Orgulho!

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terça-feira, 10 de abril de 2012

TITANIC - XIII PARTE


Ralava-me ardentíssima sede. Já não sentia nem o frio, nem a fadiga, nem o esfolado dos cotovelos, joelhos e pés; sentia tão somente aquela sede a devorar-me: tanto que, não podendo mais conter-me, levanto a cabeça para as cabeças de tanta gente que se debruçava na amurada a contemplar-nos com pasmo, e grito-lhes:
-"Água! Mandem-nos água, em vez de estarem a fotografar-nos ou lamentar-nos!"


Olhar o relógio,
uma das milhares de peças resgatadas, dá calafrios ...



Numa volta de olhos entraram a deitar-nos laranjas, que vinham esmargar-se no fundo da barca, onde nos atropelávamos, para as apanhar. E sofregamente as tragávamos. Nunca bebida alguma gelada nos há de parecer tão deliciosa!
Içam-me afinal a bordo com umas alças, como uma criancinha; e ao subir, avisto outros batéis do Titanic que ainda vem para nós à força de remo, ou ajudando-se até de velas improvisadas com quaisquer mantas. Vai-lhes a sereia do paquete disparando longas chamadas. Mas alguns tão alongados vinham ainda, que o embarque, principiado às cinco da manhã, só se concluiu às nove da noite.



Capitão do Carpathia sendo premiado por seu ótimo serviço de resgate.
A mulher, Mollly Brown, sozinha, comandou um dos barcos salva-vidas.

Mal eu assomei à tolda, tomaram-me em braços dois passageiros de boa vontade e transportaram-me a um beliche: onde fui despido, friccionado eficazmente, confortado com uns goles de rum e ovos batidos, e metido por fim na cama.
Dormi boas vinte e quatro horas a eito, sem acordar.
Na terça de manhã, em saindo daquele sono letárgico, tratei logo de matar a fome canina, que se apressou a recordar-me brutalmente o sinistro passado.
Depois, arrastando-me dolorosamente com as pobres pernas meio geladas e amparando-me às paredes, logrei chegar ao convés.
Espetáculo que se não esquece, lastimoso e sublime.

A 3ª classe era mais populosa. No último porto da Europa, Queenstown, na Irlanda, embarcou significativo número de passageiros, a maioria formada por imigrantes, desejosos de chegar a New York city, a tão famosa "América". Se a viagem desde este local tivesse transcorrido normal, em quatro dias o gigante chegaria ao seu destino.


O Carpathia já ia todo cheio quando acudiu ao lugar da catástrofe; contudo achou meio de receber oitocentos náufragos e de lhes oferecer a mais carinhosa acolhida. Homens e mulhres, tripulantes e passageiros, todo competiram em extremos de engenhosa caridade.


O navio partiu com 55% da capacidade total de passageiros. Dos 64 botes salva-vidas previstos inicialmente, somente 20 estavam a bordo. Os demais foram retirados para que houvesse espaço para "mais luxo e ostentação" ...


Nos salões, nas saletas de fumar, nos restaurantes, nos corredores, onde quer que aparecesse um cantinho, desocupado, dispunham-se colchões, trouxas de roupa, rolos de tapete à guisa de camas.

Equipe do Carpathia


Hospital e juntamente bivaque, um bairro de Messina ou de San Francisco da Califórnia logo depois do terremoto ...

Entre os sobreviventes não estava o capitão Edward John Smith.

A viagem do gigante que era para ser épica e um desafio aos limites da engenharia seria a última do capitão antes de se aposentar ...

O Titanic havia sido projetado para "boiar" e não para peitar icebergs!

Na quinta-feira de tarde, em Nova Iorque, entrava o Carpathia lentamente ao Hudson; e quando amarrou na doca preparada para receber o Titanic, à imensa multidão que o esperava, de luto, figurou-se-lhe ver chegar um ataúde colossal: pois não vinham ali dentro oitocentos sobrevivos que deploravam mil e seiscentos desaparecidos!

(Do Mensageiro do Coração de Jesus, de Portugal, fever. de 1914.)


Homenagem realizada no dia 10 de abril de 2012 no local de onde partiu (4.4.1912) o mega navio Titanic - Southampton, na Inglaterra

"Com um minuto de silêncio e o desfile de mais de 600 crianças com fotografias das vítimas do Titanic, a cidade inglesa de Southampton lembrou nesta terça-feira a partida há cem anos de seu porto do trágico transatlântico".
Fonte: site Terra


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