Era uma vez, uma praça situada no coração de uma urbe chamada Cachoeira do Sul, a 5ª mais antiga cidade do Rio Grande do Sul. No final da década de 1920 por iniciativa do Vice-Intendente da época, João Neves da Fontoura, a antiga praça passou por uma minuciosa reforma deixando-a com ares europeus devido aos detalhes neoclássicos que foram nela inseridos com uma certa abundância.





Mas um dia algumas pessoas malvadas implicaram com a beleza serena do lugar e ...

deram início a uma longa, inexplicável e infindável sequência de desmanches,reformas e alterações de gosto muito duvidoso valendo-se de um vocábulo muito usado nestas ocasiões - REVITALIZAÇÃO (de X, Y ou Z). Então começaram a acontecer umas coisas feias mais ou menos assim:



deram início a uma longa, inexplicável e infindável sequência de desmanches,reformas e alterações de gosto muito duvidoso valendo-se de um vocábulo muito usado nestas ocasiões - REVITALIZAÇÃO (de X, Y ou Z). Então começaram a acontecer umas coisas feias mais ou menos assim:


Imagens superior e inferior: Gestão Acido Witeck
E então, cruzando pelo local nas idas/vindas ao/do meu emprego
não pude deixar de notar que ela está bem, mas bem mudada ...
é uma cicatriz dos pilares que sustentavam a balaustrada, retirada no governo Honorato de Souza Santos [1969-1972] ou talvez da base dos belos potes que hoje estão no Museu Municipal
Imagens: Museu Muncipal, acervo pessoal, Claiton Nazar, João Carlos Mór, Osvaldo Cabral de Castro, Ana Lúcia Torres
No fim-de-semana farei um pequeno relato, dando nome a alguns bois, que foram os responsáveis pelo esquartejamento deste outrora encantador local.
CACHOEIRA DO SUL, O QUINTO MUNICÍPIO
Cachoeira do Sul é o quinto mais antigo município de Rio Grande do Sul. Antes dele, toda a Capitania de São Pedro possuía apenas os municípios de Porto Alegre, Rio Grande, Santo Antônio da Patrulha e Rio Pardo - naquele tempo, chamados de vilas. Pelo alvará de 26 de abril de 1819, assinado pelo rei D. João VI, surgia a Vila Nova de São João da Cachoeira, cujo território ficava desmembrado de Rio Pardo e tinha como principais povoações Alegrete, Bagé, Caçapava, Dom Pedrito, São Vicente, São Gabriel, Lavras, Quaraí, Rosário, Santa Maria e Santana do Livramento.
A criação de uma vila na Freguesia de Cachoeira atendia aos pedidos dos moradores da localidade. Eles alegavam sofrer incômodos e prejuízos porque, repetidas vezes, precisavam se deslocar até Rio Pardo, deixando por muito tempo desamparadas suas casas e atividades.
Muito antes da emancipação acontecer, Cachoeira já era um importante núcleo no território do Rio Grande do Sul. Assim como na Cidade Histórica, foram soldados paulistas e portugueses, ao lado de índios missioneiros, que começaram a sua povoação. A eles se juntaram, em seguida, casais açorianos que se estabeleceram em pequenas propriedades, e estancieiros que se instalaram às margens do Rio Jacuí.
Fonte: Uma luz para a história do Rio Grande, Rio Pardo - 200 anos - Cultura, arte e memória, de Olgário Paulo Vogt e Maria Rosilane Zoch Romero (organizadores), 2010. Editora Gazeta Santa Cruz Ltda.
LINHA DO TEMPO
1830 - Trabalhos de demarcação da Praça do Pelourinho (Ata de 1.2.1830)
1848 - O local escolhido foi vistoriado e deliberou-se a largura e o comprimento. A mesma ata do dia 15.5 relata o envio da planta ao Juiz Municipal da Vila e a determinação para que se levantassem os respectivos marcos de pedra
1850 - Primeira representação de mapeameanto da Praça do Pelourinho, confeccionada pelo engenheiro da comarca, Martinho Buff.
1858 - Se nome é modificado para Praça Ponche Verde. Mais adiante ficou conhecida como Praça do Mercado
1902 - O Intendente Municipal Cel. David Soares de Barcellos promoveu o embelezamento da praça com ornamentação em forma de alamedas
1910 - Instalação de um ponto de carros de aluguel, construção de um coreto sobre o qual funcionava desde 1916, um restaurante denominado Gruta Azul.
Nela localizaram-se os primeiros cinemas (Cinema Parque, Coliseu Cachoeirense).
Havia apresentações de bandas (União dos Artistas e Estrela Cachoeirense). O engenheiro da Intendência Hans von Hof ajardinou os lados sul e leste com canteiros de flores e arbustos.
1911 - Instalação do Posto Meteorológico
De 1912 a 1917 - transferido para junto o coreto, o quiosque que abrigou o Bar Cachoeirense. Instalado pela Intendência de uma bomba movida por catavento no poço existente no centro do Mercado Público com o intuito de irrigar os canteiros. Construção de um carrossel americano e um centro de diversões no terreno onde funcionou o Cinema Popular. Construção do Chalé Avenida, destinado à venda de bebidas, frutas e comestíveis
1913 - Construção do Banco da Província
1916 - Construção do Bar e Restaurante Ponto Chic que instala-se no Chalé Avenida
1917 - O Chalé é demolido e o Ponto Chic é transferido de lugar
De 1925 a 1928 - Na gestão de João Neves da Fontoura, Intendente nomeado pelo Presidente Borges de Medeiros, estadista e visionário, aliado de Borges e de Getúlio Vargas, Cachoeira teve surto de crescimento (Vogt & Romero, 2010).
Na praça foram derrubadas as paineiras, inaugurados seis postes "Nova Lux", construída a balaustrada ao longo da praça e foram colocados vasos e bancos de cimento armado. O passeio em frente ao Coliseu Cachoeirense foi revestido por mosaicos, foram construídos o rinque de patinação e a pérgola
1928 - Colocação do relógio
1940 - Remodelados os jardins da praça. Nas imediações do Coliseu Cachoeirense foi construído um pequeno parque infantil
1957 - Demolição do Mercado Público na gestão de Arnoldo Paulo Fürstenau
1968 - No lugar do Mercado Público foi construída e é inaugurada a Fonte das Águas Dançantes, ainda no governo Fürstenau
De 1969 a 1973 - Cachoeira sob o comando de Honorato de Souza Santos retira as muradas (balaustradas), os bancos, as floreiras, os postes de luz e o relógio público.
Se é lenda urbana, eu não sei, porém "dizem" que alunas do Curso de Artes sentaram-se na balaustrada para tentar sensibilizar as autoridades e evitar a demolição do lindo detalhe da praça, (RES).
Entre 1989 e 1993 - No governo de Acido Witeck a praça SOFRE a última grande reforma, conforme atesta a imagem da cabeça do blog e as duas primeiras imagens coloridas de obras
2011 - É iniciada nova reforma para "revitalização" do espaço (decadente) pelo prefeito Sérgio Ghignatti, atualmente paralisada
TÚNEL VERDE
exemplo/exceção de sobrevivência
exemplo/exceção de sobrevivência
Fontes: "Cachoeira do Sul em busca de sua história", de Ângela Schumacher Schuh e Ione Maria Sanmartin Carlos e "Uma luz para a história do Rio Grande, Rio Pardo - 200 anos - Cultura, arte e memória", de Olgário Paulo Vogt e Maria Rosilane Zoch Romero
Olha... até concordo que a praça já teve dias melhores, mas acredito que após a conclusão destas últimas obras ela ficará muito boa para o lazer da população da cidade.
ResponderExcluirConsidero muito infeliz a referência que a senhora fez a rampa da pista de skate, a final de contas o skate é um esporte. Incentivar o esporte é melhorar os caminhos da juventude que frequentam aquele ambiente. E isso sim é uma forma nobre de tratar os jovens lhe cedendo um espaço público para a pratica do skate.
Deus te ouça, Roger, Deus te ouça ...
ResponderExcluirAinda tenho na lembrança de criança, os postes, com aquelas luzes amarelas, e os bancos antigos. No fundo da memória, imagens de uma praça bonita, das pessoas sentadas, apreciando os que passavam sem tempo para uma conversa, mas sempre com a educação e gentileza de um cumprimento, como os cavalheiros que tiravam o chapéu, e curvavam-se com um sorriso. E então, vieram os homens de educação, cultura, e gosto esquisito, e destruíram praticamente tudo que de belo havia. Seria demais, enumerar tudo que aniquilaram, basta lembrar, além da praça, da estação ferroviária. Importante a divulgação das fotos, e dos fatos, para essa geração, que nem lembranças têm.
ResponderExcluirAnilda, a pergunta que me faço seguidamente: por quê? Por que outros municípios não o fizeram?
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