Orgulho!

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quinta-feira, 14 de abril de 2011

TOMBAMENTO DO TEMPLO


Imagem: Renate Aguiar
O templo em mais um dia de graça!
A imagem é do outono/inverno de 2010


PLANTÃO JORNAL DO POVO
Dia 14 de abril de 2011

Patrimônio HOJE - 13h26 - Texto de Patricia Miranda
RESGATE HISTÓRICO MARCA OS 8O ANOS DO TEMPLO LUTERANO

Culto festivo será na terça-feira. Comunidade espera tombamento neste dia

Expectativa de tombamento na festa dos seus 80 anos Templo Martin Lutero:

Um culto festivo marcará os 80 anos de inauguração do Templo Martin Lutero, no Bairro Rio Branco. A festa será na próxima terça-feira, às 19h30min, no templo. Foram convidados os corais Martim Lutero e o Jubilarte, além da aluna do Colégio Sinodal Barão do Rio Branco, Mayne Dottes Sortica que irá cantar, acompanhada da professora Simone Bicalho e do músico Esquiel Rosa no violão.

Segundo o presidente da Comunidade Martim Lutero, John Army Parnow, uma das grandes expectativas da noite é a assinatura do decreto de tombamento do templo.

Imagem: Renate Aguiar

O presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Cachoeira do Sul Compahc), Miguel Felippe de Moraes, explica que é possível que o documento seja assinado neste dia.

Uma dos pontos críticos para se buscar o tombamento é obter os dados históricos do prédio, o que já está pronto. Outro ponto positivo para o tombamento do Templo Martim Lutero é o apoio da comunidade luterana para que isso aconteça.


Crédito da imagem: Jornal do Povo
A gárgula, assim como a comunidade de Cachoeira do Sul, aguardam ansiosamente o tombamento.


PATRIMÔNIO - Parnow observa que o templo não é um patrimônio apenas dos luteranos, mas de toda a comunidade cachoeirense. No dia do culto, a planta original da obra estará exposta para que os visitantes possam conhecê-la. Será lançada também uma xícara comemorativa aos 80 anos. O valor ainda não foi definido.

A história de um templo de oito décadas

A professora aposentada Nelda Scheidt está dedicada desde março de 2010 em buscar a história da construção do Templo Martin Lutero. Ao relembrar os fatos históricos, Nelda expressa no olhar o encantamento pelas descobertas.

Crédito da imagem: blog PONTE DE PEDRA
A professora de artes, Nelda Scheidt aparece bem ao fundo, de blusa listrada e óculos

Para concluir a pesquisa, que segundo ela ainda depende de alguns detalhes, a professora contou com o auxílio da arquiteta Elisabete Thompsen e da professora Regina Buss, que está editando o material. Para descobrir fatos que retratassem a construção do templo, Nelda pesquisou nas atas (todas escritas em alemão e que
precisaram ser traduzidas) e jornais da época entre 1928 e 1931.


Crédito da imagem: blog PONTE DE PEDRA
A arquiteta Elisabeth Thomsen aparece de blusa branca inclinada sobre a mesa


Crédito da imagem: blog PONTE DE PEDRA
A professora de Biologia, Regina, aparece à esquerda

"Nossa primeira ideia era buscar a descrição arquitetônica da obra, mas vimos que a dimensão disso tudo era muito maior", observa Nelda. Na época, a comunidade luterana era formada por 160 famílias, que sentiam a necessidade de se reunir. O primeiro ponto de encontro foi em uma casa na Rua Marechal Floriano, próximo onde hoje fica a Igreja Metodista. No entanto, segundo a doutrina de Martin Lutero, onde há uma escola deve haver um tempo. Aqui, já existia o Colégio Barão do Rio Branco. Era hora de construir o templo.


Foi aberto então um edital em todo Brasil para buscar o arquiteto da obra. Nelda observa que há registros que apontam que foram apresentados 14 projetos. Em outro documento, aparecem 11. Mas a certeza que se tem é que o vencedor foi alemão Theo Wiederspahn, que morava em Porto Alegre, idealizador da primeira e da segunda ideia aprovada pela comunidade.

TROCA - Quando veio à cidade, Wiederspahn orientou que fosse feita a obra que havia ficado em segundo lugar na preferência dos luteranos, aproveitando assim melhor o terreno que fica na esquina entre as ruas Presidente Vargas e Isidoro Neves da Fontoura.


Imagem: Theodor Wiederspahn
Cortesia: Elisabeth Thompsen



Imagem: desenho original da Fachada do Deutsches Krankenhaus, Hospital Moinhos de Vento, projeto de Theo datado de 1936
Crédito da imagem: Hospital Moinhos de Vento, 80 Anos de História

Assim, começou a ser construído o templo que tem forma octogonal e apresenta uma séria de elementos no estilo neo-gótico (caracterizado principalmente pela delicadeza dos detalhes). A obra demorou oito meses para ficar pronta.

Sinos tiveram sua história à parte

A professora Nelda Scheidt destaca que a chegada e a inauguração dos sinos tiveram sua história à parte na construção do templo. Segundo os registros, os três sinos que estão na torre chegaram a Cachoeira na manhã do dia 4 de janeiro de 1931. Vindo em uma embarcação pelas águas do Rio Jacuí, ele foi carregado em um caminhão.

Imagem: Renate Aguiar

A partir da Praça Balthazar de Bem, iniciou a grande festa pela chegada das peças, que foram enfeitadas e passaram pelas principais ruas da cidade até chegar ao Bairro Rio Branco. O sino maior pesa 1.500 quilos, outro pesa 110 quilos e o menor tem 90 quilos. Eles foram construídos na Alemanha, na cidade de Apolda, considerada até hoje a capital dos sinos pela tradição em fazer estas peças.

Em cada um deles está escrito em alemão e alto relevo versículos da Bíblia e o nome dos doadores do recurso para comprá-los. Está descrito os nomes de Reinaldo Roesch, Edwino Schneider e Emílio Schlabitz. Os nomes dos três colaboradores estão dispostos igualmente nos três sinos.

Na hora de inaugurá-lo em 1º de março de 1931, pouco antes da inauguração do prédio, os integrantes da comunidade tiveram uma ideia criativa e lucrativa. Foi feito um leilão e quem oferecesse o maior valor, garantia o direito de dar a primeira badalada no sino. Os maiores lances foram dados por Carlos Goltz, Luis Diefenbach e Guilherme Ritter. Ainda neste dia, quem quisesse subir na torre e dar uma badalada no sino, pagava uma pequena quantia. O dinheiro foi utilizado para completar a obra.


Imagem: Renate Aguiar
O sineiro sobe à torre todos os dias.


Curiosidade:

O belo templo foi construído por uma empresa de Santa Cruz: Schütz & Matheis.
Por acaso encontrei neste "Kalender" de 1936, o comercial desta empresa.



Imagem: acervo pessoal


Imagem: página com o comercial


Imagem: detalhe e tradução

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