Orgulho!

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domingo, 30 de janeiro de 2011

ÚLTIMA PARTE: opinião da "repórter", agradecimentos e comentários do Fórum do Leitor JP

OPINIÃO DA REPÓRTER

Foram-se os dias nos quais os trens carregavam cargas do Brasil nas costas. Hoje é o tempo das estradas asfálticas, entupidas de macabras estatísticas. O equívoco do modelo adotado proporciona às montadoras estrangeiras a euforia pela pujança do número das vendas meteóricas de veículos. Cachoeira ofertou em sacrifício sua Estação Ferroviária. Seu esqueleto segue sepultado numa praça assombrada por remorsos e saudades. A lista de tristes perdas, ao que parece, ainda não foi concluída.


REGISTRO

Colaboraram na pesquisa: Museu Municipal Patrono Edyr Lima, Arquivo Histórico do Município de Cachoeira do Sul Carlos Salzano Vieira da Cunha, Armando Fialho Fagundes, Eduardo Minssen e Lya Wilhelm.


Posto os comentários do Fórum do Leitor do Jornal do Povo, para saber o que pensam os habitantes da nossa querida Cachoeira sobre os fatos:

24/01/11 07:55
Saravá aos energúmenos

Esse João Muller, ainda vive?
Se sim, que tal nos encontrar em um debate civilizado sob o tema “Povo sem memória, povo sem história”?
Se não, que tipo de “energúmeno” será que Deus lhe deu como descanso eterno? Saravá. Com todo respeito.
Dos irmãos Germanos, o único que me despertou simpatia foi o Pedrinho, mas, confesso que jamais entendi essa sua atitude. Ou, a ultima palavra foi a do mais velho?

Anilda Ferreira da Silva - Rio Pardo/RS (Brasil)

24/01/11 07:54
Comentários

Como sempre sua pesquisa é brilhante e seu texto perfeito. O que me assusta muito é que deixei Cachoeira do Sul (porque somente falamos "Cachoeira" e não o nome correto e mais bonito, "Cachoeira do Sul"?) em 1970, portanto um tempo relativamente pequeno mas assisto ao fim avassalador de uma grande cidade, de um grande e importante núcleo gaúcho, sem que nada possa e seja feito. Assustador tudo isso.

Outro ponto que gostaria de destacar é que essa mania de destruir para construir algo mais novo é bem anterior à década de 70, nunca nos lembramos do teatro municipal onde foi construido um horroroso colégio, ao interior da Igreja Matriz, ao prédio da União dos Moços Católicos e tantos outros.

Atenciosamente,

Carlos Schirmer Baisch

Carlos Schirmer Baisch - Salvador/BA (Brasil)

24/01/11 09:09
...

Destruiram todo esse patrimonio, uma das poucas coisas que poderiam ser exploradas em Cachoeira do Sul.
Os responsáveis por toda esta tragédia ainda vivem, ou melhor, a mentalidade de uma geração fracassada. Uma geração de Cachoeirenses em que o pessimismo prevalece. Critica, critica, critica e critica.
Aposto e muito em uma nova geração.

Alexandre Melo - Porto Alegre/RS (Brasil)

24/01/11 10:03
Estação Ferreira

A estrutura que forma o coreto da praça Honorato, hoje bar, é parte das coberturas laterais da estação e podem ser vistas numa das fotos da reportagem. Quero agradecer a Renate por esta reportagem. Sou de família de ferroviários e a única forma de resgatarmos um pouco da nossa história é preservarmos a estação de Ferreira que, com a futura ponte do São Lourenço, ficará na rota do desenvolvimento da possível continuidade da RS403 até São Sepé.

Edson Souza - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 10:27
é de chorar

chora a perda do prédio da estação já é uma ação dolorosa.

saber os detalhes de como foi, dói muito mais.

de qualquer maneira, parabéns pelo resgate

e obrigado pela foto raríssima, do trem atravessado no meia da Júlio.

com aerowilhys, sincas e fords novíssimos esperando. fantástico.

Osni Schroeder - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 10:26
teoria da relatividade e "aspas"

ler o comentário do falecido João Muller hoje, soa agressivo contra o senso dominante.
mas não foi à época, muito pelo contrário, a coluna ia ao encotro do pensamento comum.

então assumamos também um pouco desta culpa.

joão muller ficou conhecido no estado todo por uma crônica de carlos nobre na zh, que destacava a sinceridade do colunista do jp num comentário que fez entre aspas, referindo com todas as letras, que "as aspas são minhas",

gozação geral no estado.

Osni Schroeder - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 10:32
revoada de souvenirs ao museu

sugiro que todos que tenham lembranças do prédio demolido, façam-nos retornar ao domínio púbico, doando-os ao museu.
inclusive o que está sob guarda do Eduardo Minssen.

Osni Schroeder - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 10:53
Renate:

Impagável, como sempre!

Paulo Ribeiro Silva - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 11:55
SAUDADES

O cidadão cachoeirense vive de saudades do passado dito glorioso,por ter um presente medíocre e não vislumbrar nenhum futuro brilhante.
Cachoeira do Sul perdeu a pujança agrícola das colônias alemã e italiana(Restinga,Faxinal,Agudo,Dona Chica,Cerro Branco Paraíso,Cabrais,a pujança da indústria do arroz(Roesch,Bacchin,Progresso,São João,Ritzel), a pujança do metal mecânico(Kerber,Mernak, Pelzer, Friedrich).
Sonhamos com a UFSM e demos de presente a Funvale aos profetas da Pilantropia.
Somos uma cidade isolada e abandonada,nossos políticos do passado nos deixaram ao largo da RS509 e da BR 290,nossos políticos do presente são medíocres,incompetentes ou envolvidos em processos de corrupção e sequer conseguem nos levar a Rio Pardo.
O Comércio é cada vez mais ocupado pelas multimunicipais que levam os lucros para suas matrizes.
Se por acaso ainda existissem os prédios históricos e fossem tombados pelo Patrimônio Histórico estariam hoje literalmente tombados ou ocupados pela marginalidade.
Portanto apenas resta ao cidadão cachoeirense viver do saudosismo do passado,elegendo a incompetência e a mediocridade e se submetendo as poucas cobras que se enroscam mas não se picam, usando dos cargos públicos para proteger os seus e distribuindo as migalhas ao povo.
Se apenas olharmos a renda percapta e qualidade de vida dos emancipados de Cachoeira do Sul é possível ver a imensa superiodade em relação ao município mãe.
Cachoeira do Sul perdeu o trem da história e do progresso e faz muito tempo.

joão orlando dos santos - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 13:29
Osni

Por deferência de um amigo que retirou dos escombros, virei depositário desta peça.
Ela só sai de minhas mãos quando houver um memorial digno ao nosso passado ferroviário. Toda força e apoio ao Museu, mas ainda não há espaço disponível para tal.
Que tal outros se engajarem e buscarem o sino em São Pedro?

Eduardo Minssen - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 13:44
Participação

Eduardo,

Ofereço meus bodoques para defender o marco que está em seu poder.

E meu carro para irmos a São Pedro buscar o sino.

E mais, porque nao conseguimos descobrir onde estão os altares, santos, imagens, pinturas e tantas outras coisas da Igreja Matriz? Se o causador dessa tragédia histórica fosse ainda vivo eu teria o prazer de apontar meu bodoque para ele.

Carlos Schirmer Baisch - Salvador/BA (Brasil)

24/01/11 14:14
Eduardo

sugeri a doação para o museu, que só tem profissionais capazesum e é um orgulho de cachoeira, justamente para abrir o caminho para um memorial do nosso passado ferroviário, conforme falaste.

acho que o marco está muito bem depositado e guardado contigo, ainda mais agora com a proteção dos bodoques do carlos baisch.

Osni Schroeder - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 14:55
Estação

Parabéns à professora Renate por esta excelente matéria. Embora o relativo pouco tempo passado desde a demolição da estação, para os mais jovens não só o prédio, mas todo o contexto de sua existência no centro da cidade são ilustres desconhecidos.
Várias vezes observava aqueles arredores e tentava imaginar cenas como a do trem na Júlio, hoje insólitas. As fotos documentam este cotidiano perdido tão bem como a informação oral dos mais experientes.

Leandro Matte - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 15:44
É uma pena ...

Passei a minha infância e adolescencia freqüentando Cachoeira, terra dos meus avós e do meu pai. A grande maioria dos melhores momentos vividos nesta idade passei nesta cidade, durante as férias escolares. Mas infelizmente depois deste tempo , com muita tristeza, vi, a cada viagem, Cachoeira mais decaída. Faz muitos anos desde a minha última visita e espero brevemente rever esta terra tão querida e constatar que ainda existem pessoas que aí vivem e lutam por ela preservando seu patrimonio e sua história como ela merece. Específicamente quanto a linha férrea, é lastimável que os governos não dediquem atenção a este importante e tão viável meio de transporte.

Marcia Clemencia de Lima - Rio de Janeiro/RJ (Brasil)

24/01/11 16:19
Curiosidades

É apenas um comentário, positivo mas que entendo como importante, pois a cada matéria como essa publicada pelo fabuloso Jornal do Povo podemos ler mensagens do Brasil inteiro de pessoas saudosas de Cachoeira do Sul, dos bons tempos, de pessoas e histórias bonitas de um passado glorioso.

Cachoeira do Sul é por si só um marco (nao o marco do Eduardo que o Osni quis surrupiar, apesar da ameaça de bodoques) mas algo tão forte que nos leva a discutir o passado para ajudar a enxergar o futuro. Mesmo distante mais de 40 anos sinto orgulho de tudo que sou justamente pelo passado que tive, das lembranças e histórias, de uma Cachoeira do Sul que fez homens e mulheres fortes e saudosos.

O que vale nesses artigos maravilhosos e nas publicações do Jornal do Povo é também a coragem de recebonhecer que erramos, todos nós sem exceção, talvez até pela ausencia, no meu caso há quarenta anos.

Carlos Schirmer Baisch - Salvador/BA (Brasil)

24/01/11 17:53
Carlos & Osni

Pelo que sei a RFFSA leiloou alguns bens e uma hoteleira de São Pedro TERIA comprado.
Quanto ao nível, Osni, claro que ele ficaria melhor guardado/exposto no Museu. Mas não conseguimos sequer restaurar o único vagão que mora aqui!
Acho preferível nossa valiosa instituição fazer um projeto de memorial ferroviário para reinserilo (existe esta palavra?) no nosso cotidiano. Seria pensar demais em fazer uma área especial no seu local de origem?
Já pensando mais adiante: duvido que o itaú/Unibanco não sejam sensíveis a DOAÇÃO do seu prédio no Largo Vilagran Cabrita (este para os que entendem).

Eduardo Minssen - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 18:08
Muita qualidade

Esta matéria traz a marca registrada da Renate, que é sua preocupação com o passado da cidade, com o patrimônio histórico preservado (OU NÃO, como neste caso). Suas pesquisas originais, sua busca de informações em várias fontes, sua valorização às fotos e imagens antigas, seus textos bem escritos e informativos, suas reflexões e sua indignação se traduzem em belas matérias, sempre com muita qualidade. Parabéns à Renate e ao JP!

Daniel Falkenberg - Florianópolis/SC (Brasil)

24/01/11 18:41
Engenheiro Jorge Ilha

O Secretário Municipal de Obras da gestão de Pedro Germano, o engenheiro Jorge Ilha, que ocasionalmente participa deste Fórum do Leitor do JP, talvez pudesse fornecer algumas novas informações sobre as decisões tomadas naquela época ou sobre as discussões que possam ter ocorrido...
Como o João Muller e a Renate escreveram, houve muito zunzum, mas talvez algumas verdades tenham ficado de fora nesta matéria, por não terem sido encontradas pela sua autora. Rever nossos erros é uma forma razoável de tentarmos não repeti-los em outras oportunidades...

Daniel Falkenberg - Florianópolis/SC (Brasil)

24/01/11 19:45
Ponte de Pedra

A esperança e o sonho do teu tempo estão em ruínas, e a alma de todos só profetiza adiante a tua queda.
Henrique IV
parabéns Renate pela tua reportagem, já que perdemos a estação ferréa, talvez consigamos salvar a ponte de pedra, um dos mais antigos monumentos de nosso município.

Antonio trevisan - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 20:16
Ponte de Pedra

Por que os Irmãos Trevisan, que estão em Cachoeira do Sul a um século, não "abraça" a causa PONTE DE PEDRA?
Não sairá tão caro recuperá-la. Depois eles colocam uma placa de bronze dizendo:
- RESTAURADA PELOS IRMÃOS TREVISAN QUE DESFRUTAM DESTAS TERRAS HÁ 100 ANOS.

Seria um ato nobre.
Para isto não precisamos esperar pelos poderes público. E, olha, quem faz isto tem dedução no IR, sabiam?

Lecino Ferreira da Silva - Juiz de Fora/MG (Brasil)

25/01/11 00:01
Ferroviária

Acompanhei,no trabalho leve,os 9 meses de trabalho pesado da Renate para escrever estas 2 páginas do JP.Paralelamente,no contato com os ferroviáris,com os alunos conseguiu fotos incríveis também de outros locai da nossa querida Cachoeira. A Renate merece o nosso agradecimento e aplausos pelo belo trabalho.E é muito bom ver o interesse que a nossa história desperta!E qto á Ponte de Pedra tenho certeza :não vamos perdê-la!

Ione(Brasil) Sanmartin Carlos - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

25/01/11 00:01
FERROVIÁRIA 2

O Daniel falou em consultar o Secretário da época,é uma boa idéia mas tenho quase certeza da resposta: não havia condições de ser recuperado o prédio. Esta Daniel é a versão oficial.Tenho outras 2: num domingo à tarde recebi no Museu um sr. casado com uma das moças Araújo ,filhas do último chefe da Estação. Este sr que morou na casa disse que a mesma estava em condições razoáveis.A segunda é bem mais precisa,em 1994 0 Compahc recebeu o Prêmio Nacional, Rodrigo Mello Franco,por este motivo no ano seguinte(representando o Compahc) integrei a comissão de 3 membros que escolheu o represante do RS para concorrer em nível nacional, pois nesta ocasião conheci a arquiteta,Funcionária da Secretaria de Obras Estadual,arqiteta Glenda....,que trabalhava no projeto de ocupação do espaço agora pertencente ao município de Cachoeira. Neste projeto,ela e os demais do grupo(aparecem nas fotos que a Renate tem) sugeririam a manutençao do prédio e uma espécie de rótula contornando-o e desembocando na rua David.Contou tb. que antes do projeto ser entregue a ferroviária foi demolida . E me perguntou: -é verdade que hoje fecham a rua em eventos que acontecem na praça?,ao que confirmei pois era na época em que TODOS os domingos e ocasiões especiais aquela quadra era fechada ao trânsito
Nos jornais além do cronista citado encontramos outra pequena citação na coluna de Saul Torres,tb a favor da demolição. Não encontramos nenhuma grande matéria que nos mostrasse que o assunto era profundamente discutido na cidade( e a loveli La-Flôr super atenta olhou folha a folha).Foi uma decisão de quem mandava e os comandados acataram,eu inclusive que já era adulta focada na minha vida particular-minha gravidez- só soube do assunto qdo vi a demolição. É o meu mea culpa seguindo o Carlos Baisch.

Ione(Brasil) Sanmartin Carlos - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 23:59
eduardo & Carlos

sugeri a volta dos materiais dispersos da estação, como forma de estimular um trabalho do museu na valorização da história da nossa estação ferroviária
.
talvez muita gente resolvesse trocar prazeres egoístas e alguns até escondidos, pela alegria de proporcioná-los a mais pessoas.
.
mas era apenas uma sugestão que fui levado a fazer pelo excelente trabalho da renate. s e feri alguém a culpa é dela!

para o colega de joao neves carlos baisch, me assustei com a expressão "que o osni queria surrupiar".

se foi brincadeira, fui incapaz de ter certeza que assim era.

se não foi, vou ter que aceitar a briga apesar de sair em desvantagem, porque ainda vou ter que fazer os meus bodoques.
um abraço a voces dois.

.

Osni Schroeder - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 23:58
Lecino

Temos famílias tradicionalmente destruidoras do patrimônio em nossa cidade, capazes de enfeiar uma casa bonita para ela não despertar a "cobiça" dos loucos preservadores.Podes ligar para o Arquivo Histórico e te apontarei alguns destes casos 37246006. Ao contrário,família Trevisan,principalmente o Antonio preserva seu patrimônio e o da cidade. O Antonio iniciou o programa de rádio "Resgatando a história" que,por vários anos e contando com a participação das boas memórias de Cachoeira ,registrou um período significativo de nosso município.Gravados em fitas e copiados para CD estão à disposição no Arquivo , rua Sete, 350.E mais há um Museu particular no antigo armazém....

Ione(Brasil) Sanmartin Carlos - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

26/01/11 08:14
ALGUNS BASTIDORES

Foram elementos fundamentais na pesquisa, os subsídios fornecidos pelo Arquivo Histórico Carlos Salzano Vieira da Cunha, pelo Museu Municipal Patrono Edyr Lima, pelo advogado Armando Fialho Fagundes.
Num certo momento de desânimo enviei um e-mail com perguntas "chatas" ao Dr. Armando que prontamente respondeu e com isso colaborou valiosamente para retirar o trabalho da perigosa "areia movediça" da encruzilhada na qual ele se encontrava.
No Arquivo Histórico, a pesquisadora Loveli La Flor debruçou-se sobre os arquivos da época por minha solicitação e certo dia me chamou para mostrar o material separado. Foram muitas matérias jornalísticas, algumas polêmicas, como a que foi publicada nas páginas do Jornal do Povo.
Os últimos momentos do "Passageiro da Agonia" estavam ali, descritos. Faltavam detalhes dos bastidores e suas relações perigosas com o contexto privatista da era Fernando Henrique Cardoso.
De janeiro a setembro parti para a pesquisa. Precisava de mais detalhes, intrigas, imagens. Meu objetivo e desejo antigo era contar um pedaço do intrigante mistério: a passividade dos cachoeirenses diante do projeto de demolição do prédio e das construções circundantes ao contrário de outras comunidades que não se precipitaram e conservaram suas estações.
Fui em busca de subsídios com paciência e impaciência. O meu colega da Escola Borges, Ricardo Radünz, deve ter ficado exausto de tanto me ouvir buzinar nos corredores da escola, solicitando a magnífica foto do trem "segurando o trânsito".
À medida que as leituras iam avançando, aumentava minha incoformidade com a forma "toque de caixa" na qual longos anos de uma rica história foi entregue à iniciativa privada sem cautela, critérios claros, alternativas pesquisadas e caldo de galinha.
As malhas ferroviárias "doadas" não conservaram seus trens de passageiros. Foram ignoradas nas tenebrosas transações daqueles dias da década de 70, as possibilidades de revitalização do sistema. A impressão que ficou é que "deixaram" sucatear para depois entregar por valores que os cidadãos comuns como eu, não sabem dimencionar se foram justos ou não. Tudo leva a crer que não, assim como não foi justa a sentença de morte imposta à nossa Estação Ferroviária e a todo sistema nacional de transporte de passageiros por trem.

Renate Schmidt Aguiar - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

26/01/11 08:33
AGRADECIMENTOS

Agradeço (pela ordem apenas de memória visto que minhas retinas andam fatigadas e minhas cãs saturadas de calor senegalês) ao JORNAL DO POVO e EQUIPE pela publicação e segue um PARABÉNS especial à(s) pessoa(s) que fizeram a montagem visual das duas páginas. O texto era longo e da forma como ficou exposto, em vários tópicos, em muito contribuiu para melhorar o visual e facilitar a leitura da matéria.
Aos órgãos oficiais da cidade, Museu Municipal - Patrono Edyr Lima e Arquivo Histórico Carlos Salzano Vieira da Cunha e suas equipes de pesquisadoras, ao Ricardo Radünz, pelo empréstimo da foto (de autoria do seu pai, Rui Emílio Radünz), ao César Roos, pela sensível imagem "O Menino e o Trem", à Elizabeth Thomsen pelo envio das imagens raras (de variadas autorias) da metamorfose da Estação Cachoeira em Praça Honorato, ao Armando Fialho Fagundes pelo relevante depoimento, à d. Lya Wilhelm, aos ex-ferroviários Sérgio Rodrigues, Vilmar Zanini e Antônio Siqueira Martins e aos demais amigos, colegas e familiares que me "aturaram" falando exageradamente nestes meses todos as palavras mágicas "Estação Ferroviária de Cachoeira".

Renate Schmidt Aguiar - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

26/01/11 09:34
COMENTÁRIOS DO FÓRUM

Anilda Ferreira da Silva:
Na época da derrubada, o sentimento de preservação parece que ficou congelado, não consigo entender o porquê. A coluna do João Müller, sem dúvida, é forte.

Carlos Schirmer Baisch
Também estou assustada com o avanço da depreciação dos bens históricos que restaram. O prédio histórico da Prefeitura Municipal está literalmente em ruínas. A Estação Ferreira agoniza e a Ponte de Pedra emite sinais diários de pedido de ajuda.
A transfiguração do Teatro Municipal foi lenta mas firme. De fato o colégio Antônio Vicente possui linhas retas e em nada lembra a construção de outrora.

Alexandre Melo
Concordo contigo. No jornal Correio do Povo sai uma reportagem atrás da outra sobre a revitalização de prédios históricos pelo interior do Rio Grande. Há umas três semanas saiu uma foto belíssima da EstaçãoFerroviária de Santiago recém restaurada, tinindo.
Repara que não foram os pobres e remediados que demoliram.

Edson Souza
Não precisa agradecer, Edson. Há muito tempo queria escrever esta história. Em 1997 publiquei no jornal O Correio um texto sobre trens. De lá para cá a coisa vinha maturando.
Tudo também não teria sido possível se não contasse com a contribuição do Jornal do Povo em publicar a pesquisa.
A história dos trens é fantástica.
Procure visitar o Museu do Trem em São Leopoldo, é por demais interessante.
Existe um link:
https://www.saoleopoldo.rs.gov.br/home/show_page.asp?user=&id_CONTEUDO=1647&codID_CAT=1&imgCAT=&id_SERVICO=&ID_LINK_PAI=1243&categoria=%3Cb%3ESecretarias%3C/b%3E

Osni Schroeder
De fato, Osni, é um assunto bem difícil. Ficam as lembranças, as lições.
A foto é realmente fantástica.
Obrigada pelo incentivo.

Paulo Ribeiro Silva
Obrigada, esforcei-me para que o resultado fosse o mais fiel possível aos acontecimentos.

João Orlando dos Santos
Será que é possível reverter o jeito de um povo ser que não aprende diante de tantas perdas de toda ordem?

Eduardo Minssen
Gostei da tua colaboração, da ideia do Memorial Ferroviário. Ainda é possível sonhar, creio. Não direi ter esperança. Gosto de repetir o pensamento de Nietzsche sobre esperança: segundo ele, a esperança prolonga o sofrimento. Então vamos sonhar!

Leandro Matte
Obrigada pelo incentivo. Tens toda razão. Quem não viveu o tempo do transporte sobre trens, não viu as privatizações ligeiras dos anos FHC, não acompanhou o processo de demolição e não consegue mesmo imaginar a cena do trem na Júlio, ela fica parecendo surreal.
Esta foto foi a única que encontrei assim tão de perto.

Maria Clemência
Na tua memória existe hoje o vácuo deixado pela Estação.
Existem pequenas vitória mas grandes derrotas. Será que vai ser sempre assim?

Eduardo Minnsen
É boa a polêmica. O debate enriquece. Excelente a tua lembrança do vagão. Urgentemente uma simples cobertura para protegê-lo já seria um início. Por que a falta de mobilização para fazê-lo.
A prefeitura gastou 5 mil reais para o projeto de uma concha acústica que nunca saiu do papel. Este valor não teria pago um toldo para o vagão?

Daniel Falkenberg
Obrigada Daniel, pelo incentivo. Excelente a tua lembrança do engenheiro Jorge Ilha que poderia nos trazer mais detalhes.

Antônio Trevisan
Obrigada!
Que tuas palavras de salvamento da Ponte de Pedra encontrem eco.
Saravá!

Lecino Ferreira da Silva
Excelente sugestão!

Ione
Obrigada pela paciência em atender consultas e telefonemas.
Obrigada pelo incentivo e por tudo o que estás me ensinando e compartilhando.

Obrigada pelos comentários positivos. Mas não fiquem mal-acostumados.
Neste momento estou ocupada em escrever um livro de modestas memórias sobre o meu avô, imigrante de Oldenburg, Baixa Saxônia, que exerceu o professorado em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (Cerro Branco, Paraíso do Sul e Linha Sete de Setembro - Candelária) e o pastorado (era luterano) em Cerro Branco e Paraíso do Sul.

Mais uma vez obrigada a todos e um TODO ESPECIAL AGRADECIMENTO ao JORNAL DO POVO e EQUIPE e à Patrícia Loss que recebeu os arquivos e os repassou à redação.
Um bom dia senegalês a todos!
professora Renate Elisabeth Schmidt Aguiar
resaguiar.blogspot.com

Renate Schmidt Aguiar - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

26/01/11 11:55
Sobre a demolição da Estação Ferroviária central

O trabalho da Renate trouxe muitas informações importantes. Aproveito para fazer duas considerações adicionais:

1] Esta demolição foi uma CONSEQUÊNCIA (não necessária) de uma DECISÃO ANTERIOR de RETIRAR a via férrea da área central da cidade, que me parecia plenamente justificável, tanto para evitar a interrupção do trânsito na Júlio quanto, imagino, para evitar/reduzir acidentes com os trens que passavam por áreas urbanas bem povoadas. A Renate não examinou isto, mas creio que um resgate sobre o passado ferroviário da cidade deverá futuramente mostrar quando e como surgiu tal decisão.

2] Uma vez que os trens deixaram de circular pela região central, ficaram disponíveis os espaços ocupados pelos trilhos e a área (e prédios) da Estação central. O destino destes espaços foi bem abordado pela Renate, com destaque para a demolição do prédio principal desta Estação. Como ela mostrou, quase não houve objeção a esta derrubada... A "cidade" estava preocupada com seu "progresso", e pela maioria foi vista como natural a eliminação daqueles prédios velhos... Isto teria sido realmente um ERRO?? Poderíamos tirar daí algum aprendizado para o presente e futuro de outras obras do patrimônio histórico local?? Creio que aqui as dúvidas ainda são grandes, e provavelmente divergências surgirão...

Volto a parabenizar a Renate e o JP pela importante matéria, que contribuiu para resgatar o passado da cidade e ajudar a pensar no seu futuro.

Daniel Falkenberg - Florianópolis/SC (Brasil)

24/01/11 09:08
A marca

Está é a marca PSDB de governar , viva FHC.

Neorildo Dassi - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 09:52
Estação Ferroviária

Triste fim! Lembro da minha infância, quando eu morava defronte o portão do Mernak, na Davi Barcelos, a poucos metros da Estação Ferroviária. Convivi, diariamente, com o movimento da ferroviária e da estação rodoviária, na Otto Mernak. Quantas cargas vi serem transportadas pelos trens. Nossa empresa, Estofados Suzete,escoava toda a sua produção de móveis pela ferroviária. Lembro-me, também, dos circos que visitavam a cidade, que transportavam os animais nos vagões. Todas essas lembranças me trazem uma nostalgia muito grande e uma tristeza maior ainda, quando penso que nos países mais desenvolvidos, o transporte ferroviário é um dos principais meios de locomoção de passageiros e cargas. Na Europa, cruza-se todo o velho continente em trens modernos e confortáveis, sem contar com a modernidade que existe no Japão. E aqui? Só lembranças. É o retrato de uma política equivocada, sem querer direcionar a culpa para quem quer que seja. Só lamentar.

Valter Fogliatto - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

24/01/11 10:08
Tristes lembranças

O pais sempre faz a escolha errada, escolheu o transporte via rodoviária, graças as montadoras, agora viu que vez a escolha errada, dos trilhos só restam saoudes, enquanto no resto do mundo os trens seguem felizes e faceiros.

Jorge Ritter - Salvador/BA (Brasil)

24/01/11 15:53
Renovação sim, atraso não.

Concordo com cada um até certo ponto. Mas precisamos pensar: quem hoje iria enfrentar 7 horas de trem até POA? Nos dias de hoje isso não iria mesmo adiante. As lembranças podem ser boas, mas na prática o mundo capitalista não sobrevive delas. Com o advento da forte globalização e ainda do mundo informatizado, 3 horas até POA já é muito. O que se deveria fazer hoje é pensar naqueles trens mais rápidos que os ônibus, como já existe em muitas cidades do mundo. Venhamos e convenhamos, o mundo de hoje, infelizmente, pensa mais no tempo e na economia que qualquer outra coisa.

Wanderson G. Fuly - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

30/01/11 11:35
SOBRE OS COMENTÁRIOS

Neorildo Dassi:
FHC marcou presença na história do país no quesito desnacionalizações e entreguismo. Penalizou o funcionário público federal mediante DEZ anos de congelamento de salários. Um vendilhão!

Valter Fogliatto:
Estranho que neste caso, a Europa, destino de boa parte dos turistas brasileiros, não colaborou para estimular as autoridades nacionais a repensarem o modelo e modernizá-lo. Optou-se pela privatização e desmonte, ao meu ver, o caminho mais fácil.

Jorge Ritter:
A Alemanha teve a sua malha ferroviária reduzida a ferros retorcidos e chamuscados após a tenebrosa II Guerra Mundial.
Lembrou-se da Lenda da Fênix e assim foi feito.

Wanderson G. Fuly
Os tempos mudam. Os primeiros imigrantes alemães que chegaram ao Brasil em 1824 aos trancos e barrancos, suas viagens demoraram de 90 a 120 dias.
O imigrante Emil Wichmann casado com minha tia (ambos falecidos) veio ao Brasil em 1924. A viagem de Hamburg-Hafen até o Rio de Janeiro demorou 20 dias. Veja bem, haviam decorrido cem anos.
Portanto, certamente hoje uma viagem a POA não demoraria este tempo todo, se um processo de modernização e de valorização do transporte público coletivo tivesse sido prioridade da era FHC.

Renate Schmidt Aguiar - Cachoeira do Sul/RS (Brasil)

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