Orgulho!

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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Gelada e quieta, Leningrado recusava-se a morrer,

Daqui a uns dias, o magnífico balé russo Bolshoi apresentar-se-á aos afortunados paulistas, com o Ballet Spartacus. 

A resistência do escravo da Trácia, Spartacus, diante dum mundo romano de escravos, combates ininterruptos, apresentações bestiais nos coliseus e impiedosa indiferença para com a vida humana, fez-me recordar dum terrível episódio da Segunda Grande Guerra: os 900 dias do cerco a Leningrado, hoje São Petersburgo! 

Spartacus morreu em combate com mais milhares de escravos e 6 mil de seus seguidores foram crucificados e deixados para morrer à beira duma estrada romana, a Via Ápia, de Roma a Cápua.

Gelada e quieta, Leningrado

O horrendo pão de serragem e a cartela de racionamento!

Gelada e quieta, Leningrado
recusava-se a morrer,
Não choramos mais, pois
as lágrimas não apagam o ódio.
E o ódio é nosso único caminho,
a garantia da vida,
a cura do pesar,
a única força que une
aquece e guia.
Fins de novembro, dezembro e janeiro
foram os piores dias.
Primeiro estava frio, - 40ºC.
A fome começou a ser sentida
e o povo começou a morrer
de fome e frio.
O cerco prosseguiu."

[Depoimento de uma sobrevivente.]

Desde o começo da invasão da Rússia, em junho de 1941, o Grupo de Exércitos Norte Alemão tinha conseguido avançar rapidamente, através dos países bálticos, em direção a Leningrado, hoje São Petersburgo. Movimentando-se velozmente, ocuparam muitas localidades em torno de Leningrado cortando as vias férreas que unem esta cidade com o resto da URSS. Lutando furiosamente, os russos tentaram em vão impedir que os alemães fechassem suas garras sobre a cidade. A 8 de setembro de 1941, o cerco estava fechado.No interior da cidade ficaram praticamente aprisionados 3 milhões de pessoas.
A 29 de setembro, Hitler enviou um terrível determinação: a cidade não deveria ser tomada mediante um ataque direto. Teria simplesmente, que ser submetida a um apertado sítio, e ser arrasada aos poucos, com o fogo da artilharia e os bombardeios aéreos.
Corpos e mais corpos insepultos

"Qualquer pedido de capitulação deve ser rechaçado - ordenava o Führer - pois o problema da alimentação e da sobrevivência da sua população, não pode, nem deve, ser resolvido por nós!'

Nenhuma cidade, em toda a guerra , sofreria um destino mais cruel e espantoso: o cerco durou 900 dias (de 8.09.1941 a 27.01.1944).
Em 12 de setembro de 1941, as reservas de alimentos com que contavam os 3 milhões de habitantes eram as seguintes:
* farinha para 35 dias;
* massa para 30 dias;
* carne para 33 dias;
* gorduras para 45 dias;
* açúcar para 60 dias.

No mês de novembro, cada ração tinha o seguinte nº de calorias:
Operários: 1087;
Comerciantes: 466;
Crianças: 684;
Pausa no inferno!
No mês de novembro, morreram d
e fome 11 mil pessoas, em dezembro, 52 mil. Perto de 35 mil pessoas puderam ser evacuadas de avião e houve pessoas que arriscaram-se a abandonar a cidade pela superfície gelada do Lago Ladoga, e mesmo assim abaixo da artilharia alemã.
Todos os animais foram sacrificados, de cavalos a ratos.  No auge do desespero de fome coisas indizíveis serviram de "alimento" tais como:
- produtos medicinais não essenciais;
- azeite de castor;
- glicerina;
- vaselina;
- loções capilares.
As sopas eram preparadas com cola de carpinteiro.

A rota da vida, pelo Lago Ladoga

Cadáveres e mais cadáveres de rua da cidade imperial, São Petersburgo 

A bela cidade imperial a perigo!
Artilharia anti-aérea russa.

Um número em um milhão de mortos

O Museu Hermitage






Pessoas caíam por todos os lugares por fraqueza e ali morriam. Não havia caixões e nem pessoas para os enterros, todos estavam fracos demais. Os corpos de um jeito ou doutro ia parar nos cemitérios mas não eram enterrados. As fábricas mantiveram o ritmo de produção, porém operários caíam mortos.

Terra arrasada!
O fornecimento de óleo e de carvão terminou em setembro de 1941. Para conseguir lenha, formavam-se patrulhas integradas geralmente por mulheres e crianças, que partiam para os bosques vizinhos, desprovidos de roupas adequadas e calçados. 


Só havia energia elétrica no quartel-general soviético, nos comitês do distrito, nas bases de defesa aérea, e em algumas outras instituições.
Em janeiro de 1944 ocorreu a ofensiva contra os alemães, que já estavam esgotados pela guerra, e mais ainda pelo frio e PELA RESISTÊNCIA DO POVO DE LENINGRADO.

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