Orgulho!

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domingo, 8 de abril de 2012

TITANIC - VI PARTE

Uma detonação que me parecia formidável, fêz-me abrir os olhos.
Onde estava eu?
Em voltando a mim, logo pude num relance dar-me conta, ai! Da triste sorte minha, ou antes, nossa: pois éramos nada menos de vinte e dois pegados a um bendito batel que dificultosamente flutuava com a quilha para o ar. A Providência que m'0 deparou, fizera-me bater nele com o braço no próprio momento em que perdi os sentidos. Como quer que para ali me puxaram,ali fiquei sem dar acordo de mim nem das últimas e tão pavorosas cenas da agonia do Titanic.

Imagem: Maritime Quest

Mas agora eu ia presenciar a sua morte!
Sobre as causas do estrondo formidável e surdo a que me acabo de referir, muito se tem discutido. Falam uns em explosão das caldeiras, outro num baque de toda a maquinagem, ao arrancar-se e desabar por dávante demolindo tudo; até se tem dito que foi do desprender-se a ré, que estava em falso fora da água. O certo é que foi, lá dentro do grande vaso, um estampido enorme de vulcão: parecia que vaivéns colossais lhe bombardeavam as paredes que o cavername estralejava todo ao mesmo tempo. Um das quatro grandiosas chaminés abateu e rolou sobre o convés, esmagando coisas e pessoas.
Esse trovão durou, redobrando-se, alguns segundos.
Depois vimos o Titanic ir-se afundindo vagarosamente, sem arfar e sem parar, como um cutelo de grandeza desmedida que fosse penetrando em massa de manteiga.
Durou isto um largo minuto.

Imagem: Maritime Quest

Na minha memória para sempre atônita, conservarei até ao fim a tétrica imagem do Titanic baixando ao abismo, qual a deslizarse de bordo por uma portinhola um grande ataúde.

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