conheci esta morada já meio decadente. Lembro-me de ter entrado certo dia neste "corredor" formado pela cobertura lateral e lá no fundão havia uma pessoa que fazia carimbos. Havia outras atividades por ali na época porém não reparei. Depois parece que havia uma academia de ginástica. A coisa foi, foi, foi até o dia no qual passei a reparar que lentamente o prédio começou a ser reformado. A maior parte da vista externa foi mantida. O charme especial da construção que era a aba lateral com grade se foi, mas ...
Hoje então é uma lancheria, quem diria!



Imagem: detalhe da bela sacada (a cabeça da esquerda está danificada)
Renate Aguiar


Para fins de comparação, a sacada da Villa Minssen que possui maior riqueza de detalhes:



ESTA FOTO ENCONTREI HOJE DE MANHÃ NOS MEUS ALFARRÁBIOS:


Imagem: acervo pessoal
Época: por volta de 1940?
Local: morada de Ernst Müller


Reparem no fundo a linda área coberta em madeira toda trabalhada. Enviei esta foto à Mirian e à Ione.
Pois foi a preciosa Mirian que ficou bem antenada na "moldura" da fotografia.
Respondeu assim:

"O Ernesto foi presidente-salvador da SRB. E a foto parece ter sido feita na casa dele, naquela área lateral que hoje está tomada pelo atendimento dos Lanches Santa Maria. Reparaste que ele estava de luto?" Mirian estava se referindo aquela tarja preta, chamada fumo, usada na gola".


1. Luise nascida Zimmer Müller
2. Ernst Müller
3. Wanda Müller (filha de Ernst e Luise)
4. Engelbert Müller
5. Carl Müller
6. ?
7. Nair Schmidt
8. Lúcia Schmidt


CASA NÚMERO TRÊS

A N T E S ...



Pairam dúvidas sobre "se são as mesmas casas" ...

Enviei e-mail a alguns conselheiros do COMPAHC e ao Eduardo Minssen:

"Oi! Estou com dificuldades para identificá-la. No álbum do Camozatto diz que a morada pertenceu a Emílio Barz ... O que acham? Renate"


Armando Fagundes:
Por último era do Osmar Bidone mas bastante descaracterizada. Conheci o Quambusch, gento do Jose Muller, fundador da Soc. RB, e cunhado do Ernesto Muller. Foi morar nos EUA com uma filha que já estava lá e lá morreu.

Mirian Ritzel:
Hoje pela manhã conversamos, Ione e eu, sobre a casa do Emilio Barz. D. Lya, como te disse, não a identificou. Mas a Ione lembrava de conversas no Museu sobre a casa dele ser a da Isa Bidone, aquela demolida pelos Tischler na esquina da Rua Saldanha com Milan Krás. Achei a seguinte informação em meus alfarrábios, que pode confirmar a conversa do Museu, mas ainda não determina que a casa seja a mesma. Tentei localizar mais alguma coisa, que segue abaixo.

Ainda diz Mirian: mexendo em meus alfarrábios, encontrei o seguinte:
Casa de Isa Bidone: localizava-se na esquina da Rua Saldanha Marinho com Dr. Milan Kras, demolida em 2001. Foi construída, em 1913, pelo alemão Walter Quambusch. Depois ele a vendeu e construiu a casa que serve de residência a Dilma Eilert, no Bairro Rio Branco, esquina da Rua Comendador Fontoura com Presidente Vargas. A casa de Isa Bidone (destruída pelos Tischler, na Rua Saldanha Marinho) também pertenceu a Emílio Barz.


Deutsch Brasilianischer Ortschulverein*: fundado em fevereiro de 1913, composto pelo Presidente Dr. Augusto Priebe, Vice-presidente Carlos Böer, Jorge Machlei, 1º. Secretário, Carlos Krause, 2º. Secretário, Arthur Fetter, 1º. Tesoureiro, e Emílio Barz, 2º. Tesoureiro. O diretor da escola, Pastor Christiano Sellins, também teria voto deliberativo nas resoluções da diretoria.
* futuro Colégio Sinodal Barão do Rio Branco.

Renate comenta:
"Seria a mesma casa reformada depois? A foto em questão é de 1922, do álbum do Camozato."


Nelda Scheidt
"Olá Renate!
Não conseguí identificar a residência
Grande Abraço. Nelda


Do Eduardo Minssen:
No filme de 41 aparece a casa dos Bidone recém construída!
Esta é no mínimo 25 anos mais velha. Não estou identificando.



Renate
De qualquer forma, agradeceria muito se alguém que estivesse lendo esta postagem pudesse ajudar a confirmar as informações.
Vê-se bem que não é fácil. Mas é assim mesmo.
Caso seja confirmado que a morada é realmente a famosa Mansão dos Bidone, só temos a lamentar de novo a perda dela e das duas belíssimas casas que ficavam ao lado.
Não sei se isso se chama progresso.
Só sei que a gente vai ficando com fama de lamurienta, de refém do passado, de impedir o progresso, etc.


D U R A N T E


Fonte: http://cachoeiradosuleaqui.blogspot.com/

D E P O I S


Progresso?


Efeito rede de supermercados IMEC*?

* Na época das demolições a rede ainda não havia se instalado na cidade. Até bem pouco tempo atrás ainda havia uma placa anunciando " Aqui, em breve, novas instalações Rede Tischler".

"T E R R A
A R R A S A D A!"




Deserto entre a Saldanha Marinho e Milan Krás ...

É chocante a visão de uma tapera desnuda em plena área nobre da cidade. Restaram grades e portões. Sabe lá o que foi feito do material da demolição. Eram casas aristocráticas e de alto padrão de construção. Dizem as más línguas que o portão de entrada da casa dos Bidone foi transferido para uma morada de praia. Patético?
A memória da minha Cachoeira segue escorrendo pelo ralo.
Alguém comentou comigo que na capital do tango as coisas estão acontecendo meio parecidas. Belos e históricos prédios estão sendo demolidos para dar espaço a modernas e suntuosas torres.
Quem conhece Paris, sabe o que estou falando. No centro antigo não se vê poluição de prédios modernos. É como se a cidade tivesse sido congelada no tempo. Os arranha-céus habitam outras praias, mas distantes.

terça-feira, 22 de março de 2011

EMIL WICHMANN: DE DEXHEIM PARA O BRASIL

Modesta biografia dedicada a uma de suas netas,
Rachel,
que partiu cedo demais.




Em 1871 é consumada a Unificação Alemã como obra do chanceler Otto von Bismarck.

Imagem: chanceler Otto von Bismarck

Após o término da Guerra Franco-Alemã (1870-1871), a França foi obrigada a ceder a região da Alsácia e Lorena e a pagar uma elevada indenização de guerra. Arrebatados pelo entusiasmo patriótico da guerra, os estados do sul da Alemanha uniram-se à Liga Setentrional Alemã, constituindo o Império Alemão ou "Reich". Em Versalhes, o rei Guilherme I da Prússia foi proclamado imperador da Alemanha, no dia 18 de janeiro de 1871.


Imagem: Kayser Guilherme I

A unidade alemã não foi o resultado de uma deliberação do povo, "de baixo para cima", mas de um pacto entre os príncipes, "de cima para baixo".
Bismarck governou dezenove anos como chanceler do império. Com uma decidida política de paz e de alianças procurou dar ao império uma posição forte dentro da nova constelação de forças na Europa.

Não tinha compreensão para com as tendências democráticas da época; considerava a oposição política como "inimiga do império". Lutou obstinadamente contra a ala esquerda da burguesia liberal, contra o catolicismo político e contra o movimento operário organizado. O operariado em franco crescimento foi alheado do Estado, apesar das leis sociais progressistas.

Bismarck foi demitido pelo jovem imperador Guilherme II, em 1890.

Imagem: Kayser Guilherme II

Guilherme II queria governar pessoalmente, mas faltavam-lhe para tanto conhecimentos e perseverança. Com seus discursos, mais do que com suas ações, ele transmitia a impressão de ser um tirano que ameaçava a paz. Sob seu reinado, a Alemanha deu início à "política internacional" que buscava recuperar o terreno perdido na corrida imperialista das grandes potências. Na política nacional, Guilherme II adotou uma linha reacionária, logo que viu não ter o sucesso rápido desejado na sua tentativa de conquistar a classe operária para um "império social".

Fonte: Perfil da Alemanha, 1996. Obra publicada pelo governo alemão e distribuída às embaixadas e consulados do país.


Nesta Alemanha que coligava com setores burgueses e conservadores que excluiu a sua maior força partidária - a Democracia Social - de qualquer participação no governo nasce Emil Wichmann que um dia na vida, como milhões de seus compatriotas, vai embora da Alemanha. Profissão: operário da construção civil.
Emil era filho de Gottfried e Bárbara, nascida Sander, Wichmann. Nasceu no dia 21 de junho de 1898 numa pequena cidade do estado Renânia Palatinado: Dexheim.


Foto: cortesia Sérgio Lovatto
Emil aparece à esquerda ao lado dos irmãos Fritz, Jacob e Johann (que está com a esposa Clara e o filho também chamado Johann). A foto é em Dexheim.


Emil muito jovem, por volta dos seus 16 anos já pegava no trabalho pesado como era muito comum na época: crianças e adolescentes trabalhavam duro muitas horas por dia.



Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Operários da construção civil numa obra em Düsseldorf
Data: abril de 1914
Emil (assinalado) está nesta época com 16 anos.

Dentro de quatro meses (1º/08/1914) dar-se-á o início da Primeira Guerra Mundial, da qual Emil tomará parte e dela sairá com sequelas que o acompanharão por toda a sua vida.



Imagem: Bodas de Ouro de Gottfried e Bárbara Wichmann (década de 20?)
Cortesia: Sérgio Lovatto

Emil não aparece na foto. O filho desgarrou-se da família e da Alemanha e já havia emigrado com 26 anos para o Brasil.
O ano é 1924, na vigência de leis brasileiras que enfraqueciam o processo imigratório até a Constituição de 1934 restringir a quota de imigrantes a 2% sobre o total já imigrado nos 50 anos anteriores segundo citação de Sílvio Aloysio Rockenbach
e Hilda Agnes Hübner Flores no livro Imigração Alemã, 180 anos - História e Cultura.

EMIL E A 1ª GRANDE GUERRA


Imagem: as tenebrosas e mortíferas trincheiras.
Fonte: livro "Der Weltkrieg in seiner rauhen Wirklichkeit", 1927, Oberammergau.

A cidade natal de Emil Wichmann, Dexheim, localiza-se no distrito de Mainz-Bingen, estado da Renânia-Palatinado. Pertence ao "Verbandsgemeinde", município de Nierstein-Oppenheim.

A "pequena" (grande) história de Emil (21/06/1898 - 14/02/1954) é a de um rapaz numa Alemanha em plena crise recessiva (pós Primeira Guerra Mundial) que vive a encruzilhada de tantos dos seus co-cidadãos: os traumas, o desalento, as dificuldades da sua geração, a luta das suas famílias, as sequelas da guerra, a reconstrução do país e as ondas migratórias. Estas levaram milhões de alemães desde o século XIX para o Brasil, Estados Unidos, Canadá, Paraguai, Argentina, Chile, Peru, Uruguai. Estou falando apenas dos países receptores de emigrantes na América.
O rapaz de Dexheim ainda adolescente foi soldado da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).



Cortesia Sérgio Lovatto
Imagem escaneada da Caderneta Militar (Militärpass) de Emil Wichmann que lutou na Primeira Guerra Mundial
Nota: tenho quase certeza que é a ÚNICA caderneta que existe na cidade de Cachoeira do Sul. É um documento raríssimo.



Imagem: página interior do Militärpass pertencente a Emil Wichmann.
Na imagem consta a data do registro "serviço de entrada" da incorporação no Exército Alemão: 20 de novembro de 1916. Nesta data, Emil estava com 18 anos.


Durante os anos nos quais foi soldado se ainda havia alguma inocência latente da sua infância, esta foi apagada pelos horrores dos campos da morte agora com novos ingredientes: metralhadoras, gases letais, aviação, tanques, granadas, ataques a cidades e civis. Juntam-se às "novidades bélicas" as batalhas infindáveis e mortíferas nas trincheiras.


Imagem: balão espião, verdadeiro terror de qualquer front, prepara-se para decolar.


Imagem: infantaria alemã com máscaras em meio a nuvens de gases letais.


Imagem: infantaria blindada e aviação: "novidades tecnológicas decorrentes da Revolução Industrial".


Imagem: após bombardeio pesado, infantaria alemã realiza "limpeza" em ruínas de um povoado francês. Com a 1ª Grande Guerra toma corpo a prática de atacar cidades e população civil.

Fonte: "Der Weltkrieg in seiner Rauhen Wirklichkeit" (A guerra mundial em sua realidade nua e crua), 1926, Kriegsbilder-Werk mit 600 Bildern aus allen Fronten. Verlag: Hermann Rutz, Oberammergau.

A Revolução Industrial plantou novas invenções e tecnologias TAMBÉM no âmbito da produção de armas.
Nesta guerra que teve a duração de quatro anos defrontaram-se a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Império Russo) e a Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália).


Causas?

Eis algumas principais:

* Disputas imperialistas;
* Nacionalismos exacerbados (pan-germanismo e pan-eslavismo);
* Política de alianças;
* Rivalidades territoriais;
* Revanchismo.




Foto: cortesia Sérgio Lovatto (neto de Emil e Emilie)
Emil Wichmann e recrutas em treinamento para a guerra. A data provável da foto é de 1915 ou 1916.


Emil atuou na Luftschiffer Bataillon nº 4, uma espécie de "Unidade Balonista". Como balonista realizava operações aéreas de espionagem e outros detalhamentos. Participou de batalhas atuando no exército até 1919 quando deu "baixa". Foi ferido, ficando com fragmentos na cabeça que não puderam ser retirados. Em breve, Emil tomará a decisão de embarcar no porto de Hamburgo com destino ao Brasil. A data é 1924 e o jovem alemão está com 26 anos.

RUMO À ESTAÇÃO BRASIL

EMIL TOMA A DECISÃO, ENFRENTA A BUROCRACIA E A VIAGEM


Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Documento: Reisepass (Passaporte)
Local de emissão: Oppenheim
Data: 3 de janeiro de 1924 (às vésperas do embarque)



Imagem: na lista de passageiros que saíram do porto de Hamburgo em direção ao mundo, consta o emigrante Emil Wichmann. O ano é 1924.

Obs: para acessar detalhes do embarque na internet é necessário o pagamento de uma taxa de 29,95 euros, isto é, quase R$ 100,00.


Antes de embarcar no navio, Emil atende a demanda de uma grande burocracia fazendo parte dela muitos carimbos do Consulado Brasileiro de Wiesbaden.

Enquanto Emil corre atrás da documentação durante o ano de 1923, na Alemanha os distúrbios do período do pós-guerra alcançaram seu ponto culminante (inflação, ocupação da região do rio Ruhr, intento de golpe de estado por Hitler, tentativas dos comunistas de tomar o poder). A seguir, com a recuperação econômica, estabeleceu-se uma certa calma política.

No Brasil, explode no Rio Grande do Sul a Revolução Gaúcha - o pica-pau Borges de Medeiros & o maragato Assis Brasil.
Quem governa nosso país é Artur Bernardes cujo tempo caracterizou-se por intensa agitação política e militar.

No ano que Emil chega ao Brasil, 1924, inicia-se a segunda grande revolta tenentista, a Revolução Paulista de 1924, considerado o mais sério dos levantes que acabou por levar à formação da Coluna Prestes.

Emil ficará na famosa Hospedaria Ilha das Flores no Rio de Janeiro, cujo carimbo acusa a data da sua chegada: 13 de março de 1924.


A PREPARAÇÃO

Quem pensava que o Brasil fosse a Meca da burocracia ...
Emil prepara sua viagem peregrinando pelo Consulado do Brasil em Wiesbaden e por departamentos que lhe dariam atestado de saúde, de trabalho (profissão), de bom comportamento, enfim, nada que desabonasse ou prejudicasse a vinda e a chegada do rapaz à terra depois do fim do Atlântico.



Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Documento: Ärzliches Attest, documento de saúde
Data e local: Oppenheim, 19 de dezembro de 1923.

Atenção! Repare nos três carimbos:
1º - Volksstaat Hessen (Estado de Hessen)
Kreisgesundheitsamt Oppenheim
(Departamento de Saúde local Oppenheim)

2º - Consulado Brasileiro de Wiesbaden

3º - Consulado de La Republica del Uruguay, Rio Grande, em 31 de março de 1924.




Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Documento: Certidão Profissional
Data: 4 de janeiro de 1924



Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Documento: Reisepass - Passaporte


* Na medida que o tempo permitir seguirei completando esta parte. Publicarei a foto de outra jóia da coroa: o embarque de Emil no porto de Hamburgo.

Pensamos muitas vezes que a grande maioria dos imigrantes eram camponeses ou operários. De fato, o raciocínio está correto. Porque pensando bem, se estou bem empregado no meu país, as crises não me perturbam, minha família vai bem, obrigada, por que tomaria a decisão de partir? Também não é tão simples assim. Muitos partiram devido a perseguições políticas, outros diante da guerra iminente, mais outros por aventura e havia aqueles que ganhavam um bom dinheiro coordenando o fluxo de saída/entrada dos países, conduzindo os migrantes para as respectivas colônias de povoamento.
Havia ainda os "Brummer", soldados alemães recém saídos de guerras no Norte da Europa e defensores de ideias liberais. Foram contratados pelo governo brasileiro em 1851, para combater Rosas, da Argentina. Na verdade, poucos lutaram na batalha de Monte Caseros, que derrotou o ditador. Passaram penúrias e desertaram segundo consta no livro "Imigração Alemã: 180 Anos - História e Cultura".

Emil foi o único da sua família que veio ao Brasil. Segundo seu neto, Sérgio, a família era numerosa, sem saber ao certo, falou em onze irmãos.

Em janeiro de 1924 Emil embarca no porto de Hamburgo



Reisepass (Passaporte)
Hamburg Hafen (Porto de Hamburgo)
Ausgereist an 21/02/1924 (Deixou o país em ...)



Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Embarque no porto de Hamburgo


Para onde olha Emil?
Para além do Atlântico?
No grupo predominam os homens (vinte e oito), há poucas mulheres (oito) e apenas seis crianças.
Parecem todos bem, alguns com um leve sorriso e muita roupa, afinal é inverno no hemisfério norte.


Hamburgo por ser cidade portuária foi presa preferida pelos ataques aliados. Ardeu em chamas até quase a sua destruição completa durante a Segunda Guerra Mundial.

No final da Idade Média, mais precisamente na Baixa Idade Média, Hamburgo fazia parte da Liga Hanseática juntamente com cidades famosas tais como Bremen e Lübeck. As hansas tinham o intuito de proteger comércio e comerciantes num tempo no qual estas atividades eram muito perigosas.

Hoje, Hamburgo totalmente reconstruída, é a segunda maior cidade da Alemanha e possui o principal porto do país. Está localizada no norte e é banhada pelo rio Elba.


De Hamburgo rumo à Estação Brasil. Ponto de desembarque: Ilha das Flores. Local para hospedagem: Hospedaria Ilha das Flores. Meio mundo teve neste lugar, parada obrigatória. Mas o que havia neste lugar de tão especial?


Imagem: Hospedaria Ilha das Flores, Rio de Janeiro


Imagem: Carimbo da Hospedaria de Imigrantes Ilha das Flores, Rio de Janeiro

Vou falar um pouco mais sobre esta famosa hospedaria amanhã.
Por enquanto, Emil ainda está em alto mar, fazendo planos e costurando sonhos.


A VIAGEM

Segundo o livro de Sílvio Rockenbach e Hilda Agnes Hübner Flores, "a travessia do Atlântico durava até três meses e era feita em navios à vela, frágeis "cascas de nozes" boiando na imensidão do oceano.

Josef Umann, que imigrou em 1877, relata a presença de animais vivos - algum gado, porcos e galinhas - para serem consumidos na viagem. Nas despensas das embarcações encontrava-se ainda verdura seca, pão, cachaça e algum vinho para os doentes. A água logo tornava-se imprópria para o consumo por causa do calor tropical.

Chegados ao Rio de Janeiro, submetiam-se à quarentena. Eram 40 dias de espera na Casa dos Imigrantes para as autoridades certificarem-se de que não traziam nenhuma doença contagiosa. Só então seguiam viagem".

Curiosamente meu avô. Karl Heinrich Gerhard Ruseler, que veio com dois irmãos ao Brasil por volta de 1889, não trouxe nenhuma doença contagiosa, porém a irmã, Rosa, acabou falecendo de malária no Rio de Janeiro, doença contraída após a chegada dela ao Brasil.

A CHEGADA

Emil chegou ao Brasil exatamente 100 anos depois da chegada da primeira leva de 39 imigrantes alemães a São Leopoldo, no dia 25 de julho de 1824. Esta data é considerada o marco inicial da colonização no Rio Grande do Sul.

Acredito que a viagem de Emil não deva ter sido tão rude quanto foram as viagens dos pioneiros do século passado. Ademais nem sempre o "pacote" oferecido na Alemanha pelos agentes do governo imperial correspondia ao mundo real deste lado do Atlântico. Alguns, chocados com a "rusticidade" do habitat, tomaram o rumo dum outro país, outros retornaram à pátria mátria.

A foto do grupo em Hamburgo nos mostra pessoas diria "não tão judiadas" como aquelas das primeiras levas da primeira metade do século XIX.

Existe uma boa discussão sobre a entrada de Emil Wichmann no Brasil. Como foi exatamente a sequência?
Rio de Janeiro - Rio Grande - "Mondevideo" (?) - Santa Cruz - Cachoeira do Sul.
Conversando com o Sérgio, ele me afirmou que Emil teria entrado pelo Uruguai. Porém, ando com a pulga ainda atrás da orelha: a autorização de imigração não foi concedida pelo Consulado do Uruguai em Rio Grande? Mas, é Rio Grande - Rio Grande do Sul, Brasil ou Rio Grande - Uruguai. Estou ainda tentando desenrolar este novelo de lã.

Quanto tempo Emil ficou na Hospedaria Ilha das Flores? Estou analisando e estudando as datas da documentação para tentar estabelecer o roteiro.

Emil está agora no Rio de Janeiro após menos de um mês de viagem. Menos de um mês?
No passaporte consta "Ausgereist an 21/02/1924", isto é, deixou o país em 21 de fevereiro. Teria a viagem durado menos de um mês? Parece que sim.
É março de 1924. Tem início o outono no Brasil. Será que no Rio fazia calorão naqueles dias?

Para onde foram aquelas pesadas roupas da foto de Hamburgo?


TEMPOS DE HOSPEDARIA
Na Ilha das Flores

Não sei se eram tempos de flores. O local constituiu-se numa hospedaria de imigrantes instituída por uma tal de "Inspetoria de Terras e Colonização" do Ministério da Agricultura em 10 de maio de 1883 (quase sessenta anos após a chegada dos pioneiros alemães a São Leopoldo). Localizava-se na baía de Guanabara e foi desativada em 1966.
Seus livros de registro estão guardados no Arquivo Nacional.

Dentro de seis anos, a partir da criação da hospedaria (1883), seria proclamada a República (1889).
D. Pedro II já enfrenta o desgaste da longevidade no cargo (serão longos 49 anos, isto é, de 1840 a 1889), dos novos tempos que exigiam mudanças e da política conservadora que mantinha o país nas mãos dos de sempre. O Brasil seguia agrário mas algumas pitadas de industrialização já davam o ar da sua graça. O gaúcho Barão de Mauá, um liberal e abolicionista mostrou que havia um outro mundo, que ficava além do pasto e da enxada. Os italianos, alguns deles anarquistas, outros com boas ideias de investir em indústrias reverteram o plano de colocá-los apenas nas plantações de café no lugar dos escravos, que por sua vez estão prestes a serem libertados (sem nenhuma indenização ou contra-partida do governo, diga-se de passagem).

A ideia da hospedaria era a de concentrar nela as centenas de estrangeiros de várias origens, estabelecer uma espécie de quarentena e posteriormente distribuí-los para as frentes de trabalho.
Emil permaneceu no Rio de Janeiro em torno de 15-16 dias. Levei em consideração que o deslocamento do Rio para para Rio Grande teria levado de 1 a 2 dias. Os imigrantes vieram para Santa Catarina e Rio Grande do Sul por navio. Mas então, no dia 31 de março seus documentos e passaporte receberiam o carimbo oficial do Consulado do Uruguai, oficializando a sua imigração. Por que o Consulado do Uruguai?
Estive hoje, 30 de março em três lugares oficiais e de pesquisa aqui em Porto Alegre mas ainda não obtive a resposta.
Em breve, Emil conhecerá sua companheira, Emilie Ruseler. O encontro acontecerá em Santa Cruz do Sul.
De Santa Cruz partirão para Cachoeira do Sul.

EMIL E CACHOEIRA


Imagem: Emil atravessa o seu mundo de dois continentes e o Mar Tenebroso cujo "sal são lágrimas de Portugal e por cujas águas muitas noivas portuguesas ficaram por casar ..."

DE RIO GRANDE PARA SANTA CRUZ DO SUL

Emil Wichmann viaja a Santa Cruz do Sul (1924?) provavelmente devido a alguma oferta de emprego. Segundo depoimento da sua neta Helena Baldi, "a profissão do avô Emílio era construtor de obras. A avó Emília trabalhava em um hotel em Santa Cruz como arrumadeira quando conheceu o avô Emílio.".


Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Casamento* de Emil Wichmann e Emilie Ruseler
Data: 1928

* A cerimônia foi oficializada pelo pai de Emilie, pastor e professor Karl Heinrich Gerhard Ruseler

O casal teve três filhas: a mais velha Ruth (1928-2009), Nora (1929)e Irma (1930)

Segundo a neta Helena, "o avô Emílio além das construções das casas das filhas Irma e Nora (que também foi depósito de material de construção), também ajudou na construção do Colégio Imaculada Conceição e a morada dos Rizzatti, na subida da rua Júlio de Castilhos, ao lado do posto".


Imagem: cortesia Helena Baldi
Época: 1930(?)
A menina da esquerda é a caçula de Emil e Emilie, Irma. À direita, a filha mais velha Ruth.



Imagem: acervo pessoal
Época: início da década de 1940
A três irmãs, da esquerda para a direita: Ruth, Irma, e Nora. As meninas tinham apenas um ano de diferença de idade entre elas.

Helena ainda conta um pouco da doença do avô: "a doença dele teve como origem um acidente durante a guerra, provocado pela explosão de uma granada, onde um estilhaço teria atingido a parte posterior da cabeça".
Helena menciona "uma possível decisão do governo de deportar os acidentados, porque queriam somente soldados fortes e firmes, prontos para as batalhas."




Imagem: acervo pessoal
Época: 1942 (?)
Bertha Ruseler (mãe de Emilie e Anna) sentada. Atrás dela Emilie Ruseler Wichmann. Bem à direita, a caçula de Bertha e irmã de Emilie, Anna Ruseler.
Ruth, Irma e Nora estão à frente do grupo, sentadas no gramado.
Na época desta foto, Emil já apresentava os primeiros sintomas da sua doença. Seu quadro clínico foi agravando-se a ponto de ter sido necessária a decisão de interná-lo em Porto Alegre, onde permaneceu seus últimos vinte anos de vida.


Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul

Emil tinha alucinações. Sofreu muito e junto com ele, sua família.
Da vinda ao Brasil, dos anos com Emilie, foram talvez dez anos, o tempo bom da convivência. Seguiram-se sustos e internações. Suas filhas pouco contato tiveram com o pai.
Seguidamente penso na leitura fria das estatísticas das guerras. Gelidamente são calculados os mortos, os feridos e os desaparecidos.
O Brasil foi o sonho de um rapaz humilde. Conseguiu chegar nesta terra promissora há oitenta e sete anos atrás. Mas Emil era um ex-combatente sequelado e o que ninguém podia prever foi a evolução dos ferimentos que infelizmente, não permitiu que a família vivesse felicidade plena.

Aqui casou e deixou descendência.
Ruth não teve filhos mas "adotou sobrinhos". Nora casou-se com um ex-pracinha, Abílio. Tiveram cinco filhos: Helena, Cláudia, Ângela, Rachel e Felipe.
A caçula Irma, casou-se com Ernesto e juntos tiveram Rosane, Sérgio e Márcia.

Emil e Emilie tiveram uma vida dura. Mas são exemplos como o deles que abastecem a coragem para a luta das gerações seguintes.
Se pudéssemos contar e escrever todas as histórias dos imigrantes, veríamos que elas são iguais às nossas, minha e tua. Histórias recheadas de sentimentos. É o que nos diferencia dos animais: o sentir, o pensar e o dom de transmitir.


NESTE ESPAÇO POSTAREI UMA FOTO DE EMILIE RODEADA DE TODOS OS SEUS NETOS. Uma neta, Rachel, não está mais entre nós. E é a ela que dedico esta breve retrospectiva da vida do seu querido avô.

Ainda falta a foto


EMILIE E SEUS BISNETOS EM IMAGEM DE SETEMBRO DE 1983


Cortesia: Helena da Rosa Baldi