Orgulho!

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domingo, 21 de novembro de 2010

UTOPIA, DEMOLIÇÃO, INVASÃO E DEGRADAÇÃO

...
"Por falta de projeto perde uma verba que poderia resolver a situação dos moradores do Beco dos Trilhos, atirados à própria sorte no meio do lixo e marginalidade".
Rodney Carvalho

Fórum do Leitor
Jornal do Povo, 18.11.2010


Na semana que passou uma matéria publicada no Jornal do Povo despertou minha especial atenção:

Política
ANO - Nº 118 - Edição de Quinta-feira, 18 de Novembro de 2010

HABITAÇÃO
Falta de projeto tira Cachoeira do PAC 2


Verba de R$ 4,2 milhões era para casinhas populares. “Município foi sincero demais”


Tenho acompanhado há anos o desenrolar do novelo ou "novela" Beco dos Trilhos, resultado de toda uma sucessão de equívocos: federais, estaduais e municipais.
Sem adentrar nas razões da existência deste bolsão de degradação, do ponto de vista urbanístico, o Beco existe porque outrora havia ali o antigo leito ferroviário.
Com a demolição da Estação Ferroviária acontecida em 1975, mesmo que não se reconheça explicitamente, toda a área correspondente ao leito ou quase toda, cujos trilhos haviam sido removidos, foi invadida. Quero destacar que a invasão não ocorreu somente pela população pobre.
Sem projeto, sem infra-estrutura, a toque de caixa, criou-se um problema que se agigantou e que não há semana que passe sem que de uma forma ou de outra, o Beco dos Trilhos ou Bairro Virgilino Zinn é citado em outros becos, docas, nos bares ou nas esquinas de Cachoeira do Sul. Dali brotam cenas de dignidade e indignidade.
A seguir uma foto muito antiga, de mais ou menos 70 anos atrás. Nela, a rua Aníbal Loureiro, que dá passagem ao bairro Santo Antônio ainda não existe.
Na sequência, a matéria de 2008 do fotógrafo Robispierre Giuliani, que esteve no "Beco" produzindo uma série de imagens e entre elas a da ponte seca, da qual recentemente despencou um caminhão (13 de novembro). E esta mesma ponte, em matéria preparada por uma estudante, anterior ao sinistro, foi reportagem da série REPÓRTER POR UM DIA, publicada pelo JP na data de 17 de novembro de 2010.
Fiz a analogia de três momentos, coincidência ou não.
E o problema do Bairro Virgilino Zinn persiste, como diz Rodney Carvalho, atirado à própria sorte em meio ao lixo e marginalidade.
E Cachoeira ainda deu-se ao luxo de negligenciar uma verba que poderia TER SIDO O MANÁ desta população, visto que da cartola da Prefeitura não anda saindo nenhum coelho.
Renate Aguiar



Época da foto: final da década de 30, início da década de 40.
Fonte: Jornal do Povo, 13 de janeiro de 2009


1. Igreja Matriz Santo Antônio, inaugurada em 1937.
2. Colégio Imaculada Conceição. Segundo Mirian Ritzel, o primeiro prédio da escola data de 1927.
3. Prédio construído em 1918 para sediar a firma Knorr & Eisner, posteriormente Banco do Brasil, depois agência do Banco Agrícola Mercantil e finalmente Unibanco até outubro de 2008. Tombado em 2008 (Fonte Jornal do Povo, 19/08/2010)
4. Engenho Brasil ou Roesch, desativado. Parcialmente em ruínas, parcialmente ocupado.
5. Estação Ferroviária (gare)construída em 1883 e demolida em 1975. Segundo Osni Schroeder, o modelo dela era igual ao da Estação de Santa Maria, que foi CONSERVADA.
6. Plataforma de embarque.
7. Local ainda baldio do "futuro" Engenho Progresso, depois Lojas Tumelero, hoje supermercado Superbrás.
8. Muro de proteção da Estação Ferroviária. Resta um fragmento grudado no supermercado recém inaugurado Superbrás.
9. Hoje Praça Honorato de Souza Santos.
10. Leito da Rede Ferroviária Federal.


Segundo observação da Mirian Ritzel, a rua Aníbal Loureiro ainda não aparece nesta foto. As torres da Igreja Santo Antônio estão com a cobertura provisória.

ENSAIO
Pra quê as fotos, tio?



A velha ponte seca sobre o antigo leito de trilhos.

ONEIDE TEIXEIRA

Do outro lado das lentes do fotógrafo Robispierre Giuliani reflete-se a realidade do Beco dos Trilhos. São dois mundos ilustrados por contrastes: a inocência e a pureza nos olhos da criançada, o lixo na entrada do bairro e pessoas humildes mas de bom coração que se sentem esquecidas e abandonadas em meio ao anúncio de projetos e mais projetos anunciados neste ano eleitoral e nos muitos anos que já passaram.

Onde o fotógrafo ia, as crianças corriam atrás. “Pra quê as fotos, tio? É pro jornal?” perguntavam elas. Robispierre confessa que no fundo percebeu a tristeza nos olhos de algumas delas, crescendo em situação de miséria e sofrendo com a falta de atenção e respeito a quem precisa. “Um dia as crianças irão entender o motivo das fotos”, respondeu Robis.


Fotógrafo Robispierre flagra a felicidade infantil em meio à pobreza
As crianças estão sentadas na ponte ainda em razoáveis condições nesta foto de 2008. (RESA)


Degradação ambiental ostensiva
Fotos: Robispierre Giuliani
Ensaio
Matéria: Oneide Teixeira
Título: Pra quê as fotos, tio? Fotógrafo Robispierre flagra a felicidade infantil em meio à pobreza.
Data: 14 e 15 de junho de 2008.



Foto: Taís de Oliveira Maciel
1º lugar Fotografia


Na foto pode-se observar o adiantado estado de desmanche da ponte na imagem de 2010. Tem-se mesmo a impressão que neste momento ela só suportaria pedestre e bicicleta.
Passou-se um tempo razoavelmente curto entre esta foto e a da queda dela por ocasião da passagem de um caminhão carregado de areia. (Renate Aguiar)


REPÓRTER POR UM DIA 2010
BAIRROS
Ponte do Beco dos Trilhos: soluções temporárias para um problema permanente

A ponte do Beco dos Trilhos está quebrada, com as tábuas podres e as guardas quase caindo. A Prefeitura mandou dois homens trazerem duas tábuas e colocá-las onde tinha um buraco, tapando-o, mas estas tábuas também já apodreceram. Agora, os vizinhos estão colocando outras tábuas, porque se a ponte continuar deste jeito uma criança
pode cair num buraco e sofrer um acidente. Quando a Prefeitura resolver arrumar a ponte pode ser tarde. Será que a Prefeitura não tem verba para arrumar uma ponte pequena? Ou é falta de vontade para resolver o problema?

Em época de campanha, o prefeito prometeu resolver o problema da ponte. Agora que se elegeu esqueceu da promessa de campanha? “Ele não sabe como é horrível viver num lugar de difícil acesso e muitos dependem dessa ponte para se deslocar de um lado para outro com segurança”, diz a moradora Angela Karina Moura Lacerda, que usa todo o dia a ponte para chegar à Escola Juvêncio Soares. O Beco dos Trilhos, hoje conhecido por Bairro Virgilino Zinn, de bonito só tem o nome, porque muda prefeito e os problemas continuam os mesmos, começando pela ponte.



Matéria publicada na capa do Jornal do Povo do dia 15 de novembro de 2010*

Caçamba era pesada demais para a velha estrutura de madeira da ponte do Bairro Virgilino Jayme Zinn

Carregada de areia, a caçamba do motorista Luciano Ourives, 26 anos, despencou sábado da ponte da Travessa Batista Carlos, no Beco dos Trilhos. O acidente na Batista Carlos ocorreu quando parte da velha estrutura de madeira não resistiu ao peso do caminhão e quebrou, fazendo com que o veículo tombasse. A queda foi de uma altura de cerca de cinco metros. Após despencar, a caçamba capotou uma vez e parou com as quatro rodas no chão. Ourives sofreu apenas lesões leves e foi liberado após passar por exames no Hospital de Caridade e Beneficência.

Tomei a decisão de publicar esta foto "forte" a partir da matéria do Jornal do Povo, pelo fato do motorista estar relativamente bem.

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