Orgulho!

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O FIM DA CHIBATA NA MARINHA


João Cândido faz a leitura do protesto

CONSCIÊNCIA NEGRA
Quem foi João Cândido?


Líder da Revolta da Chibata terá importância resgatada

João Cândido, o Almirante Negro, marinheiro natural de Encruzilhada do Sul

Reconhecido no ano passado pelo governo brasileiro como um dos heróis negros, o marinheiro João Cândido, natural de Encruzilhada do Sul, que no começo do século passado liderou o movimento que ficou conhecido como Revolta da Chibata, será um dos destaques da Semana Municipal da Consciência Negra de Cachoeira do Sul. No dia 14 de novembro integrantes do movimento negro na cidade pretendem distribuir material informativo sobre a trajetória de João Cândido.


João Cândido e seu filho caçula, Adalberto do Nascimento Cândido, o Candinho

As atividades da Semana da Consciência Negra, que transcorrerá de 13 a 21 de novembro, culminará com kizomba na Bonifácio. De acordo com o presidente da Associação Cachoeirense da Cultura Afro-brasileira (Acca), Luciano Ramos, além do Almirante Negro, serão lembrados também os negros que foram massacrados por tropas federais no final da Revolução Farroupilha, no episódio que entrou para a história como a chacina dos voluntários e lanceiros negros. O fato ocorreu no Cerro dos Porongos, no interior do município de Pinheiro Machado, que tornou-se um dos pontos de referência da luta do povo negro gaúcho.


Joâo Cândido concedendo entrevista a jornalista

INDENIZAÇÃO - De acordo com Luciano Ramos, um dos objetivos da divulgação dos fatos históricos é reforçar o apelo feito pelo movimento negro brasileiro, que defende a indenização aos familiares dos negros assassinados. “Precisamos conhecer a história para entender a realidade presente e resgatar a cidadania e direitos do povo negro”, declarou o dirigente da Acca, que participou com representantes de outras entidades ligadas à consciência negra do encontro realizado nesta sexta-feira na sede da Coordenadoria da Igualdade Racial, no qual ficou definido o calendário de atividades da semana.

Além da lembrança dos heróis negros, haverá também atividades nas escolas municipais, onde serão eleitos os mais belos negros estudantis. No dia 15 as entidades negras visitarão o quilombo do Cambará, na BR 290, onde também haverá atividades. No dia 16 será promovido, em local ainda a ser definido, o encontrão da juventude negra de Cachoeira do Sul. Conforme Luciano, a semana encerrará com uma grande kizomba (festa) na Praça José Bonifácio.

JORNAL DO POVO, 08 DE NOVEMBRO DE 2010.



João Cândido morreu em 1969, na vigência plena da ditadura militar. À frente, à direita, seu filho Candinho.


ENTENDA O EPISÓDIO:
No início do século XX, precisamente no ano de 1910, durante alguns dias, mais de dois mil marujos movimentaram a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, ao tomarem posse de navios de guerra para exigir o fim dos castigos corporais na Marinha do Brasil.
Em abril de 1910, o “Minas Gerais”(navio blindado de guerra) chegou à Baia da Guanabara, era o navio mais bem equipado do mundo, mas, as questões de regime de trabalho, o recrutamento dos marujos, as normas disciplinares e a alimentação deixavam a desejar. O retardamento das reformas nessas áreas fazia lembrar os anos dos navios negreiros. Tudo na Marinha, Código Disciplinar e recrutamento, principalmente, ainda eram iguais ao da monarquia. Homens de bem, criminosos, marginais eram juntamente recrutados para servirem obrigatoriamente durante 10 a 15 anos e, a desobediência ao regulamento tinha a punição de chibatadas e outros castigos.
O açoite do marinheiro Marcelino Rodrigues, no dia 22 de dezembro de 1910, desencadeou a rebelião dos marinheiros, de maioria negra, contra os castigos físicos remanescentes da escravidão. À frente do grupo, a bordo do encouraçado Minas Gerais, estava João Cândido. Houve ataques à cidade e seis oficiais da Marinha foram mortos pelos revoltosos. Sobrevivente do degredo e do fuzilamento dos envolvidos, João Cândido foi expulso da Marinha. Morreu aos 89 anos, desamparado e com câncer, em 1969.
Fonte: Notas Judiciosas,recortes jornalísticos e opiniões sobre temas jurídicos.

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