Orgulho!

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terça-feira, 22 de março de 2011

EMIL E CACHOEIRA


Imagem: Emil atravessa o seu mundo de dois continentes e o Mar Tenebroso cujo "sal são lágrimas de Portugal e por cujas águas muitas noivas portuguesas ficaram por casar ..."

DE RIO GRANDE PARA SANTA CRUZ DO SUL

Emil Wichmann viaja a Santa Cruz do Sul (1924?) provavelmente devido a alguma oferta de emprego. Segundo depoimento da sua neta Helena Baldi, "a profissão do avô Emílio era construtor de obras. A avó Emília trabalhava em um hotel em Santa Cruz como arrumadeira quando conheceu o avô Emílio.".


Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Casamento* de Emil Wichmann e Emilie Ruseler
Data: 1928

* A cerimônia foi oficializada pelo pai de Emilie, pastor e professor Karl Heinrich Gerhard Ruseler

O casal teve três filhas: a mais velha Ruth (1928-2009), Nora (1929)e Irma (1930)

Segundo a neta Helena, "o avô Emílio além das construções das casas das filhas Irma e Nora (que também foi depósito de material de construção), também ajudou na construção do Colégio Imaculada Conceição e a morada dos Rizzatti, na subida da rua Júlio de Castilhos, ao lado do posto".


Imagem: cortesia Helena Baldi
Época: 1930(?)
A menina da esquerda é a caçula de Emil e Emilie, Irma. À direita, a filha mais velha Ruth.



Imagem: acervo pessoal
Época: início da década de 1940
A três irmãs, da esquerda para a direita: Ruth, Irma, e Nora. As meninas tinham apenas um ano de diferença de idade entre elas.

Helena ainda conta um pouco da doença do avô: "a doença dele teve como origem um acidente durante a guerra, provocado pela explosão de uma granada, onde um estilhaço teria atingido a parte posterior da cabeça".
Helena menciona "uma possível decisão do governo de deportar os acidentados, porque queriam somente soldados fortes e firmes, prontos para as batalhas."




Imagem: acervo pessoal
Época: 1942 (?)
Bertha Ruseler (mãe de Emilie e Anna) sentada. Atrás dela Emilie Ruseler Wichmann. Bem à direita, a caçula de Bertha e irmã de Emilie, Anna Ruseler.
Ruth, Irma e Nora estão à frente do grupo, sentadas no gramado.
Na época desta foto, Emil já apresentava os primeiros sintomas da sua doença. Seu quadro clínico foi agravando-se a ponto de ter sido necessária a decisão de interná-lo em Porto Alegre, onde permaneceu seus últimos vinte anos de vida.


Imagem: cortesia Sérgio Lovatto
Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul

Emil tinha alucinações. Sofreu muito e junto com ele, sua família.
Da vinda ao Brasil, dos anos com Emilie, foram talvez dez anos, o tempo bom da convivência. Seguiram-se sustos e internações. Suas filhas pouco contato tiveram com o pai.
Seguidamente penso na leitura fria das estatísticas das guerras. Gelidamente são calculados os mortos, os feridos e os desaparecidos.
O Brasil foi o sonho de um rapaz humilde. Conseguiu chegar nesta terra promissora há oitenta e sete anos atrás. Mas Emil era um ex-combatente sequelado e o que ninguém podia prever foi a evolução dos ferimentos que infelizmente, não permitiu que a família vivesse felicidade plena.

Aqui casou e deixou descendência.
Ruth não teve filhos mas "adotou sobrinhos". Nora casou-se com um ex-pracinha, Abílio. Tiveram cinco filhos: Helena, Cláudia, Ângela, Rachel e Felipe.
A caçula Irma, casou-se com Ernesto e juntos tiveram Rosane, Sérgio e Márcia.

Emil e Emilie tiveram uma vida dura. Mas são exemplos como o deles que abastecem a coragem para a luta das gerações seguintes.
Se pudéssemos contar e escrever todas as histórias dos imigrantes, veríamos que elas são iguais às nossas, minha e tua. Histórias recheadas de sentimentos. É o que nos diferencia dos animais: o sentir, o pensar e o dom de transmitir.


NESTE ESPAÇO POSTAREI UMA FOTO DE EMILIE RODEADA DE TODOS OS SEUS NETOS. Uma neta, Rachel, não está mais entre nós. E é a ela que dedico esta breve retrospectiva da vida do seu querido avô.

Ainda falta a foto


EMILIE E SEUS BISNETOS EM IMAGEM DE SETEMBRO DE 1983


Cortesia: Helena da Rosa Baldi

3 comentários:

  1. Oi Renate,

    Eu li os posts da História de Emil Wichmann e gostei muito, eram histórias que eu ia escutando quando era pequena, mas nunca entendia muito bem de quem se estava falando.
    Excelente texto e muita riqueza narrativa, além das preciosas imagens!

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  2. Daniel de Barcellos Falkenberg15 de maio de 2011 às 10:42

    Renate
    Acho que ficou bem interessante a história toda, muito bem contada! O final, achei especialmente adequado, penso que foi um excelente trabalho. Parabéns!

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  3. Luciana e Daniel!
    Agradeço o incentivo de vocês através da generosidade das observações.
    Todavia, a última parte não está de todo completa. Preciso retornar às fontes em busca de mais informações.
    Com isso pretendo rechear mais o texto enriquecendo detalhes.
    Preciso também de mais tempo para encontrar testemunhas com boa memória e dispostas a contar mais coisas.
    Grande abraço,
    Renate
    15.05.2011

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