Orgulho!

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terça-feira, 3 de abril de 2012

TITANIC - IV PARTE

Imagem: Maritime Quest

-Hui! Brr! Que frio! - Naquele arrojo fizera eu conta, certamente, com muitos perigos, menos o de morrer gelado! Tão crua impressão me tomou ao chimpar na água gélida, que me dei por perdido de todo e para logo: pois tinha que esperar assim longas horas, talvez a noite inteira, e quem era o esquimó que resistisse a tal banho na fusão glacial que rodeava a montanha do regelo?
E todavia comecei de nadar. Muito embora convencido de que era por demais querer lutar, e que bastavam poucos quartos de hora para fenecer a puro frio, o instinto da vida triunfava e eu andava nadando com toda a fúria.
Era um nadar como o relutar e debater-se contra uma pressão que se pressente mortal.
- Para onde se vai por aí? Bradou-me um companheiro de desgraça de quem me avizinhei.
A falar verdade, eu nem pensara nisso, nadando como um bruto, sem ideia nenhuma.
E agora, ocorria-nos motivo, um só que fosse, de esperança? Bem, se enxergavam, em distância de alguns centos de braços, os dois escaleres derradeiros, cujos faróis baloiçavam sinistramente por sobre as ondas: iam, porém, carregados a tal ponto que a espaços se viam os clarões vermelhos dos revólveres fender o escuro, prova decisiva de não admitirem mais folego vivo, pois assim repeliam à viva força as tentativas de lá entrar; e de mais a mais, que nadador poderia alcançá-los, indo eles de voga arrancada para escapar ao redemoinho que logo havia de causar o Titanic, em se afundando?
E depois ... e depois ... senti que se ia ponto hirto o corpo todo, cada vez mais enregelado. Em derredor, os olhos turvos ainda lobrigaram indistintamente desgraçados nadadores que por fim arrancavam um grito de pavor, bracejavam um instante e sumiam-se!
Entrei numa espécie de tresvario; vendo com as pupilas dilatadas pelo pasmo cenas terríveis, que perpassavam como fitas dum cinema infernal.

Continua ...

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