Orgulho!

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

AS VIAGENS DE TREM - PRIMEIRA PARTE


Corina de Abreu Pessoa, à direita, no Rio de Janeiro em 1962


...

A viagem pelo trem era mais rápida. Não ia até Porto Alegre, nesse tempo. Os trilhos chegavam só a Santo Amaro. Aí fazia-se a baldeação para um vaporzinho, que entrava em combinação com o trem.
No porto de Santo Amaro, o vapor recebia os passageiros, que sentiam um grande prazer, quando deixavam o trem e tomavam o vapor, livrando-se da poeira. De cara lavada, reconfortados com um bom jantar, chegavam em Porto Alegre à hora em que começavam a brilhar as luzes da cidade e ainda se viam as torres de N. S. das Dores.
Mais tarde, os trilhos alcançaram a capital gaúcha, atravessando as novas pontes do Caí, Gravataí e rio dos Sinos. O costume de baldeação ainda durou muito tempo, pois quem não tinha pressa preferia terminar a viagem pelo vapor, gozando a bela paisagem dorio e suas margens. Os apressados seguiam a viagem pelo trem. Mas ... passou tudo! Acabou-se a baldeação em Santo Amaro!
Grandes foram as mudanças em pouco mais de meio século. Abriram-se estradas de rodagem, cortando distâncias, reduzindo-as, aumentando populações, mudando nomes de estações ferroviárias, criando outras ...
Quem viajou no tempo das baldeações de Santo Amaro, deve lembrar-se dos almoços na estação de Cachoeira e do café com "leite de verdade" e saborosos sonhos. Sonhos grandes, dourados, que os passageiros devoravam rapidamente, na parada do trem. Valia a pena fazer uma viagem somente para comê-los.
Em Cachoeira, os passageiros desciam e almoçavam no "Restaurante Bertile*" em uma sala ampla, bem servidos e tranquilos; comiam em terra firme! Nada disso existe mais. Somente as velhas Estações nos lembram esse tempo, através da pátina que cobre as suas fachadas, sem os arrebiques modernos das "marquises".
Entra ano, sai ano, e lá está a velha estação de Cachoeira, a mesma que conheci quando chegamos no ano de 1893, mais escura, mais movimentada.
As velhas gerações passaram ali, as novas estão passando e elas, as Estações de Cachoeira e do velho e lendário Rio Pardo, sempre firmes, apesar do tempo decorrido, como avozinhas queridas da Viação Férrea, contando as suas glórias passadas, os seus carros novos e limpos, as locomotivas nipônicas, os horários certos e a alegria dos seus passageiros na hora do almoço em Cachoeira e do café com sonhos no Rio Pardo!

...

* Fiquei em dúvida se ela não queria escrever Pertile. (RESA)

Alfredo Leal, um brasileiro esquecido
Corina de Abreu Pessoa
Págs. 48 a 50



Linha Porto Alegre-Uruguaiana - km 628,273 (1960)

RS-0694
Inauguração: 23.12.1890
Uso atual: museu e outros
Com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1890

HISTÓRICO DA LINHA:

A Estrada de Ferro Porto Alegre-Uruguaiana foi aberta como empresa federal em 1883, ligando Santo Amaro (Amarópolis) a Cachoeira (Cachoeira do Sul).
Para se ir de Santo Amaro a Porto Alegre utilizava-se a navegação fluvial no rio Jacuí.
Em 1898 foi encampada pela Cie. Auxilaire, empresa belga, e em 1905 passou a ser a linha-tronco da VFRGS, ainda administrada pelos belgas.
Em 1907, os trilhos atingiram finalmente Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Somente em 1911, a construção da linha Santo Amaro-Barreto-Montenegro possibilitou a ligação da longa linha com a Capital, utilizando-se parte da antiga linha Porto Alegre-Novo Hamburgo.
Em 1920, a linha tornou-se estatal novamente.
Em 1938, a variante Diretor-Pestana-Barreto diminuiu a linha em 50 km.
Durante os seus anos de operação foram construídas algumas variantes, para encurtar tempos e distâncias, eliminando algumas estações de sua linha original.
Em 1957 foi encampada pela RFFSA.
Em 2 de fevereiro de 1996, deixaram de rodar os trens de passageiros pela linha, que, hoje transporta os trens cargueiros da concessionária ALL desde esse mesmo ano.

Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.


Imagem: cortesia Museu Municipal Patrono Edyr Lima

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