Orgulho!

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domingo, 23 de janeiro de 2011

CONFERÊNCIA LITERÁRIA

Conferência Cívica

Para ouvir a conferência cívica de Olavo Bilac, grande massa popular, constituída de representantes de todas as classes sociais, encheu o recinto do Coliseu, à noite de domingo.


Coliseu Cachoeirense
Cortesia Museu Municipal


O advogado Antunes de Araújo produziu uma vibrante peça oratória, enaltecendo a mentalidade e as virtudes do poeta, que, no palco, rodeado de pessoas gradas e após fazer continência à bandeira brasileira, sustentada pelo porta-estandarte do Tiro Brasileiro desta cidade, deu início à sua conferência.

Discorreu, com muita eloqüência, sobre a necessidade de preparar-nos para a defesa do nosso imenso e riquíssimo território, sendo atentamente ouvidas e devidamente apreciadas as razões que expôs.

Graças à sua bola voz e à clareza da sua dicção, as suas palavras foram distintamente ouvidas em todo o recinto do Coliseu.

A Conferência, em que o assunto da defesa pátria foi amplamente ventilado, durou quase uma hora, rendendo aplausos prolongados a Bilac.


Conferência Literária

À noite de segunda-feira, o interior do Coliseu, ornamentado a capricho, esteve cheio de cavalheiros e exmas famílias, ansiosos de ouvirem a conferência literária do delicado poeta do amor.

Olavo Bilac dissertou sobre Lendas Brasileiras, demonstrando como os espíritos do bem e do mal existem dentro das nossas almas, e que cada um de nós tem, dentro de si.
Um demônio que ruge e um deus que chora.

Para dar uma idéia precisa e exata desse estados d’alma, recitou alguns dos seus impecáveis sonetos, maravilhosamente adequados a cada caso que ia relatando, por entre os aplausos delirantes da assistência.

A palestra começou às 8 h e 40 minutos e prolongou-se durante 50 minutos, aproximadamente. Finda a dissertação sobre os boitatás, curupiras, fogos fátuos e outras aparições, puramente criações da fantasia popular, Bilac referiu-se às amazonas que uma lenda brasileira afirma terem existido à beira desse imensurável rio-oceano, virgens castas, fortes, ágeis e destemidas, que defendiam aquelas paragens inóspitas.

Em seguida Bilac recitou alguns dos seus formosos sonetos, que levaram a assistência de emoção em emoção.

Às 9 h e 40 min terminou a agradável hora de arte que nos proporcionou o adorável poeta, que foi acompanhado, por entre aclamações entusiásticas, até o Hotel do Comércio.

Os amadores fotográficos, srs. Dr. Benjamin Camozato e Leo Eisner tiraram fotografias com diversos aspectos das homenagens rendidas ao ilustre visitante.
O pintor A. Campos, executou em tela, um retrato colorido de Olavo Bilac, em ponto grande, cercando-o de moldura dourada e oferecendo-o ao poeta.

Ontem à tarde realizou-se no recinto do Coliseu, uma festa escolar oferecida a Olavo Bilac que esteve concorrida e brilhante e foi promovida pelo Colégio Elementar.
As senhoras e senhoritas cachoeirenses entregaram a seguinte mensagem ao festejado itinerante:

... todos o dever, a honra e o sacrifício.

A Olavo Bilac

A senhoras e senhoritas cachoeirenses vibrando uniformemente sob a ação da tua palavra quente e altiva compreendendo o alcance das idéias patrióticas e moralizadoras que vieste pregar nesta parte do Brasil amado e querendo dar-te uma prova inconfundível do teu apreço assignam-se solidárias com o programa da Liga de Defesa Nacional.

E, para que julgues dos primeiros efeitos desta solidariedade, comprometem-se a pregar, lembrar e ensinar, sempre e em toda a parte, o amor pelo Brasil, os sentimentos dos deveres cívicos e a confiança no grande futuro que surgirá com a difusão e o exercício das idéias que, em tão boa hora, Deus te inspirou.

Cachoeira, 17 de outubro de 1916.

A tarde de ontem, o mavioso poeta, que deu-nos a honra da sua visita e trouxe-nos o seu abraço de despedida, embarcou com destino à cidade de Santa Maria tendo ainda as homenagens de numerosíssimo comparecimento à Estação Ferroviária.

Boa viagem e muita felicidade, desejamos-lhe e cremos ainda interpretar os sentimentos da generalidade da nossa população.


Continua ...

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