Orgulho!

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sábado, 8 de setembro de 2012

Políticos latifundiários, de Juremir Machado da Silva

DESUMANIZAÇÃO
[Jorge Ritter]
A maior decomposição química

O homem se transformando em ratos

Ratos animais fugitivos

E os homens?

Os homens...

Que fujam.

Políticos latifundiários

Juremir Machado da Silva
Correio do Povo, 8 de setembro de 2012

Que país surpreendente este nosso Brasil. Quando a gente pensa que uma coisa é uma coisa, essa coisa já outra coisa. PP e Dem não são os partidos com o maior número de grandes proprietários de terra. Perderam a liderança para o PSDB e o PMDB. Continuamos originais. Somos talvez o único país do mundo com uma social-democracia latifundiária. O livro do jornalista Alceu Luís Castilho, "Partido da Terra, como os Políticos Conquistam o Território Brasileiro" (Contexto), explica como seu deu essa formidável mutação. Com base em dados fornecidos pelas candidatos à Justiça Eleitoral, apresenta,a com nomes, hectares e valores, quando estes não são sonegados, o mapa desses novos coronéis rurais.
Nossos representantes controlam mais de 2 milhões de hectares. Nada de extraordinário para 12.292 políticos. Uma porção de terra do tamanho de Sergipe. Com alguns ajustes, fica maior que Alagoas, Haiti e Bélgica. João Lyra refestela-se em 53.108 hectares. O ex-governador Newton Cardoso nem consegue chegar a 200 mil hectares . Contenta-se com 185 mil em 1.545 fazendas. A empresa de um certo Joaquim Reis explora esquálidos 500 mil hectares. Blairo Maggi, que foi do PPS, o ex-partido comunista, planta grãos em míseros 203 mil  hectares, sendo humilhado por seu primo, Eraí, que ocupa 380 mil hectares. Essa turminha com espírito cívico detém 1,2% do território brasileiro. Só ficamos atrás do Paraguai em concentração de terras. Alguns políticos, contudo, são modestos proprietários. O conhecido Geddel Vieira Lima só tem 10 mil hectares. Íris Resende não vai além de 21 mil. O pobre do Eunício Oliveira só tem 8 mil. A média de hectares por senador é modestíssima: quase mil.
Como conseguem eles viver assim? Um mistério.
Alceu Castilho é um chato. Dá muitos números enfadonhos. Fica mostrando que 211 políticos possuem mais de 2 mil hectares cada um. Prova que 346 possuem 77% dos 2 milhões de hectares declarados. Revela que 77 são donos de mais de 5 mil hectares cada um. Assinala que 29 deles cercam 612 mil hectares. Atenção, ignorantes, não venham falaar em latifúndio. Esse é um termo técnico variável por região e município. Um latifúndio por extensão precisa ter, segundo o autor, 600 módulos fiscais. Na região Norte, um módulo fiscal vai de 50 a 100 hectares. Ou seja, para ser latifúndio precisa somar 30 a 60 mil hectares. Prova de que o latifúndio esta praticamente extinto no Brasil. Castilho enfatiza: "Nenhuma terra brasileira com até 3 mil hectares seria, ainda, latifúndio por extensão". Restam os latifúndios por (falta de) exploração. Que coisa! Não?
Tem 31 políticos commais de 10 mil hectares cada um. Os prefeitos adoram a vida rural. Alguns não se controlam e usam trabalho escravo. Muitos compram terras longe dos seus currais eleitorais. Amam São Félix do Xingu, um município devastador e flamejante. Entre agosto de 2009 e agosto de 2010 teve 15,9 mil hectares de floresta queimados e 30,6% dos focos de incêndios do Pará. Vez ou outra, políticos esquecem de declarar alguns milhares de hectares ou de cabeças de gado. Inflam e desinflam preços. Chega a ter hectares a 13 centavos.

Ilustração: João Luís Xavier
Correio do Povo


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