Orgulho!

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domingo, 30 de janeiro de 2011

PASSAGEIRO DA AGONIA - Não havia nada a fazer. Será?


Estação Férrea do Bairro Oliveira em seus últimos dias embarcando/desembarcando passageiros
Imagem: cortesia Museu Municipal - Patrono Edyr Lima

Não havia nada a fazer pela estação. Será?

Nenhum movimento foi organizado pela preservação da Ferroviária, salvo algumas posições em contrário

A área que fazia parte do conjunto da antiga Estação Férrea de Cachoeira do Sul não poderia ser vendida, doada, nem mesmo em regime de comodato. Nada de loteamento ou algo parecido. De fato isto aconteceu? Onde teria parado o acervo de móveis, objetos, máquinas, utensílios, documentação, tábuas, tijolos, telhas, colunas, enfim, quase tudo? Parece que muita gente levou suvenir para casa. Algumas peças foram repassadas ao Museu Municipal Edyr Lima. Os trilhos foram recolhidos, mas uma amostra deles foi parar no telhado do gazebo ou coreto que constava da planta da praça do arquiteto Augusto de Lima. Hoje, no seu lugar há um bar.

Por ocasião da recente reinauguração do Museu Municipal Patrono Edyr Lima alguns objetos do acervo voltaram aos olhares do público, como, por exemplo, uma lanterna de sinalização, o guichê de passagens, um quepe de ferroviário, parte de um telégrafo, uma luminária do carro de passageiros. Segundo a diretora do Museu, Márcia Patel, existem mais peças guardadas. O engenheiro florestal Eduardo Minssen conta que a maioria das peças foi para Santa Maria. O nível de bronze com brasão do Império, que ficava incrustado no muro e que marcava a altitude e a localização da estação, está sob sua guarda. O sino, também de bronze, foi leiloado e está num hotel, na cidade de São Pedro do Sul.

A praça poderia ter sido projetada para ocupar o entorno da estação. Uma rótula teria poupado Cachoeira do equívoco monstruoso. Segundo Armando Fagundes, havia realmente a ideia de fazer uma rótula e manter o prédio no meio, mas pode-se afirmar com absoluta convicção que ninguém se entusiasmou pela ideia. A maioria das manifestações era pela ligação das ruas Davi Barcelos e Sete de Setembro, pois sempre, se dizia na época, trancavam o fluxo de carros do Centro para a zona norte, onde progrediam muito as construções.


Imagem: cortesia Elizabeth Thomsen

ALTO CUSTO - “O custo da restauração do prédio, com cupins por todos os lados, era inviável para o orçamento da Prefeitura”, lembra Armando. “Na época não tínhamos a Lei Rouanet, não houve nenhuma resistência pela demolição, salvo algumas vozes esparsas. Eu presidia a Fenarroz, o Rotary Zona Alta e a Sociedade Rio Branco, e os que se pronunciavam sempre foram pela demolição. Trabalhava no Mernak e todos da direção e administração eram pela demolição. O Pedro tinha uma avaliação dos custos”.

Duas das pessoas que disseram não à derrubada do prédio foram Lya Wilhelm, mais tarde diretora do Museu Municipal, e Eluiza de Bem Vidal, artista plástica e denominação patronímica do Atelier Livre Municipal. Ambas empolgavam-se com a possibilidade de um museu (o Museu Municipal Edyr Lima foi inaugurado pouco tempo depois, em 1978) e de um café ao estilo do recente Café com Letra, que encheu de charme a Feira do Livro 2010, segundo depoimento de Lya. Segundo Armando, não houve movimento nenhum pela preservação. “As manifestações eram isoladas, sem qualquer força. Eu mesmo disse ao prefeito Pedro Germano: 'Se não há dinheiro para reformar e recuperar, então tem mesmo é que demolir”.

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