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domingo, 30 de janeiro de 2011

PASSAGEIRO DA AGONIA - Jornal do Povo, 24 de janeiro de 2011



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ANO - Nº 173 - Edição de Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2011

VC REPÓRTER
Os últimos dias do Passageiro da Agonia

Como foi destruída a Estação Férrea do centro da cidade e ferida para sempre a memória de Cachoeira




Foto raríssima em Cachoeira: trem parado na Júlio de Castilhos, segurando o trânsito
Cortesia: Ricardo Radünz (a imagem foi clicada pelo seu pai, Júlio Emílio Radünz)

Renate Schmidt Aguiar

A antiga Cachoeira Grande do Sul foi cruzamento de coordenadas geográficas de trilhos, variantes e estações de marcantes passagens. A gaúcha Cachoeira Grande do Sul sofreu intervenções arquitetônicas e urbanísticas na onda dos modismos nacionais. Tais mudanças relacionaram-se com projetos modernizadores fundamentados, segundo a pesquisadora Lia Osório Machado, da UFRJ, “na esperança de um futuro melhor e na rejeição do passado, na abolição dos seus vestígios e na sua superação. A vergonha do passado e a crença no futuro se fizeram sentir, por exemplo, na disseminação das ideias de dimensão continental do país, de espaços vazios e de oferta ilimitada de terras, que fazia do Brasil um país do futuro, uma ideologia avassaladora a partir da República. Olhou-se para o passado apenas para cimentar a identidade nacional, que estava então sendo forjada”.

Hoje, felizmente, se está diante de outra realidade, a de que a cada dia mais cidades buscam revalorizar seu passado através da preservação/recuperação/restauração do que sobrou de paisagens anteriores e, naquelas onde a destruição foi devastadora, somam-se esforços para salvar e valorizar o que restou. Lia Osório Machado reconhece que “essas tentativas nem sempre têm sido bem-sucedidas. O desejo de tombar toda edificação que possa ser identificada como memória urbana raramente tem sido acompanhado de adoção de medidas que incentivem proprietários e inquilinos a preservar os imóveis tombados, fato que tem levado, muitas vezes, ao tombamento ipsis litteris da edificação que queria proteger”.

DEPRIMENTE - Em Cachoeira, as deprimentes realidades da Casa da Aldeia, da Ponte de Pedra, do Paço Municipal e da Estação Férrea de Ferreira forjaram-se diante de discursos decorados, transferências de responsabilidades, abstenções, fugas, ignorância e burrice. Cachoeira poderia ser polo de atração turística pelas suas características temporais, mas perdeu-se numa babel de incompreensíveis contradições. E foi esta babel que desencadeou a decisão da retirada de toda a estrutura da Estação Cachoeira, a estação ferroviária do Largo Villagran Cabrita, convertendo em entulho e pó uma das mais ricas páginas da nossa história.

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