Orgulho!

Orgulho!

sábado, 26 de março de 2011

TRÊS CASAS CACHOEIRENSES

GRANDE ALBUM DE CACHOEIRA
BELLEZAS ARCHITECTONICAS
Residencias Particulares


CASA NÚMERO UM


Obs: na imagem aparecem duas pessoas na sacada: um senhor e uma menina. A menina não vive mais no Brasil.

Esta e as demais imagens antigas:
Grande Álbum de Cachoeira
História,
Comércio,
Agricultura,
Pecuária,
Indústrias,
Artes,
Letras
Centenário da Independência do Brasil
Organizador: Benjamin C. Camozatto
Cachoeira 1922
(Clichês, impressão e encadernação executados nas oficinas gráficas da Escola de Engenharia de Porto Alegre, 1922)


Cortesia: Arquivo Histórico Carlos Salzano Vieira da Cunha



Imagem: morada atual da professora Dilma Gomes Eilert
Local: Av. Presidente Vargas, esquina rua Comendador Fontoura

Foto: Renate Aguiar (02.04.2011)

Esta linda moradia possui história, aliás como todas. Aliás como as nossas, também.
Foi construída por Walter Quambusch.
Segundo o advogado Armando Fialho Fagundes, carinhosamente chamado pela Mirian Ritzel de "Enciclopedia Armando", conheci o Quambusch, genro do José Muller, fundador da Sociedade Rio Branco e cunhado do Ernesto Muller.


Imagem: Sociedade Rio Branco, 100 anos de "Concórdia"
Página 29


Foi morar nos EUA com uma filha que já estava lá e lá morreu, completa Fagundes.


De fato, Walter Quambusch casou-se com uma das filhas de Joseph Müller, Luise. Tiveram uma única filha, Ingeborg também conhecida como Inge ou Nina.

Minha mãe, Anna, com a morte repentina do seu pai, Karl Heinrich Gerhard Ruseler, professor e pastor em Paraíso do Sul e Cerro Branco partiu para Cachoeira em busca de emprego. Tinha lá seus 17-18 anos. Trabalhou quase dois anos com a família Quambusch. Durante todos os anos vividos, D. Anna relembrava o quanto aprendeu com esta família.

Imagem: Anna Ruseler "bei Quambusch, 1935", conforme consta atrás da foto
As colunas que aparecem na foto permanecem iguais. No fundo, uma pedaço da Villa Minssen.

Acervo pessoal

Herdou livros, vivência e lembranças positivas.

Imagem: livro antigo editado em Stuttgart e presenteado por D. Luise Quambusch a Anna Ruseler
Acervo pessoal



Imagem: dedicatória a Ingeborg datada de 1927. Há um outro livro com dedicatória, datado de 1932 presenteado a Inge por sua avó.

Segundo D. Anna, Luise, Walter e Ingeborg (um nome da mitologia nórdica) foram à Alemanha numa "hora errada". A II Guerra estava prestes a estourar.

Walter era alemão. A Segunda Guerra Mundial impediu que da Alemanha retornassem ao Brasil. Por lá, Inge conheceu um soldado (ou oficial americano)chamado Charles P. Thompson. Casaram e foram morar em Santa Fé, Novo México, EUA.

O casal, Luise e Walter, retornou ao Brasil. Luise Müller Quambusch, nascida em 20.12.1890, faleceu em 25 de dezembro de 1958. Henry Carl Walter Quambusch avançava os 70 anos e foi morar com Inge (também conhecida pelo apelido de "Nina" nos Estados Unidos, vindo a falecer em 22 de julho de 1969.

No Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul apenas Luise foi enterrada. Na lápide do monumento consta uma placa "in memoriam" a Walter.

O que ainda não sei mas vou descobrir é se a professora Dilma comprou a linda morada diretamente da família Quambusch.
Passou-se muito tempo. Poucas pessoas em Cachoeira tèm recordações desta família.
E quanto às fotos, será que existem algumas espalhadas dessa família pelas gavetas das pessoas antigas da cidade?
Bom pergunta!

Segundo depoimento do Eduardo Minssen:

"Conheci muito pouco dos Quambusch.
Pena que não tenha perguntado mais para as tias*.
Lembro quando o terreno** foi vendido (meados dos anos 60) e o Dr. Willy Fürstenau construiu a casa onde hoje mora a tia Ilka.
Ali era um mato de goiabeiras.
Na minha infância já morava ali o Arno Junqueira, gerente da Corsan".


** Cecília, Otília, Ana e Sara.
** A Villa Minssen está situada do lado da ex-morada dos Quambusch, pela Comendador Fontoura. Na segunda foto, a recente, percebe-se ao fundo a cumeeira da reforma efetuada pelo novo proprietário da Villa, Eduardo.


Imagem: Renate Aguiar, 2010
Um show à parte:
A Villa Minssen é uma das mais belas moradas da minha cidade

Voltando à morada Quambusch, comparando a foto antiga com a recente, percebem-se mudanças. A casa foi ampliada para os dois lados (rua Presidente Vargas e rua Comendador Fontoura).
Segundo a proprietária atual, ela foi adquirida em 1970. Dilma morava em frente a ela pelo lado da rua Comendador Fontoura e soube que a morada encontrava-se à venda.
Entrou em contato através de uma carta (o endereço havia sido fornecido pelas irmãs Minssen) com a filha de Walter e Luise, Inge que morava já havia tempo em Santa Fé nos Estados Unidos. A intermediação da compra foi feita pelo procurador do casal Eilert (Aldo e Dilma), Achylles Figueiredo.
Dilma contou que na garagem original havia um poço d'água e a casa, por ocasião da compra estava bastante danificada pelos cupins.

Imagem: planta da reforma da morada Quambusch
Cortesia: Dilma Gomes Eilert

A reforma foi realizada pela Construtora Cachoeirense respeitando ipsis literis o padrão da morada original. Também houve uma ampliação pelo lado da av. Presidente Vargas resultando hoje numa casa muito mais espaçosa do que a do casal Walter e Luise.
Mas convenhamos que, mesmo sendo a casa original relativamente pequena ela tinha estilo e classe.


Quanto à foto antiga, estou suspeitando que nela aparecem Walter com sua filha Inge.


Se Ingeborg Quambusch fosse hoje viva, estaria rondando os 90 anos. Alguém sabe notícia da sua descendência?


CASA NÚMERO DOIS



Este lugar hoje é muito frequentado.




Imagem: Lancheria Santa Maria
Local: rua Júlio de Castilhos


Esta linda morada pertencia ao sr. Ernst Müller.


Imagem: Ernst Müller
Fonte: livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996. Gráfica Jacuí, 1996


Era cunhado de Walter Quambusch (Quambusch era genro de Joseph Müller. A esposa de Walter, Luise, era nascida Müller, filha de Joseph. Conclui-se que Joseph e Ernst eram irmãos)

No livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996, consta na página 27:

"Ernst Müller (1873-1950) era austríaco, natural da Boêmia. Filho de Floriano Müller e Bárbara Demuth, veio para o Brasil com três anos de idades. Seus pais e mais seis irmãos fixaram-se na Colônia de Santo Ângelo. De seu casamento com Luize Zimmer, nasceram as filhas Wanda e Beda.



Fonte: livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996. Gráfica Jacuí, 1996

Aos 21 anos, participava, como sócio, da firma José Müller & Irmão.
Foi presidente da Sociedade Rio Branco por vinte e dois anos, Sociedade esta que ajudou a fundar.
Exerceu outras atividades como Conselheiro Municipal, sócio-fundador da Liga Operária Cachoeirense, diretor da "Organização do Hospital Brasileiro" (1920), que superintendia o HCB, onde foi provedor durante 10 anos, promotor de campanhas de alfabetização e ainda colaborador da construção, em 1893, da Deutsch-Evangelishe Schule que vem a ser hoje o Colégio Sinodal Barão do Rio Branco.
Recebeu homenagens em vida e póstumas.
A Sociedade Rio Branco prestou homenagem especial dedicando-lhe uma praça, cuja placa consta abaixo:



Fonte: livro Sociedade Rio Branco, 100 anos de Concórdia 1896 - 1996. Gráfica Jacuí, 1996

Conheci esta morada já meio decadente. Lembro-me de ter entrado certo dia neste "corredor" formado pela cobertura lateral e lá no fundão havia uma pessoa que fazia carimbos. Havia outras atividades por ali na época porém não reparei. Depois parece que havia uma academia de ginástica. A coisa foi, foi, foi até o dia no qual passei a reparar que lentamente o prédio começou a ser reformado. A maior parte da vista externa foi mantida. O charme especial da construção que era a aba lateral com grade se foi, mas ...
Hoje então é uma lancheria, quem diria!



Imagem: detalhe da bela sacada (a cabeça da esquerda está danificada)
Renate Aguiar


Para fins de comparação, a sacada da Villa Minssen que possui maior riqueza de detalhes:



ESTA FOTO ENCONTREI HOJE DE MANHÃ NOS MEUS ALFARRÁBIOS:


Imagem: acervo pessoal
Época: por volta de 1940?
Local: morada de Ernst Müller


Reparem no fundo a linda área coberta em madeira toda trabalhada. Enviei esta foto à Mirian e à Ione.
Pois foi a preciosa Mirian que ficou bem antenada na "moldura" da fotografia.
Respondeu assim:

"O Ernesto foi presidente-salvador da SRB. E a foto parece ter sido feita na casa dele, naquela área lateral que hoje está tomada pelo atendimento dos Lanches Santa Maria. Reparaste que ele estava de luto?" Mirian estava se referindo aquela tarja preta, chamada fumo, usada na gola".


1. Luise nascida Zimmer Müller
2. Ernst Müller
3. Wanda Müller (filha de Ernst e Luise)
4. Engelbert Müller
5. Carl Müller
6. ?
7. Nair Schmidt
8. Lúcia Schmidt


CASA NÚMERO TRÊS

A N T E S ...



Pairam dúvidas sobre "se são as mesmas casas" ...

Enviei e-mail a alguns conselheiros do COMPAHC e ao Eduardo Minssen:

"Oi! Estou com dificuldades para identificá-la. No álbum do Camozatto diz que a morada pertenceu a Emílio Barz ... O que acham? Renate"


Armando Fagundes:
Por último era do Osmar Bidone mas bastante descaracterizada. Conheci o Quambusch, gento do Jose Muller, fundador da Soc. RB, e cunhado do Ernesto Muller. Foi morar nos EUA com uma filha que já estava lá e lá morreu.

Mirian Ritzel:
Hoje pela manhã conversamos, Ione e eu, sobre a casa do Emilio Barz. D. Lya, como te disse, não a identificou. Mas a Ione lembrava de conversas no Museu sobre a casa dele ser a da Isa Bidone, aquela demolida pelos Tischler na esquina da Rua Saldanha com Milan Krás. Achei a seguinte informação em meus alfarrábios, que pode confirmar a conversa do Museu, mas ainda não determina que a casa seja a mesma. Tentei localizar mais alguma coisa, que segue abaixo.

Ainda diz Mirian: mexendo em meus alfarrábios, encontrei o seguinte:
Casa de Isa Bidone: localizava-se na esquina da Rua Saldanha Marinho com Dr. Milan Kras, demolida em 2001. Foi construída, em 1913, pelo alemão Walter Quambusch. Depois ele a vendeu e construiu a casa que serve de residência a Dilma Eilert, no Bairro Rio Branco, esquina da Rua Comendador Fontoura com Presidente Vargas. A casa de Isa Bidone (destruída pelos Tischler, na Rua Saldanha Marinho) também pertenceu a Emílio Barz.


Deutsch Brasilianischer Ortschulverein*: fundado em fevereiro de 1913, composto pelo Presidente Dr. Augusto Priebe, Vice-presidente Carlos Böer, Jorge Machlei, 1º. Secretário, Carlos Krause, 2º. Secretário, Arthur Fetter, 1º. Tesoureiro, e Emílio Barz, 2º. Tesoureiro. O diretor da escola, Pastor Christiano Sellins, também teria voto deliberativo nas resoluções da diretoria.
* futuro Colégio Sinodal Barão do Rio Branco.

Renate comenta:
"Seria a mesma casa reformada depois? A foto em questão é de 1922, do álbum do Camozato."


Nelda Scheidt
"Olá Renate!
Não conseguí identificar a residência
Grande Abraço. Nelda


Do Eduardo Minssen:
No filme de 41 aparece a casa dos Bidone recém construída!
Esta é no mínimo 25 anos mais velha. Não estou identificando.



Renate
De qualquer forma, agradeceria muito se alguém que estivesse lendo esta postagem pudesse ajudar a confirmar as informações.
Vê-se bem que não é fácil. Mas é assim mesmo.
Caso seja confirmado que a morada é realmente a famosa Mansão dos Bidone, só temos a lamentar de novo a perda dela e das duas belíssimas casas que ficavam ao lado.
Não sei se isso se chama progresso.
Só sei que a gente vai ficando com fama de lamurienta, de refém do passado, de impedir o progresso, etc.


D U R A N T E


Fonte: http://cachoeiradosuleaqui.blogspot.com/

D E P O I S


Progresso?


Efeito rede de supermercados IMEC*?

* Na época das demolições a rede ainda não havia se instalado na cidade. Até bem pouco tempo atrás ainda havia uma placa anunciando " Aqui, em breve, novas instalações Rede Tischler".

"T E R R A
A R R A S A D A!"




Deserto entre a Saldanha Marinho e Milan Krás ...

É chocante a visão de uma tapera desnuda em plena área nobre da cidade. Restaram grades e portões. Sabe lá o que foi feito do material da demolição. Eram casas aristocráticas e de alto padrão de construção. Dizem as más línguas que o portão de entrada da casa dos Bidone foi transferido para uma morada de praia. Patético?
A memória da minha Cachoeira segue escorrendo pelo ralo.
Alguém comentou comigo que na capital do tango as coisas estão acontecendo meio parecidas. Belos e históricos prédios estão sendo demolidos para dar espaço a modernas e suntuosas torres.
Quem conhece Paris, sabe o que estou falando. No centro antigo não se vê poluição de prédios modernos. É como se a cidade tivesse sido congelada no tempo. Os arranha-céus habitam outras praias, mas distantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário