Se digo amor
Só é por alguém
É pelos malditos
Deserdados deste chão
Novena, Beto Guedes
Frei Tito de Alencar Lima (14.09.1945 - 10.08.1974)
Frei Tito foi preso em 1968
sob a acusação de ter alugado o sítio onde se realizou o 30º Congresso
da UNE, em Ibiúna, SP, e novamente em em 04.11.1969, em companhia de
outros frades dominicanos acusados de manterem ligações com a ALN e seu
líder Carlos Marighella.
Enforcou-se numa árvore de
um bosque ao redor do convento S. Jacques em Paris. A morte foi seu
último ato de coragem e protesto. Foi enterrado no cemitério de Sainte-Marie-de-la-Tourette. Em 1983, seus restos mortais foram trasladados
para o Brasil e acolhidos solenemente na Igreja dos Dominicanos, em
Perdizes, em SP, capital, ao lado dos restos mortais de Alexandre
Vanucchi Leme, morto em 1973.
Fonte: Direito à Memória e à
Verdade, Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos,
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,
Brasília.
(Poema sem título, 1964)
Lila Ripoll [1905, Quaraí - 1967, Porto Alegre]
Não. Não aceito este vento
Como eterno.
Nem o céu toldado
como paisagem possível
Nem a música absurda dos tambores
quebrando o ritmo da melodia verdadeira.
Não. Não aceito a mutilação
de meu espírito.
De meus passos,
Da brasa de sonho
que arde dia e noite no meu peito.
Não Não aceito a vida
emoldurada em formas imutáveis;
as estrelas sem brilho; as vozes fechadas na garganta;
códigos substituindo pensamentos;
a neblina nos olhos; as palavras esmagadas.
Não. É preciso que amanheça.
Que se ouçam os cantos líricos
dos pássaros.
Os cantos nítidos daa vida.
A voz dos homens rompendo o silêncio de chumbo.
É preciso que amanheça.
Que música contida
irrompa caudalosa,
como um rio que deixa o leito
a procura do mar.
Fonte: Prêmio Lila Ripoll de Poesia, 2009
Coletânea de Poesias
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
Organizadores: Anália Sanches Dorneles e Neuza Silva Soares
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